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ES tem 14.428 beneficiários suspeitos no Bolsa Família, diz MPF.

Municípios terão que fazer um pente-fino no cadastro de beneficiários.

Em 12/11/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Uma investigação do Ministério Público Federal encontrou no Espírito Santo 14.428 pessoas suspeitas de receber indevidamente o auxílio Bolsa Família. Por causa disso, os 78 municípios do estado serão obrigados a fazer um pente-fino no cadastro de beneficiários.

As informações foram divulgadas na quinta-feira (10), pela Procuradoria-Geral da República, em um site criado especificamente para permitir a população consultar os dados da apuração.

Dos municípios capixabas, Serra é o que apresenta o maior número de segurados com inconsistências em seus cadastros. Foram identificados 2.096 casos com aparência de fraude. Depois, aparecem Vila Velha, com 1.508 registros; Cariacica, com 1.333; e Vitória, com 1.228 bolsistas entre os perfis com divergências.

Apesar de o programa contar com recurso federal, é obrigação dos municípios incluírem as famílias de baixa renda no Cadastro Único. São necessárias análises socioeconômicas e mesmo visitas a casas das famílias na tentativa de comprovar a veracidade dos dados fornecidos pelos candidatos.

No estado, a Prefeitura da Serra já começou a revisar a lista de beneficiários. Em nota, o município disse que o recadastramento é feito rotineiramente, mas que o trabalho foi intensificado em maio. “As famílias em que foram constatadas irregularidades já estão com o benefício bloqueado”.

A Prefeitura de Vila Velha iniciou também um trabalho de fiscalização. Os Centros de Referência e Assistência Social (Cras) estão atendendo a cerca de 300 famílias por mês para recadastrá-las. O município recebeu uma lista de beneficiários suspeitos de fraude e está enviando assistentes sociais para realizar visitas no local de moradia para averiguar se há mesmo irregularidades.

Vitória, que apresentou o quarto maior percentual de recursos pagos indevidamente (6,2%) entre as capitais no país (R$ 4,2 milhões), por meio de nota também informou que tem feito um trabalho para erradicar as fraudes depois de ter sido notificada pelo MPF.

Raio-X
O projeto Raio-X Bolsa-Família, do MPF, encontrou pagamentos no valor total de R$ 46.360.181, realizados entre 2013 e maio de 2016, com indícios de irregularidades.

No país, foram pagos R$ 3,3 bilhões a 870 mil beneficiários que não atendiam ao perfil do programa. O MPF orientou 4.703 prefeituras a realizarem visitas aos beneficiários para comprovar se todos estão enquadrados nas regras do programa.

Os estados e o Distrito Federal foram classificados de acordo com o percentual de recursos pagos a perfis suspeitos, considerando o valor total recebido por aquela unidade. O estado com maior incidência porcentual de perfis suspeitos foi Roraima, com 8,89% de recursos do programa pagos. O Espírito Santo está na 10º colocação no ranking de benefícios suspeitos.

Mortos, servidores e empresários estão na lista
O Raio-X Bolsa-Família, encontrou, a partir de cruzamento de dados, grupos de beneficiários com indicativos de renda incompatíveis com o perfil de pobreza ou extrema pobreza exigido pelas normas do programa.

A investigação encontrou no Espírito Santo 10.196 empresários, 3.971 servidores públicos, 110 mortos, 123 doadores de campanha e 28 servidores públicos doadores de campanha entre os inscritos no Bolsa-Família.

Somente no município da Serra, dos 2.096 suspeitos, 1.734 são empresários ou integram o mesmo grupo familiar de pessoas com CNPJ, segundo o método de investigação do MPF.

Fonte: g1-ES