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Estação da Luz ganhará cobertura provisória após incêndio em museu.

Obras de estabilização de prédio histórico começaram nesta terça-feira (8).

Em 08/03/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Começou nesta terça-feira (8) a segunda etapa de obras do prédio histórico da Estação da Luz e do Museu da Língua Portuguesa, no Centro de São Paulo, atingidos por um incêndio em dezembro do ano passado. Os trabalhos vão se concentrar na estabilização do edifício e preparação do conjunto arquitetônico para o processo de restauração e reconstrução, que ainda estão em elaboração.

Nesta fase, que deve durar 10 semanas, as lajes expostas serão impermeabilizadas, sistemas de drenagem serão instalados e uma sobrecobertura provisória será construída, para evitar a infiltração de água da chuva. A obra vai custar R$ 1,8 milhão, valor coberto pelo seguro do Museu.

A intervenção já foi aprovada pelos três órgãos do patrimônio histórico - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A autorização é necessária porque a Estação da Luz é tombada nas três esferas.

Quando os trabalhos forem concluídos, serão liberadas as entradas principais da Estação da Luz para circulação de passageiros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e do Metrô, que estão interditadas pela Defesa Civil.

Desde o incêndio, os acessos estão liberados apenas pelas entradas da Rua Casper Líbero e em frente à Pinacoteca. Cerca de 400 mil pessoas usam diariamente as linhas de trem e metrô que passam pela Luz.

A Secretaria estadual da Cultura tem dois laudos sobre o incêndio na ala leste do prédio, no segundo e terceiro andar, além dos danos causados ao fogo. Um documento foi elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e outro por uma empresa de engenharia. O segundo laudo é mais aprofundado e reiterou que não há necessidade de demolição da estação.

Projeto do 'novo' museu
A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa manterá a versão do projeto original do espaço. O G1 apurou que a ideia é manter a estrutura do museu antes do fogo, e fazer apenas a atualização do acervo e aprimoramento de medidas antichamas que já tinham sido implantadas há 10 anos, quando o museu foi inaugurado. A exposição multimídia original está totalmente preservada em um servidor e não foi afetada por causa do incêndio.

"Foi decidido que o museu, enquanto projeto museológico, foi um sucesso, reconhecido. Por isso, a continuidade dele era fundamental", explicou a coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria de Estado da Cultura, Renata Vieira da Motta.

A elaboração do projeto do "novo" Museu da Língua Portuguesa depende da aprovação do restauro de parte da Estação da Luz, que é tombada por órgãos municipal, estadual e federal. Entre as atualizações também está a criação de uma ala destinada ao incêndio e à memória ao bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz, que morreu no combate ao fogo.

A homenagem ao bombeiro é uma alternativa proposta pela Secretaria da Cultura em resposta ao projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para incluir o nome do brigadista ao do museu. "A secretaria vê que a alteração do nome não é adequada", disse Renata Motta.

Segundo a coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, o espaço é nacional e internacionalmente conhecido como Museu da Língua Portuguesa e a nomenclatura já é um indicativo do que ele oferece ao público. Caso contrário, poderia gerar confusão aos visitantes.

Inaugurado em março de 2006, o projeto de autoria de Pedro Mendes da Rocha e Paulo Mendes da Rocha ocupava área de 4,3 mil metros quadrados, com instalações distribuídas em três andares da Estação da Luz. Na época da construção, o projeto foi avaliado em R$ 37 milhões para financiar a criação, pesquisa, implantação e restauro do prédio, construído no século 19.

Convênio
Um mês após o incêndio, o governo de São Paulo assinou um convênio com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo, e com a ID Brasil, organização social gestora do museu, para a reconstrução do espaço e o restauro de estação. As obras serão executadas pela Fundação Roberto Marinho, com verba da indenização do seguro. O prédio tinha  apólice contra incêndios no valor de R$ 45 milhões, mas a dinheiro ainda não foi liberado.

Somente após a elaboração do projeto de restauro da estação e de reconstrução do museu é que será possível calcular o custo total da obra. Caso o valor ultrapasse os R$ 45 milhões do seguro, o que é previsto pela Secretaria da Cultura, será preciso captar recursos de outros parceiros e patrocinadores interessados na reconstrução.

Restauro de prédio histórico
O Museu da Língua Portuguesa está instalado em parte da Estação da Luz. O prédio é tombado por órgãos municipal, estadual e federal. A restauração do prédio histórico depende de aprovação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Conpresp), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O projeto ainda está em elaboração pela Fundação Roberto Marinho, segundo Renata Motta. Até o momento, a Secretaria estadual da Cultura não deu prazo para a conclusão da restauração da estação e reconstrução do museu. "Estamos em uma etapa de restruturação da recuperação do museu, mas os trabalhos estão no ritmo adequado. Nos próximos meses já haverá um cenário de prazos", explicou a coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria de Estado da Cultura.

A Secretaria da Cultura e a gestão do Museu da Língua Portuguesa garantem que o espaço cumpria todas as normas de segurança e combate a chamas desde sua inauguração. Mas, como o espaço será reconstruído, o novo projeto também vai aprimorar estruturas relacionadas à possibilidade de incêndio, como compartimentação de ambientes para confinar o fogo, uso de materiais construtivos com baixa combustibilidade e tratamento com produtos anti-chamas.

Câmera registrou fogo

No dia 21 de dezembro do ano passado, um incêndio destruiu o prédio que abriga o museu. Uma câmera de segurança registrou o começo do incêndio. O vídeo (veja abaixo) mostra a movimentação de funcionários desde cedo no museu. No início da tarde, dois deles passam com uma escada e checam a iluminação. Às 13h42, a equipe leva a escada para o corredor e para num ponto distante da câmera, mas é possível ver que um dos funcionários sobe na escada.

Neste ponto, estavam penduradas várias redes de dormir, um dos temas de estudo do historiador Câmara Cascudo. Acima delas, havia refletores. As imagens das câmeras confirmam o que os funcionários do museu disseram à polícia: que o incêndio teria começado com a troca da iluminação. A suspeita é que uma fagulha, causada por um curto-circuito ou o estouro de uma lâmpada, tenha caído nas redes.

Pouco depois das 14h, os funcionários fazem testes com os refletores. Às 14h52, começa o incêndio no corredor. Vários pedaços em chamas vão caindo do teto. Tudo indica que são as redes pegando fogo. Um minuto depois, o incêndio já toma conta do corredor.

Em seguida, chega o bombeiro civil Ronaldo Ferreira da Cruz. Ele morreu tentando combater o fogo. O incêndio se espalha rapidamente e há muita fumaça. O calor afeta a câmera, que fica com a imagem em preto e branco até parar de gravar.

Fonte:G1