POLÍTICA INTERNACIONAL

EUA enfrentam nova paralisação administrativa

Senado aprovou orçamento, mas a Câmara ainda precisa votar a matéria.

Em 09/02/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O governo americano enfrenta, nesta sexta-feira (9), o segundo "apagão administrativo" em menos de um mês.

A paralisação tecnicamente começou à meia-noite, quando expirou o projeto de curto prazo aprovado em 22 de janeiro e que deu fim ao primeiro "shutdown" enfrentado por Donald Trump em 2018.

Embora o Senado americano tenha aprovado um acordo orçamentário, incluindo um projeto de lei de financiamento provisório para o governo na manhã desta sexta, foi tarde demais para evitar a paralisação federal que já estava em curso, em um constrangedor revés para o Congresso controlado por republicanos.

Desde a madrugada de sexta, a Câmara discute o assunto e, se der o sinal verde, encerra a paralisação e normaliza as atividades do governo. A aprovação, apresar de garantias oferecidas por líderes republicanos da Câmara, ainda é incerta. No Senado, o pacote foi aprovado por 71 contra 28 votos.

O apagão pode provocar o fechamento de escritórios públicos, porém, serviços vitais como a polícia, agentes aduaneiros e o banco central seguem funcionando.

O Escritório de Gestão de Pessoal dos EUA orientou milhões de funcionários federais, logo depois da meia-noite, a checarem com suas agências se deveriam comparecer ao trabalho nesta sexta-feira - estima-se que a medida possa afetar 850 mil trabalhadores.

Acordo

Na tarde de quarta-feira (7), o líder republicano no Senado, Mitch McConnell (Kentucky), e o líder democrata, Chuck Schumer (Nova York), divulgaram um acordo que estende o financiamento ao governo por mais dois anos e amplia os gastos governamentais em quase US$ 300 bilhões nesse período. O orçamento militar cresceria US$ 165 bilhões nesses dois anos, enquanto a receita de outros programas domésticos teria expansão de US$ 131 bilhões.

No entanto, a proposta sofreu forte oposição do senador republicano Rand Paul (Kentucky). Ele se posicionou de forma contrária à medida e fez um discurso de mais de duas horas no plenário do Senado, protestando contra o acordo alegando que o déficit dos EUA aumentaria em centenas de bilhões de dólares.

Paul disse saber que seu protesto contra o projeto irá falhar no Senado, mas ressaltou ser importante frisar que o acordo pode aumentar o déficit federal em até US$ 1 trilhão.

Exigências

Os republicanos, que dominam o Senado e a Câmara, querem um orçamento para 2018 que aumente o gasto militar, uma promessa de campanha de Trump, que considera que as forças armadas têm equipamentos insuficientes após mais de 16 anos de guerra ininterrupta.

Para um novo acordo temporário ou permanente, a oposição democrata exige em troca de seu voto uma solução para os "dreamers", jovens que entraram no país ilegalmente quando eram crianças.

Eles correram risco de deportação após Trump revogar, em setembro do ano passado, o programa Daca, da era Obama, que lhes garantia residência temporária. Na semana passada, a Justiça suspendeu a decisão de revogar o programa, porém o futuro desses jovens segue indefinido.

(Foto: Jon Elswick/AP Photo)