ECONOMIA INTERNACIONAL

Falta de confiança prejudica negociações entre Grécia e Eurozona.

Ministros das Finanças da zona do euro se reúnem em caráter de urgência este sábado.

Em 11/07/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A "falta de confiança" é o principal obstáculo nas negociações com o governo grego, afirmaram vários ministros das Finanças da zona do euro, reunidos em Bruxelas para examinar um novo pedido de resgate financeiro da Grécia e evitar sua saída da zona do euro.

"Há um grave problema de confiança. Podemos confiar no governo grego para que faça o que prometeu nas próximas semanas, meses e anos?", questionou Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças da Holanda.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, principal partidário da linha dura com Atenas, prevê negociações "extremamente difíceis" e afirmou que "definitivamente não podemos confiar nas promessas" da Grécia.

Os ministros das Finanças da zona do euro se reúnem em caráter de urgência este sábado (11) em Bruxelas para decidir se aprovam a oferta da Grécia em troca de um novo resgate.

Dijsselbloem considerou que as reformas e ajustes da proposta de Atenas "não são suficientes", apesar do aval positivo das instituições credoras - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - e do apoio do Parlamento grego.

"Vários governos, entre eles o meu, têm sérias dúvidas sobre o compromisso do governo grego e sobre sua capacidade para implementar as reformas", muito similares às que foram rejeitadas há menos de uma semana em um referendo na Grécia", disse o secretário de Estado de Finanças da Holanda, Eric Wiebes.

A Grécia propôs na quinta-feira um plano de reformas e ajustes fiscais para convencer os sócios da zona do euro a concederem um terceiro programa de resgate de entre três e quatro anos.

Mesmo com um acordo no fim de semana, o plano de resgate precisa da aprovação de pelo menos oito Parlamentos nacionais, incluindo o Bundestag alemão, que deverá votar duas vezes (uma para dar mandato ao governo alemão para negociar e outra para aprovar o acordo final).

O ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan, considerou que o objetivo deste sábado "não é obter um acordo esta noite", e sim "iniciar as negociações com a Grécia".

A zona do euro examina neste sábado se aceita as últimas propostas de reformas do governo da Grécia, que provocaram novas esperanças de um acordo com os credores, que evitaria o cenário de 'Grexit', a saída de Atenas do bloco monetário.

"Estamos aqui para fazer muitos progressos com a Grécia", afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, ao desembarcar em Bruxelas para uma reunião do Eurogrupo.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, afirmou que a chave é a implementação rápida de reformas pela Grécia.

"São necessárias reformas rápidas, esta é a chave de tudo. As reformas são a chave para desbloquear um programa, para abordar o tema da dívida", declarou Moscovici.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro Alexis Tsipras obteve o aval do Parlamento grego a seus plano de reformas e ajustes para obter um terceiro resgate financeiro de três ou quatro anos, por um valor calculado entre 74 e 82 bilhões de euros.

As instituições credoras receberam de maneira favorável o documento de 13 páginas com o título "Ações Prioritárias e Compromissos".

No documento, o governo de Atenas propõe a redução de pensões, o aumento do IVA, novas privatizações e impostos às empresas.

As propostas são muito similares às que os credores estavam dispostos a aceitar há algumas semanas, antes do fim, em 30 de junho, do segundo plano de resgate ao país. Mas 61% dos gregos votaram 'Não' em um referendo na semana passada, convocado por Tsipras.

Segundo uma fonte europeia, as possibilidades de alcançar um acordo são de "50/50".

Para a Grécia não será fácil vencer as resistências de alguns Estados europeus, em particular a Alemanha e os países bálticos, que não observam razões para aprovar um terceiro resgate de três anos "com as condições para um de cinco meses", afirmou a mesma fonte.

A Grécia já se beneficiou de dois planos de resgate em 2010 e 2012, com empréstimos que alcançaram o total de 240 bilhões de euros.

Após o Eurogrupo deste sábado, os chefes de Estado e de Governo dos 28 membros da União Europeia se reunirão no domingo em um encontro extraordinário de "última oportunidade" para, na melhor das hipóteses, avalizar um acordo.

Em Atenas, Tsipras conseguiu o apoio de 251 deputados (de um total de 300) a seu pacote de reformas.

Mas nas ruas do país a situação permanece igual a das últimas duas semanas, quando o governo impôs o controle de capitais que limita a 60 euros diários os saques nos caixas eletrônicos.

Os bancos gregos devem permanecer fechados até segunda-feira, mas o vice-ministro das Finanças, Dimistris Mardas, deu a entender na sexta-feira que o prazo pode ser ampliado.

O primeiro-ministro pediu na sexta-feira autorização aos deputados para negociar seu plano em Bruxelas para "manter o povo com vida". Tspiras admitiu alguns "erros" e que o plano estava "muito afastado" das promessa do partido Syriza, mas que é o melhor possível.

"Sem recuo", afirma neste sábado o jornal grego Avgi, ligado ao Syriza, partido de Tsipras, enquanto o jornal de direita Eleftheros Typos pede "que a Grécia seja salva".

Tsipras espera que um acordo com os credores permita o retorno às negociações da questão de uma redução ou reestruturação da gigantesca dívida do país, que alcança 180% do PIB, quase 320 bilhões de euros.

AFP