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Familiares protestam após mortes em cadeia improvisada em Manaus.

Quatro morreram durante rebelião na Cadeia Vidal Pessoa, em Manaus.

Em 08/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Familiares de detentos abrigados na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, fizeram uma manifestação, neste domingo (8), em frente à unidade prisional. O local foi palco de uma rebelião durante a madrugada, que deixou quatro mortos.

O tumulto de famílias iniciou por volta de 8h. Dezenas aguardavam em frente ao presídio em busca de informações sobre os presos e a situação dentro da cadeia após a rebelião.

Revoltados com a falta de informação, os manifestantes bloquearam a Avenida Sete de Setembro, onde o presídio fica localizado. Agentes de trânsito interditaram ruas no entorno da cadeia por segurança.

O Batalhão de Choque está no local para conter a movimentação. Em um momento do tumulto, os policiais usaram spray de pimenta para dispersar o grupo.

O grupo fez ainda uma roda de oração enquanto aguardava por informações de parentes presos na cadeia pública. "A gente não teve notícias de quem estava aqui, nem de quem tinha morrido. Aqui não tem segurança. Esse prédio é velho, essa situação é horrível. Não sabemos ainda quem morreu hoje", disse uma mulher, que não quis ser identificada.

Por volta de 14h, familiares fizeram uma nova manifestação após gritos serem ouvidos de dentro da cadeia. Familiares temem tortura de presos. Uma mulher chegou a desmaiar por conta do clima tenso em frente ao presídio.

"A gente está desde 4h aqui e não dão informações. Eles mandam a gente ir pra casa que é para torturar os presos. Eu ouvi um preso gritar por socorro", disse a esposa de um interno, que não quis ser identificada.

"[Na segunda-feira, 9] vamos para o fórum. Estão dizendo que vão liberar os provisórios... Soube pela internet. Estou desde 7h (aqui na frente) e até agora nada", disse um homem que não quis ser identificado. O irmão dele estava no Compaj e foi transferido para Vidal Pessoa.

Rebelião

A movimentação dos detentos na Vidal Pessoa começou neste domingo (8)  por volta das 3h do horário local (5h de Brasília). Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) para identificação. A Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros estão no local.

Tumulto na sexta-feira

A penitenciária recebeu detentos transferidos após o massacre em presídios que resultou na morte de 60 pessoas. De acordo com a Polícia Militar, os presos reclamam da estrutura do lugar, que abriga mais de 200 pessoas na capela e na enfermaria da unidade prisional. Houve tumulto no local na tarde desta sexta-feira (6).

Estrutura deteriorada
O número de presos transferidos para a cadeia pública chegou a 284. O local foi desativado em outubro de 2016 por recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e foi alvo de críticas do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).

A Cadeia Vidal Pessoa foi reaberta na segunda-feira (2) para a acomodação de presos ameaçados de morte pela facção criminosa Família do Norte (FDN), apontada como responsável pelas 56 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na semana passada. A medida foi adotada de modo emergencial para "preservar vidas", segundo fontes.

Devido ao abandono do prédio, o local está com estrutura deteriorada, incluindo as celas, que contêm restos de obras e entulho. O procurador geral do MP, Pedro Bezerra, fez uma visita ao local na quarta-feira (4). Segundo ele, os presos "estão muito amontoados porque as outras partes [da cadeia] não estavam em condições de recebê-los".

Fonte: g1-AM