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Governo do RJ oferece espaço a exposição após veto de Crivella

Escola de Artes está aberta para receber a mostra, segundo secretário André Lazaroni.

Em 04/10/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A escola de Artes Visuais do Parque Lage, na Zona Sul do Rio, quer receber a exposição "Queermuseu", segundo o secretário estadual de Cultura, André Lazaroni. Nesta terça (3), o Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio (Conmar) cancelou as negociações para trazer à cidade a exposição, após veto da Prefeitura do Rio.

“Nós colocamos o equipamento do estado à disposição, que é a escola de Artes Visuais, o Parque Lage. Não há liberdade sem arte, essa é a nossa visão. Não temos dinheiro para trazer a exposição, mas o equipamento está à disposição”, afirmou o secretário na manhã desta quarta-feira (4), destacando que é necessário fazer a indicação de classificação etária e que os pais tenham autonomia para escolher o que os filhos vão assistir.

Ainda segundo o secretário, não é competência do estado definir se a população pode ou não assistir à mostra. “A arte deve ser livre, a arte deve se comunicar, a arte ela liberta e a liberdade vem através da arte. Mas entendemos também que precisamos de uma classificação etária e os pais que entenderem que seus filhos têm condições de assistir à exposição, aí é uma questão dos pais. O estado não tem que tutelar o cidadão. As pessoas têm que parar com esse radicalismo”, garantiu o secretário.

No fim de semana, o prefeito Marcelo Crivella divulgou um vídeo nas redes sociais criticando a possibilidade de as obras serem exibidas na cidade. Nesta quarta-feira (4), o prefeito alegou que o veto à exposição não é censura.

“Não fui eu, o povo do Rio de Janeiro, majoritariamente, não quer a exposição no Rio. Não queriam em São Paulo, não quiseram em Porto Alegre e aqui também não. É o povo do Rio, eu sou apenas uma expressão desse povo do Rio. E não é censura prévia, não. As pessoas viram na internet toda questão de zoofilia, pedofilia, ninguém quer saber disso”, garantiu.

Sobre a afirmação do prefeito, o secretário afirma que trata-se se um “equívoco”. “É um entendimento pessoal do prefeito e na minha visão é um equívoco. Eu considero um equívoco. Acho que vetar uma exposição não soluciona. E taxá-la como uma exposição de zoofilia, de pedofilia, só radicaliza. Considero um equívoco do prefeito”, disse Larazoni.

O jurista Gustavo Binenbojm criticou a decisão da Prefeitura do Rio de vetar a vinda da mostra “Queermuseu, cartografias da diferença na arte brasileira”, sobre diversidade sexual. O Museu de Arte do Rio (MAR) cancelou na terça-feira (3) as negociações da compra da exposição, que foi fechada em um centro cultural do Rio Grande do Sul após protestos.

Embora a política cultural dos museus municipais deva ser formulada por critérios da própria prefeitura, o que parece haver no caso é a interferência de valores religiosos e de um julgamento moral feito pelo prefeito a respeito dessa específica exposição”, contou o jurista.

A artista plástica Pietrina Checcacci, premiada no mundo inteiro, gravou um depoimento sobre a polêmica em torno da exposição "Queermuseu".

“Liberdade de expressão para os artistas é essencial. Isso sempre teve. Na Renascença, Michelangelo pintou nus na Capela Sistina. A moda depois exigiu que os nus fossem cobertos e depois foram descobertos de novo. E nus em exposições aparecem inúmeras vezes. Não se fala de pornografia ou de agressões às pessoas. Entretanto, tem que ser colocado no museu e antes para a pessoa saber o que está sendo mostrado”, destacou Pietrina.

O jurista Gustavo Binenbojm criticou a decisão da Prefeitura do Rio de impedir a compra da mostra “Queermuseu, cartografias da diferença na arte brasileira”, sobre diversidade sexual. O Museu de Arte do Rio (MAR) cancelou na terça-feira (3) as negociações da compra da exposição, que foi fechada em um centro cultural do Rio Grande do Sul após protestos.

A decisão do MAR foi tomada depois que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, gravou um vídeo, divulgado nas redes sociais, repudiando a mostra.

“É por isso que, aqui no Rio, a gente não quer essa exposição. Saiu no jornal que ia ser no MAR. Só se for no fundo do mar. Porque no Museu de Arte do Rio não”, disse Crivella, no vídeo publicado no último domingo (1º).

De acordo com o jurista, valores pessoais interferiram na decisão do prefeito do Rio.

Nesta quarta, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) publicou no Diário Oficial do Poder Legislativo uma "moção de repúdio de indignação" à exposição. O documento ressalta que a exposição "utilizou verbas públicas para ferir a legislação vigente e agredir a formação moral, bons costumes e valores familiares da população fluminense", estende as críticas ao curador da mostra, Gaudêncio Fidelis, e critica a falta de classificação etária, que "constrange famílias sem aviso prévio".

(Foto: RBS/Reprodução)