ECONOMIA CAPIXABA

Greve faz 1 semana e ES tem 65% das agências bancárias fechadas

Paralisação começou na última terça-feira (6) em quase todo o país.

Em 13/09/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A greve dos bancários do Espírito Santo chegou ao 8º dia nesta terça-feira (13) e a última informação do Sindicato dos Bancários do estado (Sindibancários-ES) é de que 326 agências estão fechadas. O número representa 65% do total.

O estado tem 498 agências registradas na Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e o órgão disse que não tem o balanço das agências atingidas pela paralisação.

A Fenaban propôs, na última terça-feira (9), um novo reajuste de 7% aos bancários, PLR e auxílios refeição, alimentação, creche, mais abono de R$ 3,3 mil, em reunião realizada em São Paulo.

A proposta foi rejeitada ainda na mesa de negociação e a greve iniciada no dia 1º de setembro continua por tempo indeterminado, segundo o sindicato.

A Grande Vitória concentra a maior adesão, com 180 agências paradas, sendo 38 da Caixa, 53 do Banestes, 40 do Banco do Brasil, 14 do Santander, 14 do Bradesco, 15 do Itaú, cinco HSBC e uma do Safra.

Também estão fechados três departamentos da Caixa, além do prédio do Bandes, CPD do Banestes e Pio XII do Banco do Brasil.

No interior do estado, são 146 agências fechadas: 41 da Caixa, 36 do Banestes, 55 do Banco do Brasil, 11 de bancos privados e três do BNB.

Nova proposta
A Fenaban disse, em nota, que "o modelo de aumento composto por abono e reajuste sobre o salário é o mais adequado para o atual momento de transição na economia brasileira, de inflação alta para uma inflação mais baixa".

A categoria havia rejeitado a primeira proposta da Fenaban - de reajuste de 6,5% sobre os salários, a PLR e os auxílios refeição, alimentação, creche, e abono de R$ 3 mil. Os sindicatos alegam que a oferta ficou abaixo da inflação projetada em 9,57% para agosto deste ano e representa perdas de 2,8% para o bolso de cada bancário.

Os bancários querem reposição da inflação do período mais 5% de aumento real, valorização do piso salarial - no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$ 3.940,24 em junho) -, PLR de três salários mais R$ 8.317,90, além de outras reivindicações, como melhores condições de trabalho.

Histórico de negociações
Segundo o Sindibancários, depois de quatro rodadas de negociação, a Fenaban se recusou a atender as reivindicações da categoria, apresentando proposta de 6,5% de reajuste para salários, PLR, auxílios refeição, alimentação e creche, mais abono de R$ 3 mil.

A categoria alega que a proposta não contempla as reivindicações de emprego, igualdade de oportunidades, saúde e condições de trabalho, e não repõe a inflação do período, projetada para 9,57% (em agosto). O índice representaria perda de 2,8% nos salários da categoria.

“A proposta da Fenaban significa redução de salários, sem nenhum avanço das cláusulas sociais da minuta. Além disso, a política de abono é um grande retrocesso, pois não é incorporado como benefício, nem refletido nas garantias trabalhistas, como 13º, férias e fundo de garantia”, afirma Idelmar Casagrande, diretor do Sindicato, que representa a Intersindical no Comando Nacional dos Bancários.

Entre as principais reivindicações da Campanha Nacional estão: reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate ao assédio moral, fim da terceirização, fim das demissões, mais contratações, segurança, defesa das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo de Michel Temer.

O coordenador geral do Sindicato, Jonas Freire, ressalta que não há motivos para a negativa dos banqueiros. “Só no primeiro semestre do ano, os cinco maiores bancos que atuam no Brasil (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões. O dado deixa claro que não há crise para os bancos. Esse lucro também é fruto do trabalho dos bancários e bancárias, que precisam ser valorizados”.

Jonas também questiona o número de demissões no setor bancário. “De janeiro a julho, foram cortados 7.897 postos de trabalho bancário. Só no Espírito Santo, foram 147 demissões imotivadas entre janeiro e agosto de 2016. Vivemos um momento de reestruturação produtiva no sistema financeiro que associa o investimento em tecnologias da informação (TI) ao corte de empregados, tudo isso aliado a uma política de metas que pressiona o trabalhador bancário a produzir cada vez mais, sobrecarregando e adoecendo a categoria. O trabalhador é assediado, e os clientes sofrem com o número reduzido de empregados nas agências”, critica.

A greve foi aprovada por unanimidade entre os presentes.

Fenaban
Segundo a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban, o braço sindical dos bancos), a proposta representa um aumento, na remuneração, de 15% para os empregados com salário de R$ 2,7 mil, por exemplo. Para quem ganha R$ 4 mil, o aumento de remuneração será de 12,3%; e, para salários de R$ 5 mil, equivale a 11,1%. O piso salarial para a função de caixa, com o reajuste, passaria a R$ 2.842,96, por jornada de 6 horas/dia.

"É importante ressaltar que as soluções encontradas na mesa de negociação variam conforme a conjuntura econômica e que a proposta apresentada neste ano responde a condições específicas pela qual passa a economia brasileira", diz a entidade.

Caixas eletrônicos
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) lembra que os clientes podem utilizar os caixas eletrônicos para agendamento e pagamento de contas (desde que não vencidas), saques, depósitos, emissão de folhas de cheques, transferências e saques de benefícios sociais.

Alternativas durante a greve dos bancos
Acesso pelo celular
Clientes com assinatura eletrônica podem fazer transações financeiras pelo celular e tablets. É uma forma rápida de pagar contas de água, luz, telefone e cartão de crédito. É possível também transferir valores.

Internet banking
O consumidor pode pagar contas, transferir recursos e tirar extratos sem burocracia e mesmo fazer empréstimos.

Correspondentes bancários
Vários bancos têm correspondentes bancários. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, trabalha com o Caixa Aqui e com as casas lotéricas. O Banestes tem o Banesfácil. Nesses lugares é possível pagar contas de água, luz, impostos, boletos de cobrança, prestação de habitação, fazer saques. No caso dos correspondentes da Caixa, é possível ainda receber benefícios, como aposentadoria, FGTS, Bolsa-Família e seguro-desemprego. Alguns supermercados e lojas recebem contas como de energia, água e telefone.

Saque sem cartão
Segundo a Proteste, o cliente que não tem cartão para fazer saques do dinheiro da conta-corrente deve entrar em contato com o banco e solicitar uma alternativa.

Compensação bancária
A Proteste disse ainda que o serviço de compensação bancária não será afetado.

Fonte: g1-ES