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Grito dos Excluídos pede redução da desigualdade

O evento reuniu representantes de movimentos sociais, de trabalhadores e da juventude.

Em 07/09/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Akemi Nitahara/Agência Brasil

Com o lema Desigualdade gera violência - Basta de privilégios - Vida em primeiro lugar, ocorreu hoje (7) a 24ª edição do Grito dos Excluídos, reunindo representantes de movimentos sociais, de trabalhadores e da juventude.

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O evento acontece tradicionalmente em paralelo ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro em diversas cidades do país. No Rio de Janeiro, a concentração começou no mesmo horário do desfile, por volta de 9h30, na esquina da Rua Uruguaiana com a Avenida Presidente Vargas, próximo ao local de onde partiam as formações militares do desfile oficial.

Integrante do Jubileu Sul, uma das organizações nacionais do Grito, Alessandra Quintela disse que o Grito dos Excluídos surgiu para ajudar a recontar a história do país, que teve a sua independência proclamada pelo príncipe regente, Dom Pedro I, sem participação popular.

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“Não foi uma independência vinda das lutas sociais, apesar de ter várias lutas naquele período de Brasil colônia. Então a gente tem que gritar para reconstruir a nossa história. O Grito nasce nesse sentido, de ser um grito de baixo, desde os trabalhadores e trabalhadoras, querendo construir e construindo na prática um novo Brasil, que acabe com os privilégios e as desigualdades”.

Segundo Alessandra, a marcha também é um contraponto à parada militar e à militarização da segurança pública, para dialogar com a sociedade visões diferentes sobre os fatos. Para ela, a repressão aumentou ao longo desses 24 anos de existência do Grito dos Excluídos.

“A militarização piorou demais, o aparato repressor aumentou e se instrumentalizou ainda mais. Aqui no Rio de Janeiro, em particular, com a Copa do Mundo e com a Olimpíada, se justificou um aumento desse aparato repressor de forma brutal. A repressão contra os movimentos sociais aumentou nesses 24 anos de maneira exponencial. Você veja que tem pessoas aí que foram presas e foram condenadas por participar de manifestações na copa do mundo”.

Presente no Grito, a idealizadora do espaço de acolhimento às pessoas trans Casa Nem, Indianare Siqueira, disse que foi para o ato para se posicionar contra o fundamentalismo e para lutar pelos direitos das pessoas trans e das profissionais do sexo.

“As pessoas trans são as mais excluídas da sociedade, assim como na área trabalhista, quem se prostitui é excluído até dos direitos trabalhistas. E a maioria das trans tem como única opção a prostituição para sobreviver. Então, não existe uma luta só pelos direitos trans que também não passe pelo direito da regulamentação da prostituição das profissionais do sexo”, disse.

Performance

A artista de rua e bonequeira Fernanda Machado, da Companhia Horizontal de Arte Pública e da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (Fist), fez uma performance representando “a morte da democracia”.

“A democracia pretende ser o poder do povo, com a ideia do sufrágio universal, para que a gente possa eleger representantes. Mas os representantes não nos representam. Então hoje a gente veio falar que a democracia está morta, ela é estuprada, violada todos os dias, isso que a gente veio trazer à tona. O que ela pretendia ser, enquanto poder do povo e representar esse povo, ela virou uma simples alegoria e pode servir para o carnaval”, disse a artista.

Por volta de 10h30, os manifestantes tentaram formar a marcha na pista central da Presidente Vargas, sentido Candelária, mas foram impedidos pela Guarda Municipal e Polícia Militar. Houve um princípio de tumulto, mas logo foi resolvido com os ativistas retornando para a pista lateral.

Ao meio-dia, após terminar o desfile cívico, o Grito dos Excluídos saiu em marcha pelas avenidas Presidente Vargas e Rio Branco até chegar à Praça Mauá. O percurso durou meia hora e foi acompanhado por forças de segurança. Não houve conflitos.

São Paulo

Com a participação de ativistas e membros de movimentos populares, o evento reuniu milhares de pessoas em São Paulo, segundo os organizadores. O ato começou na Avenida Paulista e teve como bandeiras o combate à violência e à desigualdade social. Os participantes do Grito empunhavam cartazes e vestiam camisetas que criticavam, por exemplo, o número de desempregados no Brasil e o preço do gás de cozinha.

Durante a marcha, diversas pessoas discursaram em cima de um carro de som. Dentre as falas, os manifestantes pediram a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a sua candidatura à Presidência. Preso em Curitiba, Lula foi condenado pela Operação Lava Jato, em segunda instância, e com base na Lei da Ficha Limpa teve a candidatura indeferida na semana passada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "A vida em primeiro lugar. Desigualdade gera violência - Basta de privilégios", dizia uma das faixas presentes no protesto.

Brasília e outras cidades

Em Brasília, o grito foi pela demarcação das terras indígenas. A manifestação reuniu alguns candidatos às eleições locais do Distrito Federal e contou com a presença de representantes dos povos indígenas e sindicalistas. O ato na capital federal ocorreu na Esplanada dos Ministérios. "Respeita minha existência", estampava a camiseta de uma das mulheres presentes no Grito.

Outras cidades também receberam uma grande concentração de pessoas, que levaram cartazes e caminharam pelas ruas. É o caso de Fortaleza, Salvador, Belém, Campinas (SP), Abaetetuba (PA), São José dos Campos (SP) e Aparecida (SP).

Matéria ampliada às 18h25