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Grupo faz ato de apoio ao MAM após polêmica com artista nu

A manifestação foi uma resposta a protestos que criticaram o museu.

Em 02/10/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Um protesto neste domingo (2) defendeu o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) após o espaço se tornar alvo de críticas em razão de uma menina, que estava acompanhada da sua mãe, ser filmada tocando no pé do artista fluminense Wagner Schwartz, que se apresentou nu.

Artistas, curadores, donos de galerias, diretores de museu fizeram ato de desagravo em favor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). De mãos dadas, eles deram um abraço simbólico no museu e levaram cartazes com a frase “Somos todos MAM”.

A manifestação foi uma resposta a protestos que criticaram o museu desde que o caso se tornou público. Na sexta-feira (29), por exemplo, mulheres levaram cartazes à porta do museu, na região do Paraíso, com frases como "pedofilia é crime" e "contra a pedofilia e a erotização infantil".

O segundo protesto ocorreu na tarde de sábado (30), na porta do MAM. Houve agressões a visitantes e colaboradores. Funcionários do museu e manifestantes foram levados para o 27º DP, no Campo Belo, onde foi registrado um boletim de ocorrência. O caso foi registrado como calúnia, difamação, injúria e lesão corporal. Todos prestaram depoimento e foram liberados em seguida. As investigações serão realizadas pelo 36ºDP, na Vila Mariana.

A apresentação do artista Wagner Schwartz ocorreu na terça-feira (26), na estreia do 35º Panorama de arte Brasileira, tradicional exposição bienal que aborda a arte no país e propõe reflexão sobre a identidade brasileira. Segundo o MAM, o evento era aberto a visitantes que estivessem no local. O museu também informou que havia sinalização sobre a nudez na sala onde a performance ocorria.

A performance chamada “La Bête” foi inspirada em um trabalho de Lygia Clark. “Bichos” é considerada a obra viva da artista, pois sua intenção era de que a arte ultrapassasse os limites da superfície de um quadro. A série de esculturas com dobradiças permite que o espectador se torne figura atuante na obra, e foram construídas com formas geométricas para que não se parecessem animais, mas que permitissem uma visão livre do que a peça representava.

Em “La Bête”, o premiado artista Schwartz, que trabalha há quase 20 anos com coreografia, manipula uma réplica de plástico de uma das esculturas da série e se coloca nu, vulnerável e entregue à performance artística, convidando o público a fazer o mesmo com ele.

De acordo com o MAM, o público presente na performance era formado essencialmente por artistas e, uma das pessoas que prestigiou a apresentação foi a performer e coreógrafa Elisabeth Finger acompanhada da filha. O vídeo que viralizou nas redes sociais mostra o momento em que Schwartz está deitado, e mãe e filha, tocam seus pés.

O MAM repudiou as agressões que vem sofrendo nos últimos dias por parte de grupos radicais em sua sede no Parque Ibirapuera.

Segundo o museu, o trabalho apresentado na ocasião não tem conteúdo erótico e se limitou a uma leitura interpretativa da obra Bicho, de Lygia Clark, historicamente reconhecida pelas suas proposições artísticas interativas.

(Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo)