TEMAS GERAIS

Grupo vai às ruas em Vitória para pedir saída de Temer e eleições diretas.

Manifestantes se reuniram em frente à Ufes, nesta quinta-feira (18).

Em 19/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Um grupo protestou em Vitória, na noite desta quinta-feira (18), pedindo a saída do presidente Michel Temer do cargo e a convocação de eleições diretas para escolha de um novo governante.

Os manifestantes começaram a se reunir em frente ao Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) por volta das 17h, depois que o presidente fez um pronunciamento dizendo que não vai renunciar ao cargo.

Eles saíram da Ufes por volta das 18h38 e seguiram em direção à Assembleia Legislativa (Ales), onde chegaram pouco depois das 20h.

O ato ocorre após o site do jornal "O Globo" publicar que o dono da JBS gravou uma conversa em que Temer dá aval para compra do silêncio de Cunha Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na operação Lava Jato. A publicação foi feita nesta quarta-feira (17).

A Polícia Militar estimou que 250 pessoas se concentram na Ufes. Os manifestantes disseram que o movimento não há uma organização para estimar a quantidade de pessoas.

Cronologia do protesto

  • Às 17h os manifestantes começaram a se reunir em frente ao Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
  • Às 18h38 o grupo começou a deixar a universidade, em direção à avenida Fernando Ferrari.
  • Às 18h41, os manifestantes ocuparam todas as faixas da Avenida Fernando Ferrari, no sentido Reta da Penha.
  • Às 19h, o grupo passava pela Ponte da Passagem.
  • Às 19h05 todos os manifestantes já seguiam pela Reta da Penha, no sentido Centro.
  • Às 19h18 os manifestantes pararam em frente ao prédio da Federação da Indústria do Espírito Santo (Findes), na Reta da Penha, onde discursaram. Depois, seguiram com a passeata.
  • Às 19h51 o grupo saiu da Reta da Penha e pegou a Rua Dr Eurico Aguiar. Eles caminham em direção à Assembleia Legislativa (Ales).
  • Às 20h06 alguns manifestantes já tinham chegado à Ales.
  • Às 20h12, o deputado federal Givaldo Vieira fez um pronunciamento em cima do trio elétrico que acompanhou o movimento. "Quando Temer não renuncia, ele está agindo como um bandido, um criminoso, que, ao ser pego em flagrante, tenta fugir e se esconder", disse o deputado.
  • Às 20h35, o grupo já começava a se dispersar.

Manifestantes

De acordo com os manifestantes, havia a expectativa de que, após as acusações, o presidente decidisse deixar o Governo.

“A gente tinha expectativa de que ele [presidente Michel Temer] renunciasse hoje, mas ele optou por ficar [no cargo]. Nossa expectativa são de três ações para o próximo período: derrubar o Temer, conseguir assegurar eleições diretas, e também barrar as contra reformas, previdenciária e trabalhista, que a era a luta que a gente já estava tocando. Todas as reformas foram pactuadas pela corrupção. Se a gente quer derrubar a corrupção no país, a gente precisa rever todas as reformas”, disse o mestrando em Políticas Sociais, Vinícius Tomáz.

O sociólogo Felipe Vasconcelos acredita que o presidente não renunciou porque espera um momento mais seguro para isso. Ele disse que a queda do presidente é inevitável, e que é necessária a realização de eleições diretas porque o Congresso não teria legitimidade para realizar uma eleição indireta.

O professor Paulo César Delboni acredita que a renúncia de Temer seria a melhor saída neste momento. “Os fatos são inegáveis. Há provas materiais de que Temer não pode mais continuar à frente do poder no país. Na verdade, ele nunca pode. Agora, a situação do governo é insustentável. O mais lógico e correto seria a renúncia. Mas se o presidente não renunciar, a população vai para a rua, para pedir sua saída imediata. Nós estamos na rua para pedir Diretas Já, queremos eleições para que a soberania popular seja resgatada. Esse governo não tem legitimidade”, disse. A mestranda em Letras Elena Manzato é italiana e participou do protesto. Para ela, esse tipo de mobilização por parte da sociedade é fundamental para que as eleições diretas aconteçam. “É difícil o Governo deixar as Diretas Já acontecerem. Teria que haver uma grande força popular para isso”, falou.

O deputado federal Givaldo Vieira (PT), chamou Michel Temer de criminoso e disse que, sem a renúncia do presidente, o processo de impeachment pode fazer com que a crise econômica brasileira se arraste por mais um longo período.

“O que aconteceu mostrou que aqueles que tomaram o poder retirando uma mulher honesta do poder, que foi a Dilma, é uma quadrilha. Essa quadrilha é formada por Michel Temer, Eduardo Cunha, e, hoje ficou comprovado, Aécio Neves, que representa aqueles que não aceitaram a vitória de Dilma desde 2014. Hoje vimos que a expectativa de que esse criminoso renunciasse não aconteceu. Isso vai fazer com que nosso país arraste essa crise por mais alguns meses, porque teremos que tramitar no Congresso um processo de impeachment. Quando Temer não renuncia, ele está agindo como um bandido, um criminoso, que, ao ser pego em flagrante, tenta fugir e se esconder", disse.

O deputado também disse que a oposição no Congresso vai fazer de tudo para que tramite o processo de impeachment de Temer e que as reformas fiquem paradas.

Pronunciamento

Na tarde desta quinta-feira (18), Michel Temer fez um pronunciamento e disse que não irá renunciar. "No Supremo, mostrarei que não tenho nenhum envolvimento com esses fatos. Não renunciarei. Repito: não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade e de dúvida não pode persistir por muito tempo", declarou.

Como ficaria?

Pela Constituição, tanto na hipótese de renúncia quanto num eventual cenário de impeachment, deverão ser realizadas novas eleições.

Conforme o Artigo 81, como faltam menos de dois anos para o fim do mandato (que se encerra em dezembro de 2018), a eleição seria feita pelos deputados e senadores, 30 dias depois da vacância no cargo.

Até lá, assume interinamente o presidente da Câmara, posto atualmente ocupado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entretanto, a ideia de uma escolha por parte dos deputados e senadores não agrada os manifestantes.

Entenda a seguir o que pode acontecer

Temer é investigado em um inquérito. Nesta fase, são colhidos depoimentos e provas pela Procuradoria Geral da República

Se as investigações coletarem elementos suficientes de provas, Temer pode ser alvo de uma denúncia

A denúncia é encaminhada pela Procuradoria ao Supremo, mas, como se trata do presidente, a abertura de processo precisa ser autorizada pela Câmara dos Deputados

Na Câmara, a continuidade da ação precisa ser aprovada por dois terços dos deputados (ou seja, 342 dos 513)

Se aprovada, o presidente pode ser julgado pelo Supremo. Se não, o procedimento é encerrado

O STF decide, então, se aceita ou não a denúncia. Se sim, começa a fase de processo penal e Temer é afastado do cargo por 180 dias. Nessa fase, são ouvidas testemunhas, apresentadas provas e também ouvido o depoimento do agora réu

Se não houver julgamento em 180 dias, cessa o afastamento provisório do presidente

Se ao fim desse processo for confirmada a culpa, Temer é afastado definitivamente, perde seus direitos políticos e pode até ser preso, se a pena pelo crime for a de prisão. Segundo a Constituição, assume interinamente o presidente da Câmara, que deve convocar eleições indiretas, a serem feitas pelo Congresso, em 30 dias

Se não for confirmada a culpa, o processo é encerrado e Temer continua como presidente. Durante a investigação e eventual denúncia, a Procuradoria também pode entender que não houve crime e arquivar o caso.

Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta