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Iggy Pop mostra a "melhor idade" do rock em show em São Paulo.

Cantor de 68 anos fez performance incansável durante o Popload Festival.

Em 17/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Existem lendas do rock que preferem se aposentar. Existem as que tentam, com alguma dignidade e nem sempre com sucesso, mostrar hoje em dia o que sobrou dos tempos de glória. E existe Iggy Pop, uma força da natureza, um fenômeno que consegue tornar possível uma expressão tipo “um selvagem do rock 'n roll aos 68 anos” sem que isso seja exagero ou mentira.

O cantor que pavimentou o caminho para a explosão do punk como movimento cultural à frente do grupo Stooges a partir da década de 1960 foi a principal atração do Popload Festival na noite de sexta-feira (16) em São Paulo. Ele entrou no palco pouco depois da 0h30 e manteve um vigor difícil de explicar para sua idade durante toda a apresentação.

Em 1h30, Iggy pulou, correu de um lado para o outro, deu socos no ar e ainda protagonizou dois “moshs”, mergulhos em direção à plateia com alto grau de periculosidade para pessoas da terceira idade - ou de qualquer idade.

A sequência inicial com “No fun”, “I wanna be your dog”, “The passenger” e “Lust for life” garantiu o sucesso da noite logo em 20 minutos.

Iggy Pop (Foto: Fábio Tito / G1)
Cantor correu de um lado para o outro e ainda deu socos no ar (Foto: Fábio Tito / G1)

Mas o cantor não relaxou na performance e relembrou mais outros clássicos dos Stooges (“1969”, “Search and destroy” e “Raw power”) e sucessos de sua carreira solo (“Real wild child”, “Sixteen”, “Some weird sin”) em que manejava o contato constante com o público e os vocais sem dificuldades ou esquecimentos. Ajudou também a banda de apoio bem entrosada por trás dele.

Não houve a esperada invasão de palco como no show de Iggy com os Stooges em 2005, no festival Claro que É Rock também em São Paulo, mas dificilmente alguém saiu com queixas da performance.

Para alguém que cometeu os mais diferentes tipos de excesso na juventude, a vida parece ter esquecido de cobrar seu preço na velhice do artista. Esqueça o corpo de Ozzy Osbourne ou de Keith Richards. A ciência precisa estudar o que se passa com Iggy Pop.

Emicida (Foto: Fábio Tito / G1)
Rapper Emicida foi muito bem recebido por um público que foi aos shows para ver e ouvir rock e música eletrônica (Foto: Fábio Tito / G1)

Outros shows
Antes da atração principal da noite foi a vez do rapper Emicida, que apresentou seu novo disco, “Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa...”, ao lado de uma banda de 6 integrantes, com guitarra, baixo, bateria e DJ. Apesar de ser o único elemento hip hop em um festival que se divide entre o rock e o eletrônico, o artista do rap brasileiro com maior destaque atualmente acertou na performance e foi muito bem recebido pelo público.

O norueguês Sondre Lerche tocou antes. O cantor e guitarrista mostrou que tinha seu público dentro do festival ao arrancar entusiasmo com músicas como “My hands are shaking” (trilha do filme “Eu, meu irmão e nossa namorada”), “Two way monologue” e “Bad law”.

Lerche declarou amor à música brasileira (“roubei as minhas melhores progressões de acorde de vocês”, disse ele) e cantou a capela um trecho de “San Vicente”, de Milton Nascimento.

Natalie Prass abriu o festival quando ainda boa parte do público devia estar se encaminhando para o Audio Club, em meio ao trânsito de São Paulo. Fez um show agradável, em ritmo mais lento. Seu som tem uma presença bastante marcada do country e de baladas dos anos 1960 - uma das evidências foi o cover de “Sound of silence”, de Simon & Garfunkel. Ainda houve espaço para uma versão para Janet Jackson.

As atrações da segunda noite do Popload Festival neste sábado (17) são Belle and Sebastian, Spoon, Cidadão Instigado e Barbara Ohana. O evento ocorre na casa Audio SP, na Avenida Francisco Matarazzo, 694, Água Branca.

G1