TEMAS GERAIS

João Rock 2016 reúne 50 mil em dez horas de shows em Ribeirão.

Mistura de estilos musicais em três palcos marcou a 15ª edição do festival.

Em 19/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Eles dançaram, cantaram e se emocionaram. Em dez horas de shows, 50 mil pessoas que estiveram no João Rock 2016 fizeram tudo isso. A edição comemorativa de 15 anos do festival não será esquecida pela galera que curtiu cada uma das 18 bandas entre a tarde de sábado (18) e a madrugada de domingo (19).

Uma festa marcada por muito rock n’ roll, misturado à levada do reggae, à batida do rap e ao agito do pop. A volta do Planet Hemp, com a mesma pegada hardocore dos anos de 1990, e o resgate feito pelo Legião Urbana XXX anos, ficarão para sempre na história e na memória de quem participou.

Em cada canto do Parque de Exposições de Ribeirão Preto (SP), fãs extasiados registravam em selfies e vídeos cada momento do festival que cresceu, sem perder a essência, e se consolidou como um dos maiores do estilo no interior do país.

Público curte João Rock 2016 (Foto: Mateus Rigola/Gshow)
Cerca de 50 mil curtiram o festival João Rock 2016 em Ribeirão Preto (Foto: Mateus Rigola/Gshow)
 
Galera curtiu 18 atrações em três palcos no João Rock 2016 (Foto: Mateus Rigola/Gshow)
Galera curtiu 18 atrações em três palcos no João Rock 2016 (Foto: Mateus Rigola/Gshow)

O sol esquentava o público quando o grupo VigariZtas abriu o João Rock 2016 na tarde de sábado. Vencedores do concurso de novas bandas, os meninos de Limeira (SP) prepararam o palco para o manguebeat do Nação Zumbi.

Ao Gshow, Jorge dü Peixe prometeu muita “lama” e foi isso que aconteceu. O grupo pernambucano cantou sucessos como “Manguetown”, “Quando a maré en” e “Maracatu atômico”, além de fazer uma homenagem a David Bowie, morto em janeiro.

Os tambores do Nação Zumbi e a bateria de João Barone, do Paralamas do Sucesso, sacudiram os fãs, que lotavam o parque. O encontro memorável das duas bandas ficou marcado por “Que País é Esse?”, cantado em coro pelo público.

No show do Paralamas do Sucesso, os fãs foram ao delírio com o solo de Hebert Vianna em “Lanterna dos Afogados” e depois cantaram junto com o grupo “Loirinha Bombril”, lançada há exatos 20 anos.

Parceiro do João Rock já em outras edições, Nando Reis abriu o show com “Sou dela”, levantou os fãs com “Relicário” e regeu um imenso coro em “Segundo Sol”. Romântico, mas não menos intenso, o setlist emocionou as fãs, que se apertaram em frente ao palco para cantar com o ídolo.

Batizado de “2002 – Quando Tudo Começou”, outro palco levou para o festival as bandas que tocaram na primeira edição, há 15 anos. Cidade Negra, Ira!, CPM 22 e Titãs formaram um line-up que atraiu público de todas as idades.

Muita gente, muita gente mesmo curtiu as bandas. Uma galera que fez o palco deixar de ser apelidado de “secundário”. 

Comandado por Alexandre Carlo, o grupo Natiruts mostrou seu “reggae power” e fez uma homenagem ao grupo Cidade Negra, que se apresentou no palco “2002 – Quando Tudo Começou”, cantando “A sombra da maldade”.

Ponto alto da noite, o show “Legião Urbana XXX anos” comprovou que a mensagem da banda que nasceu em Brasília (DF) se manteve com clássicos de três décadas. Os fãs foram ao delírio e cantaram junto todo o setlist, sem desanimar nem mesmo durante os nove minutos de “Faroeste Caboclo”.

“A gente está celebrando as nossas vidas através dessas canções A gente está aqui só pela música, pelo que somos e por vocês”, disse Dado Villa-Lobos, emendando com “Tempo Perdido”, outra que foi cantada em coro pelos fãs.

Remanescentes da formação original, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos tocaram ao lado de Lucas Vasconcellos, na guitarra, Mauro Berman, no baixo, e Roberto Pollo, nos teclados. André Frateschi assumiu a banca e substituiu com maestria Renato Russo (1960-1996).

Com letras que falam de política e problemas cotidianos, o rapper Black Alien aproveitou o show no João Rock 2016 para lançar o clipe – gravado um dia antes, na sexta-feira (17) – de “Rolo Compressor”, a segunda música do disco mais recente, “Babylon by Gus vol.II - No Princípio Era o Verbo.”

Um show digno de uma banda de punk rock. Assim pode ser definida, em poucas palavras, a apresentação do Planet Hemp no João Rock 2016. Depois de alguns anos afastada, a banda voltou aos palcos em 2015. Em Ribeirão, mostrou que continua com a mesma essência.

Logo de cara, Marcelo D2 e BNegão subiram ao palco defendendo a legalização da maconha, em "Não compre, plante!" e "Legalize Já". O tema foi recorrente em quase uma hora de apresentação: "Quem tem seda", "Queimando tudo" e "Ex-quadrilha da fumaça" também estiveram no repertório.

BNegão pediu aos fãs que erguessem isqueiros acesos. As luzes do palco foram apagadas e o João Rock 2016 se transformou em um "céu estrelado". Os acordes marcados da guitarra e a bateria impecável construíram um show "100% Hardcore", como definiu o próprio rapper.

Planet Hemp mostrou que, apesar do hiato na própria história, consegue manter viva a mensagem política e social, inclusive por um público que sequer tinha nascido quando o primeiro disco, "Usuário", foi lançado em 1995.

Críticas ao presidente interino, Michel Temer (PMDB), fizeram parte do show. "Ocupa geral!", gritou BNegão. A apresentação terminou com "Hey Ho Let's Go", em homenagem aos 40 anos da banda Ramones.

Já era madrugada de domingo quando Criolo subiu ao palco do João Rock 2016 com uma pegada "zen". Os acórdes de "Convoque seu Buda", música de trabalho do último disco, sugeriam como seria o show: menos intenso, em relação aos anteriores.

Apesar dos 15ºC, o vento no Parque de Exposições obrigou o rapper, usando camiseta e bermuda, a vestir um casaco no meio da apresentação, que terminou por volta de 2h05. Essa foi a terceira vez de Criolo no festival.

Como prometido, Criolo levou o rapper Rael e a cantora Tulipa Ruiz para o show. Enquanto Rael deu um tom mais polêmico ao repertório, com críticas à política brasileira, ao machismo, ao racismo e à homofobia, a vencedora do Grammy Latino de 2015 fez a apresentação ficar mais dançante.

O público não demonstrou cansaço. Os aplausos e assovios foram recorrentes em cada música. As mais cantadas, sem dúvida, foram "Mariô" e "Bogotá". Criolo encerrou o João Rock 2016 com um trecho de "Sucrilhos": "Eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz. Sou assim e sou feliz. Índio, caboclo, cafuso, criolo! Sou brasileiro!"

 

Fonte:JoãoRock/g1