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Justiça ouve 2 suspeitos de matar leão símbolo do Zimbábue.

Um amigo da família Bronkhorst, Ian Ferguson, defendeu que se tratou de um acidente.

Em 29/07/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Dois zimbabuanos comparecem nesta terça-feira ante a justiça de seu país, acusados de caça furtiva, e por terem organizado o safári que resultou na morte de Cecil, um leão símbolo do país, que foi caçado por um rico cliente americano.

O americano Walter James Palmer será o grande ausente na audiência no tribunal de Hwange, junto ao parque onde ocorreram os fatos, pois abandonou o país antes que o escândalo explodisse.

Em um comunicado publicado na terça, Palmer, dentista de profissão, lamentou a morte do leão, mas assegurou que seguiu as indicações de seus intermediários e confiou "na experiência dos guias locais para caçar dentro da legalidade".

"Lamento profundamente que o exercício de uma atividade que eu amo e pratico de forma responsável e dentro da lei foi traduzido pela morte deste leão (...) cujo status de celebridade local eu desconhecia", acrescentou

Palmer supostamente teria admitido que matou, em 2008, um urso preto nos estado norte-americano de Wisconsin.

Comparecerão ao tribunal Theo Bronjorst, organizador de grandes caçadas de leopardo, e seu compatriota, Honest Tyrone Ndlovu, proprietário da fazenda em que foram encontrados os restos do leão no início do mês, graças ao GPS instalado no colar do animal.

Um amigo da família Bronkhorst, Ian Ferguson, defendeu que se tratou de um acidente.

"Theo Bronkhorst é um grande profissional, um cavalheiro e um protetor da natureza acima de qualquer suspeita", afirmou.

Segundo uma denúncia da ONG Zimbabwe Conservation Task Force (ZCTF), Walter Parmer teria pago 50.000 dólares para a empresa Bushman Safari, de Theo Bronkhorst, para organizar uma caçada noturna. Eles teriam prendido um animal morto em seu veículo para atrair Cecil para fora do parque nacional.

"Palmer lançou uma flecha contra Cecil, mas isso não o matou. Eles o localizaram 40 horas mais tarde e o mataram com uma arma de fogo", acrescenta a organização.

Depois de matá-lo, os caçadores descobriram que o leão tinha um colar de identificação e rastreamento que tentaram tirar. O animal foi decapitado e despedaçado, segundo a imprensa local.

Cecil, um leão de 13 anos, era a estrela do parque nacional de Hwange por sua vasta cabeleira negra.

Após ter sido acusado pela ONG ZCTF, a participação de Palmer foi confirmada pela Associação de Operadores do Safári no País (SOAZ).

"De acordo com nossas informações, parece que ele já cometeu crimes similares em outros lugares", disse Emmanuel Fundira, presidente da associação.

"Muitas pessoas vêm de longe para admirar nossos animais selvagens e é óbvio que a ausência de Cecil é um desastre", lamentou Fundira, acrescentando que o leão era "praticamente domesticado".

Palmer fechou suas contas no Twitter e Facebook depois dos ataques recebidos por parte de defensores da natureza e muitas pessoas foram até sua clínica odontológica para colocar bichinhos de pelúcia e flores em memória do leão morto cruelmente.

A associação de defesa dos animais PETA pediu em um comunicado que Palmer seja "extraditado, julgado e preferivelmente enforcado" por ter matado Cecil.

Caçadores do mundo todo se sentem atraídos pelas conhecidas reservas do sul da África, ricas em felinos, elefantes e rinocerontes. Esta caça, regularizada e totalmente legal, é uma fonte de renda importante para a região.

No Zimbábue, a caça é permitida apenas em reservas privadas e seguindo certas cotas, mas não em parques nacionais como Hwange, que recebeu 50.000 visitantes, incluindo 23 mil estrangeiros, no ano passado.

Fonte: AFP