POLÍTICA INTERNACIONAL

Líderes do G7 não chegam a acordo com Trump sobre clima.

Apesar da pressão dos europeus, do Canadá e do Japão, Trump não se rendeu.

Em 27/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os líderes do G7 reconheceram neste sábado (27) em Taormina, na Sicília, sua incapacidade de convencer um presidente americano inflexível sobre a questão das mudanças climáticas.

Apesar da pressão dos europeus (Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha e União Europeia), do Canadá e do Japão, Donald Trump não se rendeu. Ele deverá anunciar sua decisão a respeito do acordo climático de Paris na próxima semana.

A declaração final da cúpula, iniciada na sexta-feira (26) no balneário siciliano, irá, portanto, constatar a falta de entendimento sobre a questão do aquecimento global, pela primeira vez depois de dezenas de comunicados do G7 afirmando a necessidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

Os Estados Unidos vão confirmar neste texto que continuam a refletir sua posição sobre o clima, enquanto os outros seis países do G7 irão reafirmar seu compromisso com os acordos de Paris, tomando nota da posição americana, indicaram fontes europeias.

"Este é um resultado aquém dos de cúpulas anteriores, mas esperávamos por isso", minimizou um funcionário de uma delegação europeia.

Para outros, o importante é que os Estados Unidos seguem no jogo. Nesta perspectiva, a presidência francesa se recusa a falar de "fracasso", embora reconheça "não ser uma formulação ideal".

"Um ponto de grande preocupação para nós é a manutenção dos Estados Unidos no acordo, não queremos os americanos fora", argumentou-se em Paris, antes do G7.

'Isolado sobre o clima'

"O resultado da cúpula do G7 mostra como Trump está isolado sobre o clima", considerou o Greenpeace em um comunicado, destacando o compromisso dos seis demais países.

A perspectiva do presidente americano "evolui, ele veio aqui para aprender", garantiu na sexta-feira seu assessor econômico Gary Cohn.

Mas seu assessor para a segurança nacional, o general H. R. McMaster, assegurou que, "uma coisa que não vai mudar, é que Trump vai tomar suas decisões com base no que acredita ser melhor para os americanos".

Sobre outro assunto espinhoso na agenda, o comércio internacional, os líderes do G7 conseguiram manter os Estados Unidos de Donald Trump, tentado pelo isolacionismo, num quadro multilateral, afirmou uma fonte próxima à delegação italiana.

Segundo esta fonte, os chefes de Estado e de Governo do G7 devem se comprometer a não recorrer ao protecionismo como forma de regulação do comércio.

O dia começou com uma reunião com os líderes de cinco países africanos: Níger, Nigéria, Etiópia, Quênia e Tunísia.

A Itália, que atualmente preside o G7, fez da África uma prioridade e contava em fazer adotar uma declaração ambiciosa sobre a "mobilidade humana", ou seja, sobre o tema sensível da migração.

Mas precisou rever suas ambições, sob pressão dos Estados Unidos, para limitar a questão a algumas linhas na declaração final, reconheceram fontes diplomáticas italianas.

Na sexta-feira, os líderes do G7 encontraram alguns terrenos comuns, a começar pela luta contra o terrorismo após o atentado de Manchester.

O G7 assinou uma declaração conjunta sobre o terrorismo, na qual aumenta a pressão sobre os grandes grupos da Internet a combater conteúdos radicais, a pedido da Grã-Bretanha.

Também expressou preocupação com o retorno de combatentes estrangeiros, especialmente após o ataque de Manchester cometido por um britânico de origem líbia que pode ter viajado à Síria depois de uma visita à Líbia.

A situação neste país, novamente mergulhado no caos com a retomada dos combates no sul de Trípoli e os bombardeios egípcios no leste do país depois de um novo ataque contra cristãos coptas do Egito, também deve ser mencionada.

Os líderes do G7, a pedido do Japão, deverão ainda chegar a um acordo sobre uma posição dura contra a Coreia do Norte, depois de uma série de lançamentos de mísseis balísticos por Pyongyang.

Sobre este ponto, Donald Trump assegurou o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe que o "problema norte-coreano" seria "resolvido".