POLÍTICA CAPIXABA

Maior parte da bancada capixaba quer o afastamento de Dilma.

Parlamentares do estado foram a protestos e defenderam impedimento.

Em 14/03/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A adesão aos protestos pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) deve impulsionar o posicionamento favorável de parlamentares pró-impedimento e pressionar os demais. Ao menos essa é a avaliação da maioria dos deputados federais e senadores capixabas ouvidos, neste domingo (13), por A Gazeta.

Alguns deles, inclusive, decidiram surfar na onda anti-PT e compareceram às manifestações, como o senador Magno Malta (PR), que atravessou a Terceira Ponte, entre Vila Velha e Vitória. Nenhum político, no entanto, discursou.

O deputado federal Carlos Manato (SDD) também engrossou a multidão na Praça do Papa. Para ele, os atos darão “combustível” ao processo de impeachment. “Eu estava desanimado, vendo os partidos se rendendo em troca de cargos. Mas agora isso dá combustível para a gente”, diz.

Os deputados federais Evair de Melo (PV), Jorge Silva (PHS) e Paulo Foletto (PSB) ressaltam os estragos políticos para o governo e para Dilma. Os protestos rebaterão na agenda do Congresso, selando o isolamento do PT. A debandada do PMDB, principal aliado da petista, também virou uma ameaça real após a convenção do último sábado.

“Se o PMDB desembarcar de vez, o governo fica sem sustentação na Câmara e, no Senado, o apoio vai embora. Dilma dá sinais de que não tem saída há muito tempo”, avalia Foletto.

Para Silva, o fato de congressistas também serem alvo da Operação Lava Jato reforça a pressão das ruas por soluções para a crise: “O movimento vai repercutir no trâmite do impeachment”.

Evair, que esteve nos atos da Praça do Papa, exige agilidade do Judiciário e da Câmara para definir o rito do impeachment: “O Brasil quebrou, não tem mais emprego nem investimento. Dilma não tem a menor condição de liderar o Brasil”.

PT
Os deputados do PT Helder Salomão e Givaldo Vieira são os únicos da bancada capixaba no Congresso a defender o governo. Procurado, Helder silenciou. Givaldo repete o discurso de golpe: “As manifestações são legítimas, e, quando pacíficas e com propósito, valorizam a democracia. No entanto, o vazamento ilegal e seletivo da delação do Delcídio, a condução coercitiva ilegal de Lula e o pedido de prisão sem qualquer embasamento legal do Lula, aliados à forte cobertura midiática são provas de um movimento golpista”, aponta.

Análise
“O cenário está tensionado”

Tudo depende do parecer do ministro Roberto Barroso (STF) sobre os ritos do impeachment. Se ele mantiver a posição, a tendência é o processo não seguir e o caso passar a ser problema do TSE (que julga a cassação de chapa). Se Barroso relativizar, pode ser que force o Congresso e o processo ande. O cenário está tensionado pelos eventos da semana passada, e o posicionamento dúbio do PMDB na convenção me cheira a chantagem. Mas hoje a base social dos protestos, não obstante a participação da Justiça ser questionada, não aumentou: continua sendo o mesmo sentimento da classe média sem novas adesões. Vejo três possiveis cenários: a tendência mais sensata é de recomposição da base, que demanda articulação de partidos aliados. O segundo é Dilma dar uma espécie de guinada à esquerda para o eleitor do PT entrar nesse jogo. Outra possibilidade é que a coalização mais à direita mostre cisão, como nas vaias a Aécio e Alckmin.
Robson Sávio Reis cientista político (PUC-MG)

O que eles disseram?
“Os protestos vão influenciar o Congresso, mas pouco. Muitos se fazem de surdos”
Rose de freitas (PMDB) - Senadora

“Os políticos temem o povo. Vai haver repercussão no Congresso, com certeza. Isso vai influenciar na formação da comissão do impeachment”
Max Filho (PSDB) - Deputado Federal

“Sou favorável à mudança do governo. Não dá para continuar como está. Se eu fosse a presidente Dilma, depois dos protestos, faria uma reflexão”
Juninho (PPS) - Prefeito de Cariacica

“A Câmara é uma caixa de repercussão da população, que o parlamento não pode ignorar. Vou votar pela admissibilidade do impeachment”
Sérgio vidigal (PDT) - Deputado Federal

Fonte: G1-ES