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Meninos e meninas de abrigos do Rio comemoram o Dia das Crianças.

Demora em processos reduz chances de menores ganharem um lar.

Em 11/10/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Família, amor e educação é o que qualquer criança precisa para crescer feliz e saudável. Mas, na contramão do que os olhos da maioria da sociedade alcança, nesta segunda-feira (12), data em que se comemora o Dia das Crianças, cerca de 400 meninos e meninas que vivem em abrigos da cidade do Rio de Janeiro se apegam a alguns momentos de diversão para esquecer a dura realidade que a vida lhes impôs. Durante toda a semana, elas  participam de diversas atividades com apresentação de palhaços, mágicos, dançarinos e oficinas em vários locais da cidade.

Empolgada após andar de pedalinho pela primeira vez, M., de 14 anos, brincava feliz com as amigas em um dos parques da Lagoa, na Zona Sul do Rio, lugar que ela não tem por hábito frequentar. Filha de uma mãe com transtornos mentais e abandonada pelo pai, a menina passou a maior parte da vida em abrigos e nas ruas.

Quando questionada há quanto tempo vive longe da vida familiar, uma sacudida de ombros revela que há mais tempo do que gostaria de lembrar. “Às vezes vou para o Centro de manhã e depois vou para a Lapa esperar o acolhimento (carros da prefeitura que recolhem menores em situação de vulnerabilidade)”, disse a menina, que nunca aprendeu a ler ou escrever e desde os 6 anos de idade vive nas ruas.

Demora reduz chances de crianças ganharem um lar
De acordo com Rodrigo Abel, subsecretário de Desenvolvimento Social da Prefeitura do Rio, o processo de adoção de uma criança no país leva muito tempo o que, na maioria das vezes, reduz drasticamente as chances de uma criança ganhar um lar.

"No Cadastro Nacional de Adoção, que hoje tem hoje 34 mil pessoas habilitadas, 76% das pessoas querem crianças de 0 a 4 anos. Só que com esse perfil só estão 22% das crianças. A maioria que está se preparando para a adoção está acima de 4”, afirmou Abel, destacando que como a dificuldade para conseguir um novo lar nessa faixa etária é grande, a Justiça, o juiz e o Ministério Público ficam com receio de destituir o poder pátrio dessas crianças, já que é difícil encontrar alguém que as queira.

Segundo o subsecretário, a celeridade do processo de ingresso das crianças nos abrigos, a destituição do poder pátrio ou regresso ao ambiente familiar de origem e a disponibilidade das mesmas para adoção, é fundamental para dar chances desses menores conseguirem um lar. Além das 400 crianças que vivem em abrigos públicos, há outras 400 vivendo em abrigos privados, a grande maioria com convênio com a prefeitura.

Da maternidade direto para abrigos
Entre os 15 abrigos públicos da cidade, dois recebem crianças de 0 a 4 anos e a maioria dos bebês vem direto da maternidade. "Hoje a maioria chega pela situação da genitora ser usuária de drogas e estar em situação de rua. Quando ela vai para o hospital para ter o bebê, as assistentes sociais identificam que ela não tem condições de sair dali com a criança, pois não tem para onde retorna. O juiz entende que é melhor acolher a criança até que a mãe consiga se reorganizar para receber o filho", afirmou Aline Peçanha, diretora do Abrigo Ana Carolina.

Das 21 crianças de 0 a 4 anos que estão na unidade, 40% nunca receberam a visita dos pais. Durante o período que os menores permanecem nos abrigos, outros parentes são procurados e apenas após a constatação de que o menor não pode voltar para o ambiente familiar de origem, ele entra em processo de adoção. Atualmente, cerca de 50% das crianças da unidade com até 4 anos acabam indo para a adoção. A outra metade que acaba voltando para a família de origem, geralmente passa a morar com os avós ou parentes próximos.

A semana de comemoração do Dia das Crianças conta com visita aos museus de Arte do Rio e de Arte Moderna, participação no evento “Eu Amo Baile Funk Infantil”, passeio ao shopping, à Cidade das Crianças, oficinas de grafitagem, concurso de Passinho e churrasco nas unidades. Os interessados em doar brinquedos para as crianças podem entrar em contato com o telefone 2976-1527. Apenas brinquedos são aceitos.

Fonte: G1