ECONOMIA NACIONAL

Mercado de trabalho segue tendências de piora no mês de março.

Pelo quinto mês consecutivo a taxa de desemprego do mês corrente deve ser pior do que a do mesmo mês do ano anterior.

Em 06/04/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas acompanhadas pela PME/IBGE ficará em 6,2% em março de 2015, segundo a antecipação da Catho-Fipe. Esse valor é 1,2 ponto percentual maior do que o registrado em março de 2014. Confirmando-se a projeção, esse será o maior aumento da taxa de desemprego com relação ao resultado do mesmo mês do ano anterior registrado desde meados de 2006. Até mesmo durante a crise de 2008-2009, a deterioração do mercado de trabalho no período de 1 ano não foi tão grande.

A Fipe e a Catho apresentam também outros indicadores que reforçam esse diagnóstico negativo. Além do aumento esperado da taxa de desemprego nota-se que o salário médio de admissão registrou queda de 2,1% na comparação livre de efeitos inflacionários entre fevereiro de 2015 e o mesmo mês do ano anterior. Trata-se da maior queda desse indicador nos últimos 10 anos. A ‘Pressão Salarial’ média dos últimos 3 meses também se reduziu em fevereiro, ou seja, os novos admitidos estão sendo contratados por um salário ainda menor se comparado àqueles que deixaram seus empregos. Esse movimento de piora nos salários e na pressão salarial é consistente com a piora que esperamos para a taxa de desemprego.

Taxa de Desemprego Antecipada

Ao compilar e processar informações de currículos, anúncios de vagas e de contratações disponibilizados pela Catho, a Fipe calcula uma estimativa para a taxa de desemprego da Pesquisa Mensal de Emprego (PME/IBGE)*. A estimativa da Taxa de Desemprego Antecipada de março de 2015 é de 6,2%, 0,3 ponto percentual maior do que a taxa de desemprego registrada em fevereiro e 1,2 ponto percentual maior em relação ao mesmo mês de 2014.

Se a nossa projeção for confirmada, esse será o quinto mês seguido no qual a taxa de desemprego fica acima ou igual à registrada no mesmo mês do ano anterior, o que indica que o mercado de trabalho se encontra em processo de arrefecimento. Não obstante, a tendência é de piora, visto que a cada mês que passa a distância da taxa de desemprego atual com relação à do mesmo mês do ano anterior aumenta (essa distância, que esperamos que seja de 1,2 ponto percentual em março era de 0,7 ponto percentual em fevereiro, 0,5 em janeiro e nula em dezembro). De fato, caso nossos números se confirmem teremos em março de 2015 o maior aumento da taxa de desemprego nessa base de comparação desde julho de 2006, ou seja, maior até do que durante a época da crise internacional de 2008-2009.

A estimativa da Taxa de Desemprego Antecipada feita por meio da técnica do “nowcasting” utiliza dados disponibilizados em “tempo real” para produzir informações e estatísticas precisas, sem a necessidade de esperar semanas ou meses até os institutos de pesquisa divulgarem os indicadores oficiais e defasados. No caso da Taxa de Desemprego, a Fipe cruza informações obtidas com buscas na Internet (por meio de palavras chave relacionadas a emprego, por exemplo) com informações de vagas, candidatos e contratações da Catho, além de outros dados econômicos e também a própria série da PME dos meses anteriores para estimar a taxa de desemprego do mês corrente. 

Variação do salário médio de admissão

Outro indicador bastante relevante para o monitoramento do mercado de trabalho é o salário médio de admissão. Por indicar como está a evolução da remuneração dos trabalhadores que iniciam um novo vínculo, tem a qualidade de ser um termômetro mais ágil de variações dos salários do que a média de remuneração de toda a população ocupada.

Em fevereiro, o salário de admissão médio apresentou queda de 2,1% descontada a inflação quando comparado ao resultado do mesmo mês do ano anterior. Trata-se de maior queda desse indicador em tal base de comparação na última década.

Pressão salarial

A comparação dos salários médios de admissão e de desligamento é útil para identificar o grau de dificuldade que as empresas encontram quando precisam contratar novos funcionários. Ou, por outro ângulo, mostra também a condição que os postulantes a novos empregos encontram no momento de negociar seus salários.

A medida é calculada de forma simples: é a divisão entre o salário de admissão médio pelo salário de desligamento médio em um determinado mês, segundo o Caged/MTE. Se for igual a 1, significa que em média os trabalhadores novos estão sendo contratados pelo mesmo salário daqueles que deixam seus empregos. Porém, normalmente, esse valor é menor do que 1, já que os novos contratados costumam ter salários menores que os desligados. À medida em o tempo passa, o vínculo entre a empresa e o empregado se fortalece, e o trabalhador avança na progressão salarial.

Portanto, quanto maior a pressão salarial, maior o ‘aperto’ no mercado de trabalho. Os dados exibidos no gráfico acima mostram a série dessazonalizada da Pressão Salarial para o Brasil desde 2006 em forma de média móvel de 3 meses afim de evitar flutuações espúrias de curto prazo. Durante a crise financeira de 2008-2009 houve forte queda nesse indicador, que voltou a subir em 2010 e atingiu o pico de 0,941 em abril de 2012. A partir de então, lentamente, a pressão salarial apresenta tendência de queda e já está abaixo da média do período 2006-2015, indicando que o mercado de trabalho está num período menos apertado. Em fevereiro/2015, a pressão salarial livre de efeitos sazonais foi de 0,901. Ou seja, o salário médio dos admitidos foi 9,9% menor do que o dos desligados no período.

Fonte: Fipe