Mercosul e União Europeia fecharam acordo de livre comércio

A ministra Tereza Cristina que, em alguns casos, o Brasil ganhou em volume de negócios, e outros, em tarifas: "houveram ganhos dos dois lados. Não existe acordo em que um só ganha. O interesse não era só do Brasil, mas do Mercosul como um todo, incluindo Argentina, Paraguai e Uruguai".

A ministra Tereza Cristina diz que acabou de receber um telefonema do presidente Bolsonaro, que fez questão de cumprimentar a equipe que participou do fechamento do acordo em Bruxelas. Ela também lembrou o ministro Paulo Guedes, que permaneceu em Brasília, e parabenizou o presidente Bolsonaro pelo trabalho que está sendo feito na Cúpula do G-20, em Osaka, no Japão.

Sobre as críticas de países europeus sobre a política ambiental brasileira, Araújo pontua que o presidente Bolsonaro teve a oportunidade de explicar o que o Brasil tem feito, no âmbito do desenvolvimento sustentável, a outros líderes mundiais: "o fato de nós termos conseguido fechar essa negociação com a Comissão Europeia, que engloba países como Alemanha e França, deixa claro que não há problema nenhum neste sentido, e que não prejudicou o fechamento do acordo".

Araújo salienta que, do ponto de vista regional, há uma direção muito clara de que o Brasil, como referência na região, seja força para consolidar a América do Sul no caminho da democracia e da economia de mercado: "é um acordo com outra região, também comprometida com valores fundamentais como democracia e liberdade, principalmente a econômica. É uma ligação com um parceiro afinado nesses valores".

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, diz que um dos benefícios de acordos de livre comércio é que ele serve como estímulo de reformas internas. Ele cita a da Previdência, a tributária, entre outras: "a abertura econômica exige das empresas modernizações em todos os aspectos".

Araújo: "um acordo dessa magnitude não deve ser olhado só no aspecto de acesso direto a determinado produto, mas sim do ponto de vista dinâmico. O impacto econômico vai muito além do que o impacto direto que o produtor que não conseguia vender e agora vai poder fazê-lo".

O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, diz que o acordo ajuda a resolver três "anomalias" verificadas na economia brasileira: "o Brasil, entre as maiores economias do mundo, tinha um percentual muito pequeno de seu PIB voltado ao comércio exterior. Esperamos um aumento significativo da corrente de comércio exterior. Outro fator é que, como o nosso mercado era muito protegido, o Brasil ficou muito distante das cadeias globais de produção".

Ernesto Araújo diz que o livre comércio terá efeitos positivos não apenas na agricultura, mas também sobre a indústria e o setor de serviços.

O ministro explica que o texto final do acordo será disponibilizado nos próximos dias, e que nesse momento, será explicado como ele foi desenhado.

O ministro diz que houve uma nova disposição do mercado europeu em fazer concessões vantajosas para o mercado sul-americano: "a União Europeia entendeu a importância de concluir um acordo com o Mercosul. Isso reflete que o Mercosul não é um parceiro qualquer", ressalta Araújo, afirmando que esse é um dos maiores acordos fechados pelo bloco europeu.

Araújo: "valorizamos muito o Mercosul como plataforma negociadora, revitalizando-o e transformando-o em uma entidade que funciona, entre os países do bloco e entre os terceiros". O ministro diz que a sociedade brasileira quer uma economia aberta e dinâmica.

Araújo diz que o acordo mostra o dinamismo da política comercial brasileira e abre caminhos para construir novas parcerias, sempre buscando competitividade.

O ministro das Relações Exteriores exalta o trabalho da Argentina, no âmbito da presidência pro-tempore do Mercosul, sobretudo nesta reta final. "A disposição brasileira foi traduzida em gestos concretos e fomos adiante para chegar a este acordo estratégico, que vai ser extremamente positiva para a economia brasileira".

Araújo diz que os ministérios das Relações Exteriores, Agricultura e Economia formaram o tripé que pavimentou o fechamento do acordo, mas salientou o trabalho em grupo desenvolvido por todo o Poder Executivo. Ele diz que agora há vontade de nos reconectarmos com parceiros internacionais e fortalecer a conjunção com demais sócios do Mercosul.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, começa sua fala salientando que hoje é um dia histórico. Ele lembra que a negociação começou há 20 anos, e que ele participou do início das negociações: "foi o trabalho de muitas pessoas envolvidos neste período, mas faltou, em vários momentos-chaves, a vontade e determinação política dos principais atores, tanto do Mercosul quanto da União Europeia".- Agência Brasil