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Mexicanos mantêm queda de braço com governo em novas manifestações.

Na sexta-feira (6), atos contra o gasolinazo deixaram 6 mortos e 1.500 detidos.

Em 08/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Milhares de mexicanos expressaram neste sábado com manifestações pacíficas a rejeição ao governo e ao aumento dos preços dos combustíveis, após uma semana da aplicação desta polêmica medida que deixou um saldo de centenas de distúrbios, saques e detidos em boa parte do país.

"O aumento dos combustíveis impacta em tudo porque tudo sobe. Os que têm carro, os que andam de transporte público e os que têm que comprar seus mantimentos, porque todos os insumos sobem a partir da gasolina, e são golpes muito duros", disse à Agência Efe Laura Villa, que protestava na Cidade do México.

Como Laura, uma dona de casa que foi ao protesto junto dos filhos, milhares de pessoas se reuniram neste sábado na capital para mostrar seu descontentamento em relação à decisão governamental de subir em 1º de janeiro o preço dos combustíveis entre 14% e 20%, alta que antecede à liberalização de preços no setor que se dará de forma gradual este ano.

"Em outros países a gasolina não é tão cara, e nós somos um país petrolífero, com jazidas", lamentou outra manifestante deste protesto eminentemente cidadão - sem grandes organizações por trás - que teve como figura mais visível o sacerdote e ativista Alejandro Solalinde.

Além de na Cidade do México, foram ouvidas palavras de ordem nas manifestações pacíficas realizadas em pelo menos mais seis estados.

Em Guadalajara, capital do estado de Jalisco, aconteceu uma das maiores manifestações, com pelo menos 5.000 presentes, de acordo com dados de Defesa Civil apurados pela Efe.

Da mesma maneira, em Monterrey (Nuevo León), Toluca (Estado do México), Acapulco (Guerrero) e Tapachula (Chiapas) aconteceram protestos de maneira pacífica.

Até a noite da sexta-feira, os distúrbios ligados aos protestos tinham deixado, segundo números das autoridades, pelo menos seis mortos e mais de 1.500 detidos.

Assim como cerca de 420 estabelecimentos comerciais saqueados, de acordo com dados da Associação Nacional de Lojas de Autosserviço e Departamentais.

Na noite da sexta-feira e neste sábado a força destes atos de vandalismo diminuíram e, de fato, não foram registrados incidentes graves no país.

No entanto, o sábado também não terminou em branco, pois durante a desocupação de um terminal de armazenamento da Petróleos Mexicanos (Pemex) aconteceu um confronto entre manifestantes e agentes de segurança que deixou 15 feridos e cerca de 70 detidos.

Câmeras captaram o momento em que um dos manifestantes atropelou com sua caminhonete vários agentes federais, que estavam criando um escudo humano.

Em Monterrey, onde também aconteceu uma grande manifestação que terminou sem feridos nem detenções, se informou que nos últimos dias foram registrados 27 saques e 306 pessoas foram detidas.

Além disso, no estado vizinho de Coahuila, houve 38 detidos, e todos eles serão processados legalmente.

Em contraposição ao vandalismo, os manifestantes consultados pela Efe destacaram que seu protesto era pacífico e, como se escutou nestes dias nas ruas, acusaram diretamente o governo federal de instigar os saques em lojas, infiltrando seus próprios agentes nos protestos.

"São grupos de confronto do próprio governo para desprestigiar o movimento. Todos os cidadãos comuns sabemos disso. Nós só marchamos e brigamos pacificamente por nossos direitos", comentou Fidel Delgado, um comerciante da Capital.

No plano político, o presidente do México, Enrique Peña Nieto, acusou na sexta-feira partidos e organizações de querer "tirar vantagem e aproveitar" esta decisão governamental para "encontrar culpados" e ganhar terreno.

Apesar de suas reiteradas justificativas - pois na semana o presidente saiu em defesa da medida por pelo menos três vezes -, hoje a reivindicação mais escutada na rua era a que pedia a renúncia do líder, que vive um de seus momentos mais baixos de popularidade.

Embora talvez sem os esforços de violência de dias precedentes, o descontentamento popular ainda aumentará, pois há manifestações esperadas para a próxima semana.

Por Agencia EFE