Moradores ameaçados por pedra não querem deixar casas em Vila Velha.

Mais de 1,2 mil pessoas já deixaram as casas durante a desocupação do Morro da Boa Vista, no bairro São Torquato, em Vila Velha, no Espírito Santo, nesta segunda-feira (4). No entanto, algumas famílias se recusam a sair da área considerada de risco e estão sendo notificadas pela prefeitura.

Uma pedra rolou após um deslizamento de terra, no final da tarde de sexta-feira. A informação da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) é que cinco feridos foram atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e pelo Corpo de Bombeiros, além de outras 10 pessoas socorridas por moradores, com ferimentos leves. Não há desaparecidos, nem mortos.

A administração municipal começou a desocupar o local no sábado (2). De acordo com o último levantamento, 253 famílias ficaram desalojadas e 37, que estão desabrigadas, foram acolhidas em um abrigo municipal montado na escola Jairo de Mattos, no próprio bairro.

As famílias saíram de casa levando o que podiam. Caminhões e carros saíram do bairro lotados de móveis, roupas e utensílios domésticos.

"Estou desocupando na medida do possível. Tirando as coisas aos poucos, porque não dá para tirar tudo de vez. A sensação é de desespero, estamos todos desesperados,
porque a qualquer hora a pedra pode rolar. Desde sexta-feira eu não sei o que é dormir”, disse uma moradora.

Ao ser notificada pela Defesa Civil para deixar a casa onde vive, uma outra moradora chorou.

"Ter que sair de dentro da minha casa depois de tanto trabalho que me deu para fazer do jeito que está. Eu estou na casa da minha filha, mas lá não tem lugar nem para colocar minhas roupas. Meus móveis, minhas coisas que estão aqui, posso perder de uma hora pra outra", disse.

A moradora Maria Aparecida também se recusou a sair de casa. "A gente dormiu a noite toda, não aconteceu nada. Se eu sair de casa eu vou para onde? Vou colocar minhas coisas na rua?", questionou.

A avaliação da Defesa Civil é que ainda há risco de mais deslizamentos de pedras. Ao longo do morro, pedras menores estão soltas, e podem rolar a qualquer momento.

"É só chover, ela está agarrada só na terra. Se chover forte ela vai descer e traze rum monte", disse Wilson Contis, ajudante de caminhão.

Para o músico Anderson Laerte, a melhor opção é sair da área de risco o mais rápido possível. "Pedra não tem direção. Onde uma bater, pode virar para a direita, para a esquerda. Vai ficar difícil. É melhor se prontificar em sair de casa”, disse.