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Moradores de Colatina evitam Rio Doce e buscam água em nascentes.

Desconfiança da água que vem do Rio Doce cria filas em bicas do município.

Em 03/05/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A desconfiança na água tratada do Rio Doce faz com que os moradores de Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo, busquem alternativas para abastecer as casas. A lembrança do rio sujo de lama ainda é viva para os moradores, que não conseguem consumir a água que chega nas torneiras. Como não conseguem comprar água mineral, a saída foi buscar o recurso nas bicas e nascentes da cidade.

A qualquer momento que se chegue em um desses locais, você encontra pessoas esperando para encher seus galões. Mas nos finais de semana e no fim de tarde os lugares ficam lotados e com filas.

Até o final de janeiro, a Samarco distribuía água mineral. Com o fim da entrega, o aposentado Geraldo Boone, de 65 anos, não viu alternativa a não ser ir até uma das nascentes pegar o recurso para cozinhar e beber.

“Venho uma vez a cada seis dias. As pessoas são solidárias, a gente organiza por chegada”, disse ele que carrega quatro galões de 10 litros e outros quatro de 20 litros.

O que pega no local serve até para lavar as vasilhas em casa. “A gente tem medo de contaminação, de pegar alguma doença.”

O pedreiro Wallace Pimenta, de 23 anos, enche o bagageiro e os bancos traseiros do carro com garrafas cheias de 200 litros a cada 15 dias. “Como é longe, aproveito e pego para minha família e dois amigos”, contou.

Além da alimentação e matar a sede, na casa dele a água da nascente tem outro uso. “Tenho um filho de cinco meses, o Samuel, não confio de dar banho nele com a água tratada do Rio Doce, já deu coceira na minha mulher. Então, usamos essa que pegamos aqui”, explica.

A aposentada Paulina Sant’anna, de 71 anos, tem em casa um banheiro que virou depósito de água de nascente e mineral. “Estou sem esperança que as gerações futuras usem a água do Rio Doce”, disse.

Comércio
Quem tem propriedade no interior, faz pequenas viagens periódicas para abastecer. É assim que o comerciante Fábio Daltio, de 42 anos, garante água para produzir a comida do seu restaurante no centro da cidade.le vai até a nascente três vezes por semana buscar cerca de 1.500 litros a cada vez e diz que outros comerciantes fazem o mesmo tipo de coisa. “Isso teve um custo porque compramos uma bomba de água, disponibilizamos um carro para ir lá pegar. É uma atividade a mais”, comentou sobre a adaptação que teve que fazer.

“Temos receio de usar a água do Rio Doce. Então, venho com amigos de 15 em 15 dias buscar 200 litros para evitar ter que voltar muitas vezes”, completou.

Obras de captação
Apesar da desconfiança da população, o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski, garante que são feitas análises diárias que comprovam a potabilidade da água do Rio Doce tratada.

Mas para garantir que a cidade não fique mais sem abastecimento, como aconteceu logo que a lama chegou, serão buscadas outras alternativas de captação.

A mais adiantada delas é a do Rio Santa Maria, cujas obras são realizadas pela Samarco. “Somando essa com a do Rio Pancas, que está aprovada, e a da Lagoa do Limão, chegamos a 300 litros/segundo, perto dos 400 que a cidade usa”, diz.

Já os poços que foram perfurados captam apenas 10 mil litros/segundo cada.

Fonte: G1-ES