Moradores de Vitória e Vila Velha protestam contra o pó preto no ES

Dezenas de pessoas se reuniram na manhã deste domingo (18), na Praia de Camburi, em Vitória, para protestar contra a emissão de pó preto. Com cartazes, máscaras cirúrgicas e sacolas com o pó recolhido em suas próprias residências, as pessoas pediam o fim da poluição. Para os participantes do protesto, o pó preto que afeta a maioria dos municípios da Grande Vitória é proveniente de empresas mineradoras e siderúrgicas.

De acordo com o presidente da Associação dos Amigos da Praia de Camburi e um dos organizadores do manifesto, Paulo Pedrosa, as pessoas protestam por mais qualidade de vida. “Queremos qualidade de vida. Já estamos há mais de três décadas sofrendo com isso, pessoas estão com problemas respiratórios e nada acontece. Entra governo sai governo, sai governo, entra prefeito e sai prefeito e ninguém faz nada e nós não podemos ficar parados”, destacou.

O presidente da ONG Juntos SOS Espírito Santo Ambiental e membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, Eraylton Moreschi, afirma que o sistema utilizado pelas mineradoras, conhecido como wind fence (barreiras contra o vento) não é eficiente na contenção de poeira.

Moreschi também é engenheiro químico e estuda o assunto há mais de uma década. No bairro onde ele mora, Ilha do Boi, não houve redução, pelo contrário, ele afirma que nos últimos cinco anos houve aumento de 40% de poeira sedimentada. “A média mensal na Ilha do Boi era cinco gramas por metro quadrado. Nos últimos últimos cinco anos de medição, quando instalaram a wind fence, até 2012, quando todas as wind fences já estavam instaladas, a média na Ilha do Boi se mantém igual, em torno de sete gramas por metro quadrado ao mês”, afirmou à Rádio CBN.

Pedindo ações mais eficientes para resolver o problema, a dona de Casa Maria da Penha Demo usou a poeira retirada da sua casa na manhã deste domingo para sujar todo o corpo de pó preto. Moradora da Ilha do Frade, ela conta que já não aguenta mais limpar a casa várias vezes ao dia. “Se você for na minha casa você não acredita. Nós lavamos a varanda e o resta da casa e quando usamos o pano em seguida para enxugar, ele sai pretinho”, disse.

Segundo os organizadores da manifestação contra o pó preto, novas ações devem ocorrer nos próximos domingos na Praia de Camburi.

Outro lado
No início de janeiro, as empresas Vale e Arcelor Mittal garantiram que medem ações para controlar a emissão do pó preto. A Vale destacou que é equipada com telas ao redor das pilhas de minério que reduzem em quase 80% a propagação da poeira. Além disso, informou que reforça os controles ambientais em situações climatológicas como as observadas nos últimos dias. A Arcelor Mittal disse ainda que, no verão, intensifica os trabalhos para a redução dos poluentes e que está investindo cerca de R$ 100 milhões em um projeto que prevê melhorias no ponto de vista ambiental.

Fonte: G1-Espírito Santo