TEMAS GERAIS

Morre aos 87 anos o jornalista e escritor Tom Wolfe, diz jornal

Autor é um dos expoentes do gênero que mescla jornalismo e literatura.

Em 15/05/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O escritor americano Tom Wolfe, considerado um dos maiores e mais inovadores nomes do jornalismo do século 20, morreu nesta segunda-feira (14) aos 87 anos, informou o jornal "The New York Times".

Wolfe estava internado em um hospital de Manhattan para se tratar de uma infecção, segundo sua agente, Lynn Nesbit. Ele morava em Nova York desde 1962, quando foi contratado pelo jornal "The New York Herald Tribune".

Tom Wolfe foi um dos autores mais influentes do new journalism (ou jornalismo literário), o movimento que revolucionou a escrita de não ficção a partir da década de 1960 e que teve como expoentes Gay Talese, Truman Copote (1924-1984) e Norman Mailer (1923-2007).

Em suas obras, esses autores passaram a tratar o jornalismo como uma forma de arte ao aproximá-lo da literatura. Usavam técnicas e recursos de narrativa e de edição até então associados a romances, contos e ensaios.

No caso de Wolfe, destacavam-se a sátira, o humor irônico e um estilo de escrita ousado, que ao mesmo tempo em que podia soar erudito também buscava imitar a linguagem a oral e desafiava a gramática. O uso incomum da pontuação também se destaca na obra do autor.

Além de livros-reportagem e coletâneas de não ficção, como "Radical Chique e o Novo Jornalismo" (Companhia das Letras), Tom Wolfe escreveu obras de ficção, como "A fogueira das vaidades" (1987). O romance foi adaptado para o cinema em 1990, em filme homônimo dirigido por Brian De Palma e estrelado por Tom Hanks, Bruce Willis e Melanie Griffith.

Outra obra de Wolfe que virou filme foi "Os eleitos" (Rocco). Neste livro-reportagem, ele contou a história de pilotos de provas que foram transformados em astronautas em um projeto espacial pioneiro dos Estados Unidos.

Chamado "Os eleitos – Onde o futuro começa" (1983), o longa com Sam Shepard, Scott Glenn, Ed Harris e Dennis Quaid ganhou quatro estatuetas do Oscar.

Três dos mais emblemáticos textos de Tom Wolfe estão reunidos na coletânea "Radical Chique e o Novo Jornalismo", editada no Brasil em 2005:

  • "Radical Chique", sobre uma reunião elitista organizada pelo maestro Leonard Bernstein (1918-1990) para arrecadar fundos para o Partido dos Panteras Negras (alguns membros estavam no encontro);
  • "O último herói americano", perfil do piloto de stock car Junior Johnson;
  • "A garota do ano", perfil da socialite americana Baby Jane Holzer.

No posfácio da obra, Joaquim Ferreira dos Santos escreveu sobre o estilo do autor: "Se os Beatles colocaram uma colher de LSD na música, Tom Wolfe pôs um pote no jornalismo".

O obituário do "New York Times" cita que Wolfe – chamado de "o Balzac da Park Avenue" – era quase tão conhecido por seu estilo satírico quanto por seus trajes:

"Ele era instantaneamente reconhecível enquanto passeava pela Madson Avenue – um homem alto, esbelto, de olhos azuis, aparência ainda de menino em seu impecável terno de três peças cor de baunilha, camisa de seda listrada com a gola alta branca engomada, lenço brilhante à mostra dentro do bolso, relógio de bolso, faux spats e sapatos brancos".

O texto lembra ainda, que certa vez, Tom Wolfe descreveu o próprio estio como "neo-pretensioso".

Perfil de Tom Wolfe

Thomas Kennerly Wolfe Jr nasceu em 2 de março de 1930 em Richmond, Virgínia. O pai era um professor de agronomia no Virginia Polytechnic Institute e editor de um jornal de temática agrícola. A mãe foi quem incentivou o interesse do filho por arte e leitura.

(Foto: AP/Bebeto Matthews/Arquivo)