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Mírian Leitão diz ter sofrido ataque verbal e ameaças em voo.

Em nota oficial, o Partido dos Trabalhadores lamenta o constrangimento.

Em 13/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A jornalista e comentarista de economia Miriam Leitão afirmou ter sido agredida verbalmente por simpatizantes do PT em voo Brasília-Rio no último dia 3. O relato foi publicado por ela em sua coluna no jornal "O Globo" desta terça-feira (13). "Foram duas horas de gritos, xingamentos, palavras de ordem contra mim e contra a TV Globo", escreveu. "Não eram jovens militantes, eram homens e mulheres representantes partidiários. Alguns já em seus cinquenta anos. Fui ameaçada, tive meu nome achincalhado e fui acusada de ter defendido posições que não defendo", acrescentou. Letícia Sabatella, no ano passado, contou ter sido hostilizada durante manifestação em Curitiba, no Paraná, e, meses depois, esteve em passeata pedindo a saída de Michel Temer da Presidência.

Segundo Miriam, o ataque começou assim que o grupo entrou na aeronave da Avianca. "Logo depois eles entraram e começaram as hostilidades antes mesmo de sentarem. Por coincidência, estavam todos, talvez uns 20, em cadeiras próximas de mim. Alguns à minha frente, outros do lado, outros atrás. Alguns mais silenciosos me dirigiam olhares de ódio ou risos debochados, outros lançavam ofensas", continuou. "Terrorista, terrorista - gritaram alguns", relatou a jornalista. Segundo Míriam, a única mulher que integrava a comissão de bordo lhe sugeriu mudar de lugar a convite do comandante. "É aqui que eu vou ficar", alegou com o avião já atrasado.

Em sua coluna, a comentarista do "Bom Dia Brasil" afirmou que caso ela não mudasse de lugar, o avião não iria decolar e que a ordem partiu da Polícia Federal. "Enfrentei a ditadura. Não tenho medo. De nada", respondeu a jornalista. "Nos momentos de maior tensão, alguns levantavam o celular esperando a reação que eu não tive. Houve um gesto de tão baixo nível que prefiro nem relatar aqui", continuou. "Permaneci em silêncio", assegurou. "Alguns, ao andarem no corredor, empurravam minha cadeira, entre outras grosserias", relatou a colega de profissão de Mônica Iozzi, uma das apoiadoras das Diretas Já, assim como o ator Marcelo Serrado.

Ainda na publicação, a colunista escreveu que "o piloto nada disse ou fez para restabelecer a paz a bordo. Nem mesmo um pedido de silêncio". "Quando me levantei, um deles (delegado do PT), no corredor, me apontou o dedo xingando em altos brados. Passei entre eles no saguão do aeroporto debaixo do coro ofensivo", continuou. "Sou apenas uma jornalista e continuarei fazendo meu trabalho", finalizou Míriam, uma das famosas a comparecer ao velório de Sandra Moreyra.

Em nota oficial, o Partido dos Trabalhadores lamenta o constrangimento sofrido pela jornalista Miriam Leitão no voo entre Brasília e o Rio de Janeiro no último dia 3 de junho, conforme relatado por ela em sua coluna de hoje.

"Orientamos nossa militância a não realizar manifestações políticas em locais impróprios e a não agredir qualquer pessoa por suas posições políticas, ideológicas ou por qualquer outro motivo, como confundi-las com empresas para as quais trabalhem.

Entendemos que esse comportamento não agrega nada ao debate democrático. Destacamos ainda que muitos integrantes do Partido dos Trabalhadores, inclusive esta senadora, já foram vítimas de semelhante agressão dentro de aviões, aeroportos e em outros locais públicos.

Não podemos, entretanto, deixar de ressaltar que a Rede Globo, empresa para a qual trabalha a jornalista Miriam Leitão, é, em grande medida, responsável pelo clima de radicalização e até de ódio por que passa o Brasil, e em nada tem contribuído para amenizar esse clima do qual é partícipe. O PT não fará com a Globo o que a Globo faz com o PT.

Senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores."

A Avianca também se posicionou sobre o caso por meio de uma nota enviada pela assessoria de imprensa:

"A Avianca Brasil vem a público esclarecer que repudia veementemente qualquer ação que viole os direitos dos cidadãos. A presença da Polícia Federal foi solicitada na aeronave que fazia o voo 6327 (Brasília – Rio de Janeiro/Santos-Dumont), no dia 3, após a tripulação detectar um tumulto a bordo que poderia atentar à segurança operacional e à integridade dos passageiros. O procedimento objetivo seguido pelo comandante, no estrito cumprimento de suas funções, seguiu a praxe do setor para esses casos.

Atenciosamente,
Avianca Brasil"
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Foto: Divulgação, TV Globo / PurePeople