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Mugabe e militares se reúnem para gerenciar crise no Zimbábue

Encontro ocorre em meio a incerteza e com presença de enviados da África do Sul.

Em 16/11/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, dois ministros de seu gabinete e o chefe dos militares encontraram enviados da África do Sul, nesta quinta-feira (16), no escritório presidencial, segundo o jornal "Herald", jornal oficial do Estado.

As fotos publicadas pelo site do "Herald" mostram Mugabe, o general Constantino Chiwenga, o ministro da Defesa Sydney Sekeramayi e o ministro da Segurança do Estado, Kembo Mohadi conversando com autoridades sul-africanas junto com o padre católico Fidelis Mukonori.

Segundo o jornal, o encontro acontece na State House. O fato de Mugabe ter saído de sua casa, no subúrbio de Harare e ter ido ao local, segundo o "Wall Street Journal" pode indicar uma nova fase na transição de poder no país. Desde a noite de terça-feira (14), o presidente estava confinado em sua casa junto com familiares e aliados.

Mukonori está atuando como intermediário entre Mugabe e os generais, que assumiram o controle de prédios públicos na quarta-feira (15) e colocaram militares nas ruas da capital, Harare.

Segundo fontes da agência Reuters e do jornal "Times" da África do Sul, Mugabe insiste em permanecer como o único líder legítimo do país e rejeita inclusive a mediação de intermediários da Igreja. "Os militares insistem que o presidente tem que pôr fim ao seu mandato", indicaram as fontes citadas pelo jornal. "É uma espécie de ponto morto, um beco sem saída", acrescentaram.

A justificativa dos militares, que evitam usar a palavra "golpe", é realizar uma operação direcionada a "criminosos" ligados ao presidente.

Mugabe, ainda visto por muitos africanos como um herói da libertação, é repudiado no Ocidente, que o vê como um déspota cujas desastrosas medidas econômicas e disposição para recorrer à violência para se manter no poder destruíram um dos Estados mais promissores da África.

Relatos da inteligência zimbabuana aos quais a Reuters disse ter tido acesso levam a crer que o ex-diretor de segurança Emmerson Mnangagwa, demitido da vice-presidência na semana anterior, está elaborando um projeto de poder pós-Mugabe para o país com os militares e a oposição há mais de um ano.

Mnangagwa, ex-braço-direito de Mugabe e um dos heróis da independência do país, exilou-se na África do Sul. Na quarta-feira, surgiram relatos não confirmados de que ele estaria voltando ao país.

(Foto: Divulgação)