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Mulheres sofreram estupros a cada 2 horas no RJ em 2015.

No ano passado, um total de 4.612 mulheres foram vítimas de crimes sexuais.

Em 17/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A cada 100 crimes de violência sexual no estado do Rio, 85 são cometidos contra mulheres. No ano passado, um total de 4.612 mulheres foram vítimas de crime dessa natureza — 4.128 vítimas de estupro e 484 vítimas de tentativa de estupro. Isso quer dizer que uma mulher foi vítima de estupro ou tentativa de estupro a cada 2 horas em 2015. Os dados constam na nova edição do Dossiê Mulher, lançado nesta sexta-feira (17) no Rio. O levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP), reúne os principais crimes cometidos contra as mulheres no estado. Pela primeira vez, crimes como assédio e importunação também ganharam destaque.

A publicação aponta ainda que, no ano passado, 360 mulheres foram vítimas de homicídio doloso no estado do Rio de Janeiro e 16,7% dos casos desses homicídios eram resultados de violência doméstica ou familiar. Das autorias identificadas nesses homicídios, 15% foram atribuídos a companheiros e ex-companheiros das vítimas e 35% dos homicídios de mulheres ocorreram no interior da residência. Houve, praticamente, uma mulher assassinada por dia no estado.

No universo de mulheres vítimas de violência física, em 2015, foi registrado um total de 49.281 vítimas de lesão corporal dolosa. Nesses casos também prevalece a violência doméstica ou familiar: 63,2% foram praticadas por companheiros e ex-companheiros e 61% das agressões, dentro da  residência. No ano passado, a cada 11 minutos uma mulher foi agredida no estado.

O dossiê foi lançado no Museu de Arte do Rio, na Zona Portuária. O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, participaram do evento. Eles falaram na importância de mudar a cultura para diminuir os crimes do relatório e lembraram que a violência contra a mulher consta até em sambas antigos.

Assédio sexual
O dossiê apresentou também, pela primeira vez, os dados estatísticos de assédio sexual e importunação ofensiva ao pudor. Em 2015, pelo menos duas mulheres por dia procuraram uma delegacia policial para registrar algum tipo de assédio sexual sofrido. "A maior visibilidade e a exposição pública dos casos de assédio, em especial por meio das mídias sociais e de outros movimentos sociais, podem ter contribuído para que o assédio e a importunação sofridos pelas mulheres passassem a ser socialmente percebidos como violência e, a partir daí, como crime ou infração penal", diz o texto.

Segundo uma das organizadoras do dossiê, major Cláudia Moraes, o assédio é verificado juridicamente quando há uma relação de poder e hierarquia entre a vítima e o agressor, em qu a vítima tem de conceder favores sexuais ao agressor. Já a importunação ocorre geralmente em ambiente público e é praticada por desconhecidos, como uma cantada na rua, quando a vítima é tocada dentro de um transporte público, por exemplo. Em ambos os casos, segundo a maior, 90% das vítimas são mulheres.

O tratamento legal adotado no momento do registro das ocorrências mostra que 72,4% dos casos de assédio sexual e 83% dos casos de importunação ofensiva ao pudor foram tipificados na Lei nº 9.099/95, que trata dos crimes de menor potencial ofensivo.

A violência sexual tem como vítimas preferenciais as jovens, em especial as crianças e as adolescentes: 45,1% delas tinham menos de 14 anos e 65% dos casos ocorreram dentro de alguma residência. Apesar da gravidade da situação, os números, segundo o ISP, depresentam uma redução de 12,6% e de 17,4%, respectivamente, se comparados aos dados de 2014. 

Estes números são divulgados pelo Estado do Rio de Janeiro há 11 anos consecutivos. Pela primeira vez, o Dossiê Mulher apresenta os números de dois fenômenos silenciosos: assédio sexual e importunação ofensiva ao pudor. Outra novidade desta edição é a apresentação da análise sobre o perfil dos acusados, com relação ao grau de instrução, ocupação e faixa etária.

Ferramentas para denúncias
O Dossiê Mulher fornece um serviço à população ao informar os endereços e telefones das 14 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM) e 13 Núcleos de Atendimento à Mulher (NUAM) da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) e dos organismos e serviços especializados de atendimento à mulher vítima de violência no estado do Rio de Janeiro.

Com o intuito de facilitar ainda mais o acesso à informação, o Instituto de Segurança Pública, este ano, lança também a versão do Dossiê Mulher na plataforma interativa Tableau. A ferramenta, de livre acesso ao público, disponibiliza, além das informações presentes no Dossiê, outros dados que não chegaram a ser analisados no relatório. A consulta poderá ser feita através do site do ISP.

Para ampliar a divulgação sobre as estatísticas das violências cometidas contra as mulheres, foi lançada a fanpage do Dossiê Mulher no Facebook. A página no Facebook também divulgará artigos, eventos e lançamento de outras publicações sobre o tema.

 

Fonte:G1