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Navio-plataforma que explodiu no ES vai passar por reparos em Cingapura.

BW Offshore, responsável pelo navio, não informou a data da remoção.

Em 19/01/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus que há quase um ano sofreu uma explosão na casa de bombas e deixou nove pessoas mortas e 26 feridas, vai ser enviado para um estaleiro em Cingapura, na Ásia, para passar por reparos. A informação foi repassada nesta segunda-feira (18) pela BW Offshore, responsável pela embarcação.

O acidente, que aconteceu no mar, na região de Aracruz, no dia 11 de fevereiro de 2015, é considerado a pior tragédia na história do Espírito Santo no setor de petróleo e gás e o mais grave do país nos últimos 14 anos.

A embarcação, que está localizada nos campos de Camarupim e Camarupim Norte, no litoral de Aracruz, e é alugada pela Petrobras da companhia norueguesa BW Offshore, vai deixar o Espírito Santo nas próximas semanas. Mas a data exata e o nome do estaleiro não foram divulgados.

A BW informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o FPSO (siga em inglês para Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência de óleo) está em processo de preparação para o reboque, e atualmente passa pela etapa de desconexão das linhas de ancoragem.

Depois que a embarcação seguir para o exterior, não há um prazo para que ela retorne, nem uma definição se ela vai operar novamente.

“Uma vez que a plataforma  chegue ao estaleiro, será possível determinar o tempo necessário para os reparos e para que o FPSO volte a operar. A BW, no momento, está estudando cenários sobre a volta do FPSO”, justificou a multinacional norueguesa.

Apesar das informações passadas pela BW, ainda existem muitas dúvidas sobre a retomada das atividades no Litoral Norte capixaba. Fontes ligadas à Petrobras disseram que os campos de Camarupim e Camarupim Norte estão entre os ativos estudados para serem colocados à venda pela estatal. Procurada, a Petrobras não retornou à demanda feita pela reportagem.

Dados como prejuízos, redução da produção e se as atividades vão ser retomadas no local continuam sem respostas mesmo após quase um ano do maior acidente do setor de petróleo e gás, no Espírito Santo.

Em meio à desmobilização do navio, a BW realiza um Plano de Demissão Voluntária Incentivada (PDVI) com os trabalhadores que atuavam na embarcação.

Indiciados
Após investigar as causas do acidente no navio-plataforma, a Polícia Federal decidiu indiciar funcionários da BW  Offshore, terceirizada da Petrobras, por homicídio doloso e lesão corporal grave. Os crimes, juntos, podem render até 20 anos de prisão.

Um total de quatro funcionários da BW Offshore, sendo dois filipinos, um russo e um polonês, foram indiciados por participação no acidente. Além do gerente de plataforma, o superintendente de marinha, o superintendente de manutenção e o operador de marinha foram indiciados por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

Segundo a Polícia Federal, a partir de diligências e exames periciais, foi possível verificar a prática criminosa.crime.

Relatório da Petrobras
Em relatório interno distribuído pela Petrobras a funcionários, a companhia afirmava que uma sucessão de erros provocou a explosão na casa de bombas da embarcação.

Erros
De acordo com o relatório interno, enviado a funcionários da Petrobras, a instalação de uma peça fora dos padrões necessários para o sistema, a falta de planejamento e de análise de riscos durante a troca de linhas que faziam a transferência de fluidos de um tanque para o outro, o envio de equipes para a casa de bombas mesmo com o alarme acionado e a ausência de simulações anteriores que preparassem os profissionais para esse tipo de situação de risco comprometeram a realização de procedimentos usuais no FPSO.

Laudo pericial feito pela Comissão de Investigação de Acidente – formada por membros da Petrobras e BW  Offshore – mostra que o vazamento de gás começou após uma mudança no alinhamento para a transferência de fluidos e condensado de um tanque para o outro. O contato desse gás com uma lâmpada teria sido o estopim da explosão.

A luminária localizada em cima do flange foi a provável fonte de ignição do acidente, segundo a estatal. Outros fatores chegaram a ser investigados como motivadores, entre eles uso de ferramentas e movimentos dos profissionais.

Uma fonte ligada à Petrobras detalhou que meses antes do acidente, um terminal cego (flange) foi instalado no circuito que fazia a transferência de água e óleo condensado, mas a resistência à pressão dessa peça era inferior à demandada pelo sistema.

Ainda de acordo com a fonte, a incompatibilidade do equipamento só veio à tona no dia da explosão, quando, por um erro na abertura e fechamento das válvulas, a pressão em uma das linhas aumentou fazendo com que o flange se abrisse antes mesmo de o sistema de segurança desligar a bomba. Como consequência, houve vazamento de gás e, posteriormente, a explosão.

Outro erro grave apontado pelo boletim da Petrobras foi o fato de equipes terem sido enviadas à sala de bombas. “A resposta da emergência que analisou o ocorrido fez um retrato equivocado da gravidade do cenário, permitindo que a equipe, mesmo com os alarmes de gás, adentrassem a sala das bombas por três vezes”, reconhece o documento apresentado em inglês.

No item do documento “o que fazer para evitar o acidente”, a primeira orientação é: proibir a entrada de pessoas em áreas com atmosfera inflamável. Recomendação que não foi seguida.

Investigações
A Marinha foi a primeira a confirmar oficialmente a conclusão das investigações: “Um vazamento de substância inflamável na casa de bombas foi a causa da explosão. Fatores materiais e operacionais contribuíram para o acidente”, informou por nota ao citar que o relatório seria encaminhado ao Tribunal Marítimo.

Relatório interno da Petrobras revela causas de explosão em navio no Espírito santo (Foto: A Gazeta)

Arte mostra o que aconteceu no navio no Espírito Santo (Foto: A Gazeta)