MEIO AMBIENTE

Navio que analisa lama na foz do Rio Doce ainda não emitiu resultado.

Coleta de água na costa capixaba completou três meses.

Em 27/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Três meses após o início das pesquisas do navio Vital de Oliveira, em Regência, no Norte do Espírito Santo, nenhum resultado foi divulgado. A embarcação foi usada por pesquisadores para analisar a lama de rejeitos de minério da barragem da Samarco que se rompeu em Mariana (MG) e chegou até o mar através do Rio Doce.

O navio hidroceanográfico chegou a Regência no dia 26 de novembro de 2015, e segundo o governo do estado, ele seria importante para mensurar os impactos da lama na foz do Doce e litoral capixaba.

A embarcação foi equipada com três laboratórios e instrumentos de alta tecnologia, sendo usada por 90 tripulantes, sendo 40 pesquisadores (a maioria da Ufes).

Porém, até esta sexta-feira (26), nenhum resultado oficial das pesquisas foi divulgado. A Marinha disse que o documento de conclusão foi enviado para o governo do estado no dia 28 de janeiro, e desde então, o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) diz que está analisando os resultados, e que só irá se manifestar assim que chegar a uma conclusão.

Resultados preliminares
Resultados preliminares da pesquisa foram informados no dia 30 de novembro de 2015, quatro dias após o navio ir para Regência. Eles apontaram plâncton vivendo em meio a água com sedimentos.

Segundo o biólogo e pesquisador Lohengrin Fernandes, também foram encontrados animais maiores, como golfinhos e peixes, nadando em meio aos sedimentos. Porém, na época não era possível falar sobre o comportamento de todos esses seres vivos encontrados, como por exemplo, quanto à reprodução.

Depois da divulgação desses resultados, outros dados da pesquisa não foram mais divulgados.

Navio
O Návio de Pesquisa Hidroceanográfico (NPqHO) 'Vital de Oliveira' foi comprado em 2012, em uma parceria entre a Marinha, o Governo Federal, e as empresas Petrobras e Vale. Do total de R$ 162 milhões, R$ 38 milhões foram pagos pela Vale, que é uma das proprietárias da Samarco.

Durante os trabalhos, o navio não ficou exatamente em cima da lama porque isso poderia comprometer o funcionamento do motor. Duas lanchas e dois botes infláveis foram usados por pesquisadores para chegar bem perto e recolher materiais.

A Marinha disse que não divulgou o resultado da pesquisa porque a ida do navio para Regência foi um pedido do Governo do Espírito Santo. Por isso, o documento foi encaminhado para o estado.

Pescadores
Enquanto isso, os pescadores que dependem do Rio Doce estão impedidos de trabalhar. Isso porque os testes feitos no navio também vão informar se os peixes que ainda vivem no rio Doce e no mar de Regência estão ou não próprios para consumo humano. Se os resultados, a Justiça proibiu a pesca nos locais por tempo indeterminado.

“A quaresma era o período que a gente mais vendia peixes e mais ganhava dinheiro. Dessa água não se tira mais nada. Desceu essa avalanche de lama e agora a gente vai ter que recomeçar do zero”, disse o presidente da Associação de Pescadores de Maria Ortiz em Colatina, José de Fátima Lemos

Na mesma comunidade, em Maria Ortiz, Edicleia Ponche, é pescadora há mais de 40 anos. Ela conta que o dinheiro recebido da Samarco, de um salário mínimo e uma cesta básica por mês, é insuficiente.

“Nosso salário era de R$3,5 mil, meu e do meu marido juntos. Então nós tomamos um prejuízo muito grande. Minha vida é aqui no rio. Eu moro aqui há 52 anos. Eu ia me preparar para pescar manjuba. Agora acabou tudo, a nossa vida aqui no Rio Doce. A gente não pode mais usar a água”, disse Edicleia.

Fonte: G1