NEGÓCIOS

Novo acordo propõe transformar Vale em sociedade sem controle definido.

Proposta fica sujeita à aprovação pelos órgãos societários da companhia.

Em 20/02/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Vale informou nesta segunda-feira (20) que acionistas apresentaram na sede da companhia um novo acordo que propõe tornar a empresa uma sociedade "sem controle definido", em uma iniciativa que visa aumentar a transparência e a igualdade de direitos para todos os detentores de ação. A proposta precisa da aprovação dos órgãos societários da companhia.

Os principais acionistas da Vale concordaram em renovar um acordo que os mantém como um bloco de controle por mais três anos e meio, enquanto preparam uma proposta para listar a empresa no segmento especial do Novo Mercado da Bovespa.

"A transação parece ser uma vitória para os acionistas controladores e minoritários", disse à Reuters Rodolfo de Angele, analista sênior de materiais básicos da JPMorgan Securities.

As mudanças na Vale foram acordadas pelos maiores acionistas da companhia: Litel Participações (que reúne os fundos de pensão Previ, Funcef e Petros), Litela Participações, Bradespar, Mitsui & Co. e BNDES Participações (BNDESpar). E devem começar a vigorar em 10 de maio de 2017. O acordo foi apresentado ao mercado nesta segunda-feira.

As ações preferenciais da Vale operavam em alta de mais de 5% por volta das 11h50, enquanto as ordinárias tinham alta semelhante. Já os papéis da Bradespar subiam mais de 14%.

Termos do acordo

Nos termos do acordo, está prevista a conversão voluntária das ações preferenciais classe A da Vale em ações ordinárias, na relação de 0,9342 ação ordinária por ação preferencial classe A da empresa.

A precificação será definida com base no preço de fechamento das ações ordinárias e preferenciais apurado com base na média dos últimos 30 pregões na Bovespa anteriores a 17 de fevereiro, ponderada pelo volume de ações negociado nesses pregões.

Após esse passo, a Vale incorporará a Valepar, a holding de investimentos que a controla, e pagará aos proprietários da Valepar um prêmio de 10% por suas ações. Esse passo diluirá os acionistas minoritários em 3% e é uma condição prévia para o restante do processo de transformação da estrutura da Vale, que deixaria de existir em novembro de 2020.

Fontes familiarizadas com o assunto disseram à Reuters em janeiro que a Bradespar e o Previ, fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, buscaram o plano para aumentar o apelo da Vale entre os investidores.

Uma vez que o acordo expirar, nenhum acionista poderá ter mais de 25% da Vale, sob pena de ter que realizar Oferta Pública de Aquisição (Opa) para os demais acionistas titulares de ações ordinárias.

A proposta prevê ainda que 20% dos integrantes do Conselho de Administração serão conselheiros independentes.

Avaliação do mercado

Para analistas ouvidos pela reuters, o plano também ajudará a limitar as interferências do governo na empresa. A melhoria da governança decorrente da mudança poderia ajudar as ações da Vale a reduzirem o "gap" de valorização em relação aos seus pares globais de mineração.

Os sócios da Valepar incluem a Previ, a Bradespar, a japonesa Mitsui, BNDESpar e os fundos de pensão Petros, Funcef e Fundação Cesp.

O acordo de transição precisa de apoio do equivalente a 20% das ações com direito a voto da Vale, garantindo a governança necessária para implementar o plano de propriedade diluída, disse o comunicado.

"No geral, mensagem é muito positiva para Vale e Bradespar BRAP4.SA", afirmaram em nota a clientes analistas do BTG Pactual, que destacaram o potencial de "mudança de governança brutal" para a companhia sob o novo acordo.

Recorde de produção

A Vale produziu um recorde de 348,8 milhões de toneladas de minério de ferro em 2016, alta de 0,9% ante o ano anterior, devido à melhor performance operacional das minas e plantas no norte do país, que mais do que compensaram a redução de produção em outras regiões.

No quarto trimestre, a maior produtora global de minério de ferro teve produção de 92,39 milhões de toneladas, alta de 4,5% ante o mesmo período do ano anterior.

Lucro

De acordo com o último balanço da Vale, divulgado em outubro, a mineradora registrou lucro líquido de R$ 1,842 bilhão no terceiro trimestre. O resultado foi puxado por maior volume de vendas e preços mais altos do minério de ferro.

No mesmo período do ano passado, a mineradora havia apresentado prejuízo de R$ 6,663 bilhões. Naquela época, a variação cambial afetou seus resultados.

Já na comparação com o segundo trimestre de 2016, quando o lucro somou R$ 3,585 bilhões, houve queda de 48,6%. A mineradora atribuiu essa queda principalmente a variações cambiais.

Fonte: g1