TEMAS GERAIS

O que fazer para deixar de ser a polícia que mais morre no mundo?

O policial e bombeiro militar têm lidado com um inimigo ainda mais perigoso: o suicídio..

Em 23/09/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Divulgação/PMES

Além de todos os riscos peculiares da profissão, o policial e bombeiro militar têm lidado com um inimigo ainda mais perigoso: o suicídio.

Além da ausência de políticas públicas de segurança, é importante afirmar, categoricamente, que a polícia brasileira é a que mais morre no mundo. Entre 2009 e 2013, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.770 policiais foram mortos, sendo 490 mortes apenas em 2013. Aliada a esses dados assustadores, há também as condições de trabalho precárias, os salários baixos e os problemas socioeconômicos cada vez maiores em nossa sociedade, que favorecem o aumento da criminalidade e formam um contexto que contribui, negativamente, para a realidade desoladora na qual a PM enfrenta diariamente.

Além de todos os riscos peculiares da profissão, o policial e bombeiro militar têm lidado com um inimigo ainda mais perigoso: o suicídio. No Espírito Santo essa realidade está muito presente após fevereiro de 2017.

Trabalho estressante

Em 2019, uma pesquisa desenvolvida pela Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (ACSPMBM-ES) demonstrou que dos 550 PMS e 120 BMS entrevistados, 57% consideram seu trabalho estressante sempre; 15,71% sofrem de depressão e ou ansiedade e 17, 86% sofrem de insônia. Documentação obtida pela entidade também demonstra que de 2013 a 2019, foram 47 tentativas de suicídio (média 7,8 tentativas ao ano) e um total de 07 suicídios cometidos em todo o período.

Outro dado alarmante, obtido na pesquisa, é que 62,06% dos entrevistados afirmaram que existe preconceito em relação ao militar que necessita de ajuda para cuidar de sua saúde mental. Cabo Eugênio, presidente da ACSPMBM-ES, explica que os dados reais de suicídio de militares são uma incógnita, já que o assunto ainda é um tabu dentro da corporação e, portanto, muito dos casos acabam não sendo notificados nos anuários da Polícia Militar.

Apoio psicossocial

Perante a urgência de possibilitar aos militares estaduais um apoio frente a um problema tão real, e aproveitando o ensejo do Setembro Amarelo, o Núcleo de Apoio Psicossocial da Associação dos Cabos e Soldados foi lançado no dia 04 de agosto deste ano. O intuito é oferecer atendimento psicológico presencial e online à aproximadamente 21 mil pessoas, entre associados militares e seus dependentes.

A entidade também tem construído articulações parlamentares, para que investimentos sejam realizados a fim de reforçar essa estrutura e, dessa maneira, fornecer aos agentes de Segurança Pública meios de cuidar de sua saúde mental e, assim, estarem prontos para seguirem em sua missão junto à população espírito-santense. (Com informações da Ascom/ACSPMBM-ES)