ECONOMIA INTERNACIONAL

O que pretende a China com investimentos generosos na Ucrânia?

O canal RT analisou por que os investidores chineses têm mostrado tanto interesse pela Ucrânia.

Em 22/05/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A China planeja financiar grandes projetos de infraestrutura na Ucrânia, incluindo a construção da quarta linha do metrô em Kiev, que custará cerca de $ 1,1 bilhões. Pequim também propôs a criação de uma zona de livre comércio com a Ucrânia. O canal RT analisou por que os investidores chineses têm mostrado tanto interesse pela Ucrânia.

Cada cidade ucraniana aspira atrair investimentos chineses para renovar suas estradas, pontes e os empresários chineses não se manifestam contra.

"As empresas chinesas estão prontas a pagar subornos e fecham os olhos aos exageros nos orçamentos das construções", disse ao RT uma fonte no governo ucraniano.

Pequim oficial também se mostra interessado. Por exemplo, o embaixador da China na Ucrânia afirmou no final de abril que a China poderia introduzir o regime de isenção de vistos com a Ucrânia.

"A parte chinesa está disposta a tomar medidas em qualquer altura no que se refere à circulação de pessoas, incluindo o regime de isenção de vistos, com base no desejo recíproco e no princípio de igualdade e benefício mútuos", disse Du Wei.

A China também foi iniciadora da discussão para criar uma zona de livre comércio entre os dois países.

Quem beneficia?

Os investidores chineses são dos poucos que estão prontos para contribuir para a economia ucraniana. No ano passado, o país recebeu cerca de $ 4 bilhões de investimentos, dos quais quase $ 3 bilhões são dinheiro dos bancos russos.

As empresas europeias não estão dispostas a investir na Ucrânia por causa dos riscos elevados. Segundo a empresa de auditoria britânica Ernst & Young, a Ucrânia ocupa a primeira posição no mundo quanto ao nível de corrupção.

Entretanto, os investimentos chineses também podem ser explicados.

"A zona de livre comércio com a Ucrânia será vantajosa para a Ucrânia, já que no mercado ucraniano os exportadores chineses não são iguais aos europeus, que exportam suas mercadorias com preços baixos, ou mesmo com taxas alfandegárias nulas no âmbito da zona de livre comércio entre a Ucrânia e a UE. Assim, o acordo de livre comércio entre a China e a Ucrânia deixará os empresários chineses melhorarem suas posições na luta competitiva pelo mercado ucraniano", disse à mídia o analista do Ukrsotsbank, Andrei Prikhodko.

Os empresários chineses também podem obter acesso aos mercados da União Europeia, com quem a Ucrânia tem um acordo de livre comércio. Atualmente, os empresários chineses pagam uma taxa de 5-10% quando exportam mercadorias para a UE, outros 10-15% do preço de custo constituem gastos de logística. Em teoria, fornecer mercadorias a partir da Ucrânia pode permitir economizar até 20%, o que tornará os produtos chineses mais competitivos.

Área de matérias-primas

A Ucrânia também é muito atrativa para os investidores chineses por causa das terras agrícolas que devem ser vendidas, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo o Ministério do Território e dos Recursos chinês, cerca de 20% das terras chinesas estão poluídas com pesticidas e abuso de fertilizantes químicos. Ao mesmo tempo, a procura dos produtos biológicos está crescendo não só na China, mas também na UE.

Além disso, a parte central da Ucrânia é rica em argila, que é uma das melhores no mundo. Os investidores chineses poderão também ter acesso às florestas ucranianas, à extração de âmbar e de ferro.

Uma fonte no governo ucraniano disse ao RT que a China pretende usar a Ucrânia como fonte de recursos e de mão de obra barata dado que o salário médio na Ucrânia é de $ 168, enquanto na China constitui $ 700 por mês.

"Para os chineses é lucrativo comprar matérias-primas mais baratas, produzir a mais baixo custo e vender a produção em vários países do mundo e ter lucro", disse o funcionário.

Uma situação análoga está ocorrendo no continente africano, onde a presença chinesa também é muito ativa.

AP Photo/ Sergei Poliakov