TEMAS GERAIS

OIM fala em tragédia sobre europeus se negarem a resgatar imigrantes

Estou feliz que a Espanha tenha dado um passo adiante, diz William Swing.

Em 12/06/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Swing, agradeceu nesta terça-feira à Espanha por receber a embarcação de imigrantes "Aquarius", mas antecipou que haverá graves crises nessa rota marítima se os países se negarem a resgatar este tipo de embarcações.

"Estou feliz que a Espanha tenha dado um passo adiante para acabar com esta crise, mas temo uma tragédia maior se os Estados começam a se negar a resgatar imigrantes ameaçados", disse.

Mediante uma declaração lida por seu porta-voz, Swing sustentou que atuar dessa maneira "não vai fazer com que outros migrantes desistam de tentar chegar à Europa".

Perante a recusa das autoridades da Itália e Malta a permitir que o "Aquarius", que leva a bordo 629 refugiados, atraque em algum de seus portos, o Governo espanhol anunciou que a embarcação poderá atracar em Valência, embora deva demorar de três a quatro dias para chegar até na cidade.

No "Aquarius", com o qual a ONG francesa SOS Méditerranée resgata imigrantes em situação de naufrágio, há sete mulheres grávidas e 120 crianças que viajam sozinhas.

Swing pediu aos países uma reflexão e que entendam que "deter um ou mais embarcações no Mediterrâneo não é uma resposta aos desafios migratórios da Europa, que requer uma política integral e de instituições necessárias para aplicá-la".

O fundamental - acrescentou - é que sejam planejadas oportunidades para combinar um movimento migratório "seguro e ordenado, uma gestão humana das fronteiras e o combate aos traficantes".

Por sua vez, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lembrou que por causa dos fluxos migratórios dos últimos anos no Mediterrâneo e em outros mares do planeta, foi elaborado um guia dirigido aos marujos e capitães com instruções práticas para os resgates "sob um imperativo humanitário".

"O princípio do resgate nunca deve ser colocado em dúvida", disse o porta-voz da organização, Andrej Mahecic.

A Acnur concorda com a OIM que toda a evidência disponível indica que os imigrantes não deixarão de tentar atravessar o Mediterrâneo para a Europa, "independentemente de haver operações de resgate ou não".

Mahecic lembrou que inclusive em um período recente no qual foram suspensas temporariamente todas essas operações, "os botes seguiam saindo do norte da África".