POLÍTICA INTERNACIONAL

Países não reconhecem reeleição de Nicolás Maduro

O presidente foi reeleito com 67,7% dos votos aos 92,6% das urnas apuradas.

Em 21/05/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enfrenta nesta segunda-feira (21) uma nova onda de condenação internacional depois de ter sido reeleito na votação deste domingo, marcada por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta abstenção.

O presidente foi reeleito com 67,7% dos votos aos 92,6% das urnas apuradas. O chavista obteve mais de 5,8 milhões de votos. A participação foi uma das mais baixas da história venezuelana: 46% do eleitorado e um total de 8,6 milhões de votos.

Os outros candidatos, Henri Falcón, que obteve 21% dos votos, e Javier Bertucci, com 11%, disseram que não reconheciam o resultado e pediram novas eleições.

Antes da realização das eleições, Estados Unidos, Canadá, União Europeia (UE) e vários países latino-americanos já haviam afirmardo que a eleição não é justa, nem transparente, e acusaram Maduro de sufocar a democracia. Os EUA anteciparam há um mês que não reconheceriam o resultado do pleito.

Veja a seguir reações à reeleição de Maduro:

Grupo de Lima

O grupo declarou que não reconhece a legitimidade das eleições e que irá convocar seus embaixadores em Caracas para expressar protesto.

O Grupo de Lima é formado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia

Seu comunicado informa ainda que os países reiteram sua preocupação com a situação na Venezuela e vão submeter uma resolução sobre isso em sua Assembleia Geral.

"[Os países] não reconhecem a legitimidade do processo eleitoral que teve lugar na República Bolivariana da Venezuela, concluído em 20 de maio passado, por não estar em conformidade com os padrões internacionais de um processo democrático, livre, justo e transparente", diz a nota.

"Reiteram sua preocupação com o aprofundamento da crise política, econômica, social e humanitária que deteriorou a vida na Venezuela, o que se reflete na migração em massa de venezuelanos que chegam a nossos países em condições difíceis, na perda de instituições democráticas, do estado de direito e na falta de garantias e liberdades políticas dos cidadãos", afirma também.

A nota ainda diz que o Grupo irá discutir apoio e cooperação para questões de imigração e saúde. Uma reunião sobre imigração e refúgio de venezuelanos deve ser realizada no Peru em julho.

Brasil

O Ministério das Relações Exteriores afirmou por meio de nota oficial que a eleição presidencial na Venezuela não teve "legitimidade" nem "credibilidade". Na nota, o Itamaraty disse que o governo venezuelano não atendeu as reivindiações internacionais para uma eleição "livre e justa".

"Nas condições em que ocorreu - com numerosos presos políticos, partidos e lideranças políticas inabilitados, sem observação internacional independente e em contexto de absoluta falta de separação entre os poderes - o pleito do dia 20 de maio careceu de legitimidade e credibilidade", afirmou o Itamaraty.

Chile

Pouco antes do anúncio da vitória de Maduro, o presidente chileno Sebastián Piñera tuitou: "As eleições na Venezuela não cumprem com os padrões mínimos de uma verdadeira democracia. Não são eleições limpas e legítimas e não representam a vontade livre e soberana do povo venezuelano. O Chile, como a maioria dos países democráticos, não reconhecem estas eleições".

Panamá

"O governo da República do Panamá não reconhece os resultados das eleições celebradas neste domingo, 20 de maio, na República Bolivariana da Venezuela, por não considerar o processo como democrático nem participativo", diz o post do governo no Twitter.

Espanha

"No processo eleitoral da Venezuela não foram respeitados os mínimos padrões democráticos. A Espanha estudará, junto com seus sócios europeus, as medidas oportunas e seguirá trabalhando para diminuir o sofrimento dos venezuelanos", disse o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, pelo Twitter.

Rússia

Um responsável da chancelaria russa acusou os EUA e outros países ocidentais intervieram nas eleições na Venezuela, segundo a agência "Interfax".

"Infelizmente temos que constatar que nestas eleições, além dos dois participantes tradicionais, isto é, o povo venezuelano, os eleitores, por um lado, e por outro os candidatos que apresentaram seus programas... houve um terceiro participante, os governos que chamaram abertamente a boicotar as votações", afirmou Alexander Schetinin, diretor do Departamento da América Latina do Ministério de Relações Exteriores.

"É ainda pior quando uma série de governos, incluído o que o senhor está nomeando (os Estados Unidos), a priori declararam que não iriam reconhecer os resultados", afirmou a um grupo de jornalistas. "As eleições foram realizadas. Os seus resultados já têm um caráter irreversível: dois terços dos votos foram para o atual presidente do país, Nicolás Maduro", acrescentou.

(Foto: Divulgação)