CULTURA

Peculiaridades da vida da jornalista Maria Nilce no palco

"Eu, Maria Nilce" é um mergulho no passado da jornalista através da dança.

Em 05/06/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Inspirado no livro “Eu, Maria Nilce” e também com base em conversas com amigos e familiares de Maria Nilce Magalhães, o espetáculo é um mergulho no passado da jornalista através da dança, que escancara aos olhos do espectador a vida como ela é, com erros, acertos, beleza e violência, tal como foi a vida dessa mulher. “Fomos em busca de detalhes e ficamos totalmente encantados com a ousadia dela, que teve uma presença marcante na sociedade capixaba”, declara o produtor cultural Artênio Dutra, idealizador de Poison.

A cada movimento das bailarinas Ariane Guisso, Priscila Lages, Karollyne Tristão, Polyanna Senna e Rayanne Guimarães a luz provoca sensações e emoções através da intensidade, cores e ângulos. Escrevendo sua própria dramaturgia, dialogando com os demais elementos que compõe a estética do espetáculo e revelando os pensamentos, prazeres e ideologias da inquietante jornalista. Uma curiosidade: o nome do espetáculo é uma referência ao perfume preferido de Maria Nilce.

O figurino de “Poison”, assinado pela designer Dayse Maciel e pela figurinista Angela Mendes, traz referências obtidas via acervo fotográfico da homenageada. E todo o processo de produção foi feito de forma colaborativa entre a equipe responsável pelo espetáculo, já que a troca de impressões sobre Maria Nilce foi intensa. “Construímos um perfil baseado nas nossas percepções a cerca da mulher e profissional Maria Nilce. Nossa meta é mostrar ao público o furacão que foi esta mulher de coragem, uma figura realmente peculiar”, afirma Artênio Dutra.

Com designer de luz concebido por André Estefson, o espetáculo levará o público a mergulhar na intimidade, devaneios, introspecções, o amor a família e a coragem desse furacão em torno da personalidade multifacetada e peculiar de Maria Nilce Magalhães, desvelando sua trajetória profissional bastante polêmica no jogo dialético das relações sociais e de poder. Além, será abordado o uso do corpo e a importância que se dá à imagem e até que ponto estas relações podem se tornar nocivas e destrutivas hoje em nossa contemporaneidade. “Já na primeira coreografia, que representa a crueldade de sua morte, a luz se apresenta como um elemento imprescindível que aproxima e afasta o espectador da cena, que oculta e revela. Seguindo assim por todo espetáculo, em uma iluminação que expõe minuciosos detalhes de uma rotina de vida intensa e instigante que não costumamos presenciar. Beleza e violência são as palavras-chave que traçam a dramaturgia de iluminação pensada por mim para a composição de Poison”, destaca André Estefson.  

A trilha sonora de Anderson Bardot compostas única e exclusivamente para serem utilizadas nas apresentações do espetáculo de dança mostra no prólogo uma realidade de tensão e que deixará o público perplexo como os corpos são tratados de forma banal e sem valor após a morte. Poison tem direção geral de Karla Ferreira Pinto, direção artística e supervisão de dramaturgia assinada por Eliane Miranda, direção coreográfica de Patricia Miranda e idealização e concepção de Artênio Dutra. Conta ainda com a colaboração de Rubens Rocha (meitre em ballet e ensaiador), Lygia Machado (assistente de produção), Anderson Bardôt (trilha sonora), André e Juliano Ferreira Pinto (cenário).

Violência contra a mulher em pauta

O idealizador do projeto, Artênio Dutra, explica que, após exibição de Poison para alunos do curso de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá, em Vitória, foi levantada a questão do feminicídio no Espírito Santo, que está entre os Estados com maior índice deste tipo de crime. “Mesmo não sendo essa a intenção direta do trabalho, acreditamos ser conveniente abordar este assunto, já que casos como de Maria Nilce Magalhães, Araceli Cabrera Sánchez Crespo, Milena Gottardi Tonini Frasson e outras tantas mulheres invisíveis pontua uma questão que deve ser sim conversada abertamente e que nos permite novas reflexões, muito mais profundas sobre o assunto, tendo a arte como um meio de veiculação destas informações”, declara.

Oficina de dança

No dia da apresentação de Poison, às 16 horas, a bailarina e bacharel em dança Eliane Miranda vai ministrar, gratuitamente, uma oficina de dança contemporânea voltada para alunos de escolas de dança, professores e alunos de escolas do Ensino Médio. Os interessados devem se inscrever na hora.

Serviço
Espetáculo de dança contemporânea Poison
Data: 9/6, às 19h30
Local: Teatro Municipal Geraldo Cestari, em Itaguaçu
Entrada gratuita

Imagem: Ilustração