TEMAS GERAIS

Peritos da FAB voltam ao local da queda de avião que matou Agnelli.

Aeronave CA-9 era certificada como experimental e não tinha caixa-preta.

Em 20/03/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Peritos da Aeronáutica voltaram neste domingo (20) ao bairro da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo, em busca de vestígios e evidências que possam ajudar na investigação da queda de um monotor que matou 7 pessoas, entre elas o empresário Roger Agnelli no sábado (19).

Morreram no acidente Agnelli, ex-presidente da Vale, Andrea, sua mulher, Anna Carolina e João Agnelli, seus filhos, Parris Bittencourt, marido de Anna, Gabriela, namorada de João, e o piloto, Paulo Roberto Simões.  A presidente Dilma Rousseff e a Vale lamentaram a morte de Agnelli por meio de nota.

A aeronave, modelo CA-9, da norte-americana Comp Air Aviation, de prefixo PR-ZRA, não tinha nenhuma caixa-preta, segundo a Força Aérea Brasileira. Por ser um monomotor e com modelo certificado como tipo "privada experimental" (voando em forma teste para verificação de critérios de segurança e operação) pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ele não precisava possuir o dispositivo de gravação de dados do voo e da voz da cabine.

"Aeronave não certificada, voando em caráter experimental, não possui um nível de segurança confirmado para estar voando, é como se estivesse em teste, por conta e risco do proprietário", explica o comandante Carlos Camacho, que atua na área de segurança operacional na aviação civil.

Os investigadores da FAB coletaram no sábado peças da aeronave que foram encontradas em meio aos destroços e irão dar pistas sobre as causas da tragédia.

"A perícia encontrou um alto grau de destruição, um nível de destruição muito alto", afirma o coronel Madison Almeida do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) 4, órgão subordinado ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que responde pela área de São Paulo.

Entre as supeitas para a causa do acidente está uma falha no motor ou um problema em relação às bombas de combustível. O piloto poderia, por exemplo, não ter ligado as bombas para bombeamento ao motor.

Não há informações ainda sobre se o piloto alertou à torre do Campo de Marte após a decolagem que havia pane.

Evidências, testemunhos e imagens
Conforme a Aeronáutica, a ação inicial dos peritos incluiu coleta de evidências no local da queda do avião, que se chocou contra uma casa de 3 andares, vizinha ao Campo de Marte, além de testemunhos de pessoas que viram o monotor se aproximando e também a realização de fotos.

Os investigadores buscam imagens de câmeras de segurança de outras residências da área e também públicas que podem fornecer novos elementos e levar ao cálculo da velocidade e do percurso do monomotor após a decolagem.

Outro fator analisado pelos investigadores é o histórico do piloto Paulo Ricardo Simões, de 33 anos. Ele teria que ter uma habilitação específica para o modelo que era de Agnelli. A investigação também quer saber se o piloto reportou panes nos voos anteriores ou se a aeronave passou por alguma manutenção recente.

Os dados das caixas-pretas são importantes para a investigação, mas não essenciais. Foi o que ocorreu durante a apuração da morte do candidato à presidência Eduardo Campos (PSB), ocorrida na queda de um jato Cessna em Santos (SP) em 2014. Na ocasião, a caixa-preta da aeronave não estava funcionando e o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção Aeronáuticos (Cenipa) apontou que erros dos pilotos levaram à tragédia.

A aeronave decolou às 15h20 da cabeceira 12 de Campo de Marte e seguia com destino ao Santos Dumont, no Rio de Janeiro, caindo três minutos após a decolagem. O monomotor foi comprado pelo empresário em dezembro de 2012 e tinha capacidade para até 3.900 kg e
7 pessoas.

Conforme dados da Anac, o monomotor estava com a situação de aeronavegabilidade normal e com a documentação em dia. O G1 tentou contato com a agência buscando informações sobre a manutenação da aeronave e o fato dela ser experimental, mas não recebeu retorno.

O major Henguel Ricardo Pereira, que coordenou a ação do Corpo de Bombeiros no resgate, afirmou que os corpos estavam "bem prejudicados e mutilados". "No local, a aeronave foi destroçada pelo choque e os corpos estavam multilados e queimados", disse ele. Foram recolhidos sete crânios no local.

Em nota, o grupo WPP, para o qual Roger Agnelli trabalhava como diretor independente até então, também divulgou nota expressando "profundas condolências sobre a trágica perda".

Fonte:G1