POLÍTICA INTERNACIONAL

Peru vai pedir prisão de ex-presidente Toledo por propina da Odebrecht.

Autoridades fizeram uma busca em uma casa de Alejandro Toledo em Lima na manhã de sábado.

Em 05/02/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

LIMA - Procuradores no Peru têm se preparado para pedir a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo neste sábado, após descobrirem evidências que o implicam em 20 milhões de dólares em propinas que a empreiteira brasileira Odebrecht admitiu ter distribuído para ganhar um contrato durante seu governo, disse uma fonte.

Autoridades fizeram uma busca em uma casa de Toledo em Lima na manhã de sábado, disse o escritório do Procurador Geral no Twitter, sem dar detalhes adicionais.

Uma fonte no escritório do procurador que não foi autorizada a falar publicamente disse que a busca aconteceu após a detecção de 11 milhões de dólares transferidos para um sócio de Toledo que os procuradores acreditam que é parte dos 20 milhões de dólares em propinas que a Odebecht disse que pagou para obter um contrato de infraestrutura no mandato do ex-presidente, entre 2001 e 2006.

Um representante de Toledo não respondeu imediatamente pedidos de comentário. Toledo, encontrado por telefone em Paris pelo jornal local El Comercio, negou ter recebido propinas, segundo um áudio da entrevista publicado no site do jornal.

O Peru já prendeu um de seus ex-presidentes por corrupção, o ex-líder autoritário Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos por acusações que incluem também abusos contra os direitos humanos.

Toledo subiu ao poder denunciando Fujimori e prometendo uma era de democracia livre de corrupção.

Em um acordo com procuradores norte-americanos em dezembro, a Odebrecht admitiu ter pago 29 milhões de dólares em propinas para obter contratos públicos no Peru ao longo de um período que abrangeu três presidências.

O acordo afirma que o conglomerado de engenharia brasileiro pagou 20 milhões de dólares em propinas entre 2005 e 2008 em benefício de uma autoridade de alto-escalão cujo nome não foi revelado, que teria se oferecido para ajudar a companhia a ganahr um contrato de infraestrutura em 2005.

O atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski, foi ministro de Finanças e primeiro ministro de Toledo, e negou qualquer envolvimento no esquema de corrupção da Odebrecht.

"A Justiça deve ser a mesma para todos", disse Kuczynski no Twitter. "Se alguém cometeu atos de corrupção, deve ser penalizado, eu ordenei ao executivo colaborar com o que for necessário para garantir que a investigação seja eficiente. Corrupção nunca mais".

Kuczynski é objeto de uma investigação preliminar em separado sobre uma lei assinada por ele em 2006, que removeu obstáculos legais aos contratos rodoviários concedidos à Odebrecht e outras empresas brasileiras. Ele negou irregularidades.

A Odebrecht reconheceu a distribuição de centenas de milhões em subornos para ganhar contratos de obras públicas na América Latina, estimulando inquéritos do Peru ao Panamá e abalando as elites e políticos da região.

Por Mitra Taj/Reuters