MEIO AMBIENTE

Pesca no Rio Doce está proibida por causa de contaminação de metais.

Origem do material poluente será divulgada daqui a um mês, diz ICMBio.

Em 31/03/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) recomendou que a pesca no  Rio Doce continue interrompida por prazo indeterminado, em função da presença de elevados níveis de contaminação por metais tóxicos nos peixes e crustáceos da região.

Os resultados preliminares da análise técnica colhida em janeiro, na Foz do Rio Doce, no Espírito Santo, ainda vão passar por uma nova etapa para identificação da origem dos contaminantes.

O relatório final e conclusivo desta fase da expedição - numa viagem de grande porte coletando peixes, água e sedimentos - sairá no final de abril, daqui a um mês, segundo o Instituto.

Por ora, não se pode fazer uma associação direta da contaminação com os resíduos de mineração da Samarco no rio, mas a incidência desse material aumentou após o rompimento das barragens de lama em novembro passado. É o que afirma o presidente do ICMBio, Cláudio Maretti, para quem os resultados preliminares dos laudos são “preocupantes”.

“Não podemos associar diretamente a lama da barragem ao aumento dos metais, mas há uma concentração maior desse material após o acidente. No entanto, pode ser efeito do movimento de lama ao longo do rio, mobilizando uma poluição já depositada antes do vazamento. Teremos uma nova posição em meados ou fim de abril”, explica Maretti.

Essa data pode ser o dia 17, já com encaminhamento de ações para começar o trabalho de recuperação na região, dentro do plano acordado pelo poder público com a Samarco com aval da Justiça.

Novas análises
Em apresentação dos pesquisadores para o Ibama, ICMBio e ministério do Meio Ambiente em Brasília, nesta quarta-feira (30), o grupo de trabalho dos governos federal, capixaba e mineiro - que acompanha a recuperação da área afetada pela lama da Samarco - decidiu por uma nova expedição na região.

Após a atual etapa de monitoramento, iniciada três dias após o rompimento de rejeitos, haverá uma nova rodada do navio do ICMBio em abril para resultados em junho.

Os dados de água, vida marinha e sedimentos continuarão a ser analisados num prazo de 10 anos, dentro do acordo firmado pelos governos com a Samarco para recuperação socioambiental. Universidades da região e a Marinha se mobilizam nessas expedições.

Danos à saúde
Enquanto isso, o relatório da expedição de janeiro no rio deverá sair em um mês, mas o ICMBio manteve a recomendação de proibir a pesca “para prevenção de danos à saúde humana e por prevenção de piores danos se acumulando no meio ambiente”.

“Os dados são muito complexos, não são simples, e vamos continuar analisando caso a caso, momento a momento. Veja que a situação da água é dinâmica: a amostra coletada de água numa profundidade pode representar chuva no dia anterior, vento sul ou nordeste, se houve chuva na cabeceira do Rio Doce ou se a chuva foi só no litoral”, afirma o presidente do ICMBio.

Além disso, trata-se de um conjunto de análises de superfície e fundo, de sedimentos e vida marinha, de maior ou menor acumulação, mais ao Norte ou mais ao Sul. “Há um conjunto de amostras para evitar dados desgarrados”, frisa Maretti.

Preocupado, o ICMBio decidiu juntar aos pesquisadores as secretarias de meio ambiente estaduais para avaliação dos dados na reunião desta quarta. “O processo é mais longo e mais complexo. Na verdade, há uma série de dúvidas e nem relatório final temos ainda, mas temos informações preliminares de níveis de metais acima do permitido pela legislação”, reconhece o presidente do instituto, ligado ao ministério do Meio Ambiente.

Fonte: G1-ES