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PM que agrediu estudante é indiciado por abuso de autoridade.

Caso aconteceu em 28 de abril durante manifestação.

Em 09/06/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

A Polícia Civil concluiu o inquérito que apura a agressão sofrida pelo estudante Mateus Ferreira, de 33 anos, durante um protesto em Goiânia. Após analisar mais de 40 horas de imagens no dia da manifestação, as investigações mostraram que ele não participou de nenhuma depredação durante o ato. O capitão da Polícia Militar Augusto Sampaio, que acertou um cassetete na cabeça do manifestante, foi indiciado por abuso de autoridade. O policial também vai responder por lesão corporal no âmbito militar.

"Qualquer atentado contra a incolumidade física do cidadão configura esse abuso de autoridade. Houve uma desproporção na ação do policial, que provocou o segundo crime, que é a lesão corporal grave. Como ele estava em serviço, isso passa ser um crime militar. Vamos encaminhar ao juiz, que deve enviar cópia do inquérito para o Ministério Público Estadual e para o Ministério Público Militar", disse

O assessor de comunicação da Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Mendes, afirmou que já foi concluido o Inquérito Policial Militar (IPM) e deve se manifestar na próxima semana sobre o caso.

A agressão aconteceu no dia 28 de abril, durante uma manifestação contra as reformas Trabalhista e Previdenciária, no Centro de Goiânia. Após ser atingido por um cassetete, Mateus foi socorrido por outros manifestantes, que o colocaram em cima de uma placa onde recebeu atendimento do Corpo de Bombeiros.

Em seguida, o estudante foi levado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ficou internado por 18 dias, sendo 11 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O estudante passou por duas cirurgias. Na primeira, os médicos retiraram pedaços do osso quebrado. O segundo procedimento foi para reconstruir a parte afetada pela pancada na testa. Para isso, foram usados pinos e cimento ortopédico.

Afastamento de PM

O comandante geral da PM-GO, coronel Divino Alves de Oliveira, explicou que o capitão Sampaio foi afastado do patrulhamento das ruas no dia 1º de maio e ficou exercendo apenas atividades administrativas enquanto o Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga a conduta dele não era concluído.

“Houve excesso, não há como fugir a esta situação, houve o excesso na ação praticada por esse policial militar e, em decorrência disso, o comando da instituição instaurou o inquérito policial militar que irá apurar as responsabilidades”, explicou o coronel à época do fato.

Em nota, a corporação explicou que instaurou o procedimento “diante das imagens que circulam em redes sociais, quando da intervenção policial militar, que mostram a clara agressão sofrida” pelo estudante.

Depoimento

Mateus Ferreira prestou depoimento à Polícia Civil no último dia 2 de junho. De acordo com o delegado Isaías Pinheiro, titular do 1º DP da capital, onde ocorreu a oitiva, ele voltou a dizer que não se recorda do que aconteceu.

"Ele disse que não se lembra de nada, que viu a pancada, apagou e depois acordou no hospital", disse o delegado ao G1.

O depoimento durou cerca de 2h. Mateus já havia relatado em entrevista ao Fantástico que "perdeu a memória do dia o protesto". Na ocasião, ele também destacou que o PM se excedeu e provocou uma "violência fora do comum".

Ainda de acordo com Pinheiro, Mateus também negou que participou de qualquer tipo de ato e vandalismo ou depredação no dia da manifestação.

(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)