TEMAS GERAIS

Polícia não tem pistas de autores de crime contra professor em Santaluz.

Professor foi encontrado carbonizado; GGB quer que se apure homofobia.

Em 16/06/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Há seis dias, os moradores do munício de Santaluz, no nordeste da Bahia, buscam explicações para o crime que acabou com dois homens carbonizados dentro do porta-malas de um carro. Uma das vítimas, que já foi identificada, é Edivaldo Silva de Oliveira, de 32 anos. A segunda, que segue no Departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana (DPT), ainda não teve a identidade descoberta. A suspeita da polícia é de que seja Jeovan Bandeira, que está desaparecido. "Eram muito amigos, só andavam juntos desde crianças. Eram tipo irmãos", conta o jovem Kaykson Santos, de 21 anos, sobrinho de Edvaldo Silva.

Os amigos eram professores e moradores da cidade desde a infância. Para os familiares da vítima já identificada, trata-se de uma perda chocante. "Não temos a noção do que aconteceu. Ninguém imagina qual possa ser o motivo desse crime bárbaro", disse o sobrinho de Edivaldo Silva em entrevista nesta quinta-feira (16).

Segundo a polícia, os depoimentos de familiares e amigos afirmam que os professores eram gays. Em protesto contra a morte, que reuniu uma multidão na cidade na segunda-feira (13), bandeiras com arco-íris que representam o público LGBT lançavam luz sobre a possibilidade do crime ter motivação homofóbica.

Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), espera que a hipótese de crime por homofobia seja investigada. "Todos os crimes cometidos que envolvem homossexuais com vítimas, a orientação sexual pesa de forma desfavorável na decisão de matar ou não.  Existe uma cultura que considera homossexuais indivíduos de segunda categoria. Tudo vira ódio", atesta o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira. O ativista destaca que 18 gays foram assassinados na Bahia somente neste ano.

Em entrevista na manhã desta quinta-feira, o delegado de Santaluz, João Farias, disse que a autoria e motivação do crime ainda são desconhecidos. "A Polícia Civil está empenhada. Estou ouvindo pessoas íntimas das vítimas, mas ainda não sabemos como o crime foi cometido. Não sabemos se foi latrocínio, se foi crime passional, se foi crime por homofobia. Não sabemos", relata.

João Farias destaca que as dificuldades de encontrar os autores e motivações do crime estão principalmente relacionadas ao fato de que não existem, até o momento, testemunhas oculares do caso. O delegado acrescenta que nenhum familiar ou amigo ouvido aponta que os professores tenham alguma inimizade. "Todos os relatos mostram que são pessoas do bem", disse.

Conforme o Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT), o segundo corpo encontrado no carro, que a polícia suspeita ser do professor Jeovan Bandeira, ainda foi identificado devido o grau de carbonização do corpo. Não há prazo definido para finalização dos exames.

Crime

Dois corpos foram encontrados carbonizados dentro do porta-malas de um carro incendiado às margens da BA-120, no município de Santaluz, localizado na região nordeste da Bahia. O veículo estava capotado na estrada que dá acesso ao município vizinho de Queimadas.

Segundo a PM, guarnições da corporação e da Guarda Municipal foram acionadas após receberem a informação de que um acidente teria ocorrido e, quando chegaram ao local, na noite de sexta-feira (10), constaram que os corpos estavam no porta-malas.

Os dois corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade de Serrinha, a cerca de 170 quilômetros de Salvador, para serem identificados através de exames.

Por g1/BA