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Português reprova 50% dos jovens em processos seletivos

Levantamento analisou o desempenho de mais de 9 mil candidatos.

Em 04/05/2019 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Divulgação

A língua portuguesa se tornou a grande vilã na busca por uma vaga no mercado de trabalho. Isso foi constatado em uma pesquisa com 9.149 participantes. Eles realizaram um ditado com 30 palavras cotidianas. Caso houvesse mais de sete deslizes, ocorria a eliminação. O aumento de reprovados chamou a atenção dos selecionadores.

A maioria, 50,3%, apresentou um desempenho abaixo do permitido na avaliação, contra 49,7% de aprovados. Para Helenice Resende, recrutadora, o domínio das habilidades linguísticas é cada vez mais cobrado em entrevistas. “Uma das competências básicas exigidas pelas empresas é a comunicação. Para o colaborador conseguir dialogar corretamente com seus colegas e clientes, gerenciar negociações ou transmitir informações com clareza, é preciso entender bem as principais regras existentes no nosso idioma nativo”, afirma.

O número de pessoas com resultados negativos aumentou. No estudo efetuado em 2017, foram 46% desclassificados, contra 54% bem-sucedidos. O intuito da análise, segundo a recrutadora, é “identificar os principais motivos da desclassificação de candidatos e, com isso, auxiliá-los na compreensão dos pontos de melhoria”, conta. Estudantes do ensino médio técnico e regular tiveram os níveis mais altos de erros, com 55,9% e 52,9%, respectivamente. Os melhores índices ficaram com quem já cursa uma pós-graduação, com somente 16,7% eliminados. Os universitários foram a camada com mais participantes: representam 73% do estudo e tiveram 49,5% de reprovação.

Os alunos de Rádio e TV disparam com a performance mais baixa. Ao todo, 74,2% dos graduandos da área não conseguiram passar no teste. Em segundo lugar, com 62,5%, aparece Biomedicina. Na sequência, temos Administração (57%), Direito (54%) e Publicidade (50,4%). Em contrapartida, Engenharia de Produção e Letras ocupam primeiro e segundo lugares no ranking dos números mais satisfatórios, com 89,1% e 83,3% de aprovação, respectivamente. O top 5 é composto ainda por Psicologia (73,9%), Engenharia de Computação (71,7%) e Ciência da Computação (71%).

De acordo com Helenice, independentemente da área de atuação, essa habilidade é imprescindível. “O domínio do português é exigido para todos os cargos. Mesmo em ambientes onde a comunicação é pouco utilizada, clareza, coesão, objetividade e coerência são essenciais”, alerta Helenice.

Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o desemprego entre quem tem entre 18 e 24 anos é de 25,2%, enquanto para a população geral a taxa é de 12,4%. Desse modo, para evitar a desocupação, é fundamental se atentar a esse aspecto. “Para melhorar seu nível de conhecimento gramatical, o primeiro passo é identificar essa necessidade. Muitos não percebem suas defasagens e, por isso, não compreendem o motivo da desclassificação”, ressalta.

Atualmente, os testes são feitos on-line. Mesmo assim, os candidatos escorregam e têm um baixo desempenho. A recrutadora orienta: “leia livros, revistas e jornais com frequência. Fique atento quanto ao acesso exagerado a conteúdos informais, como os das redes sociais, pois podem confundir o leitor. Além disso, quando visualizar ou ouvir uma palavra nova, pesquise, pois isso contribuirá para o enriquecimento do seu vocabulário”. Para ela, também é válido desativar o corretor ortográfico automático, comum nos smartphones e procurar cursos, aplicativos ou jogos voltados ao aprimoramento das suas capacidades linguísticas.