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Possíveis parentes de "Clarinha" se preparam para exame de DNA no ES.

MP foi procurado por 102 famílias que acreditavam ter grau de parentesco.

Em 16/02/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) informou que até esta segunda-feira (15) 102 famílias que acreditam ter grau de parentesco com 'Clarinha', uma paciente vítima de atropelamento e que está internada em coma há 15 anos, entraram em contato com o órgão. Destas, 22 famílias vão ter prioridade para fazer o teste da digital e depois o exame de DNA. O MP-ES acredita que os exames de DNA começam ainda neste mês.

O MP-ES ressaltou que todas as ligações recebidas passam por uma triagem para verificar a compatibilidade dessas histórias com os dados da Clarinha. O órgão ainda vai fazer uma nova análise para definir as famílias que farão o DNA.

“Eu tenho muita esperança. Estou apostando todas as fichas nas famílias cadastradas de que uma delas vai ser a de Clarinha”, disse o médico tenente-coronel Jorge Potratz, responsável pela paciente no Hospital da Polícia Militar (HPM).

Clarinha, como é chamada pela equipe médica, foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, no Centro de Vitória. Ela foi socorrida por uma ambulância e chegou ao hospital já desacordada e sem nenhum documento.

DNA
Os familiares que realizarão o exame de DNA receberão um comunicado com no mínimo uma semana de antecedência, por meio do Grupo Especial de Trabalho Social (GETSO) do MP-ES, que realizará o agendamento.

O exame será gratuito para aqueles que passarem por essa primeira triagem, não importando de qual estado seja a pessoa, desde que tenha disponibilidade para vir ao Espírito Santo.

Em um primeiro momento, para auxiliar também na identificação, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil (PC) conseguiram reconstruir parte da digital do polegar de Clarinha.

Está sendo aplicada uma pomada nas digitais na tentativa de recuperar traços que possam levar a uma identificação completa. Essa pré-identificação tem servido para descartar alguns dos casos.

“A gente está fazendo um tratamento para reativar as digitais. Até agora, conseguimos uma coleta parcial do polegar direito com 70% de qualidade. Vamos continuar tentando reativar as digitais para fazer coleta dos dez dedos a partir daí, buscá-la nos bancos de dados existentes”, explicou a papiloscopista da Polícia Federal, Caroline Checon.

Com essa parte da digital coletada, uma família já foi descartada.

Compararam a digital da pessoa desaparecida com a da Clarinha, mas não tinha nenhuma relação. Durante a investigação, a polícia descobriu onde estava a desaparecida que a família procurava.

“Com o nome da pessoa desaparecida e o nome da mãe, conseguimos puxar a ficha de identificação desta pessoa. Isso me deixou muito feliz porque pude ajudar essa família”, relatou o médico tenente-coronel Jorge Potratz.

O MP informou que, ao todo, três casos foram solucionados da mesma forma. As famílias fizeram o teste da digital, não eram parentes da Clarinha, mas encontraram o parente sumido.

O caso
O Ministério Público informou que, de acordo com relatos de testemunhas na época, ela estava fugindo de um perseguidor, também não identificado, correu para o meio de uma avenida movimentada no Centro de Vitória e foi atropelada por um ônibus.

A vítima foi levada para o antigo Hospital São Lucas, onde passou por diversas cirurgias. Ainda de acordo com o MP, o cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo.

Sem documentos e com as digitais desgastadas, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido dentre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha qualquer notícia da mulher. Em seguida, Clarinha foi internada no HPM.

O MP informou que tentaram encontrar algum familiar com o auxílio de outros Ministérios Públicos, em bancos de desaparecidos, em delegacias, tudo na tentativa de identificação, sem sucesso.

A falta de identificação traz problemas diretos para qualquer cidadão. No caso dela, não é diferente. Nesse sentido, o MP-ES disse que tem feito um trabalho intenso por todos esses anos para buscar familiares ou conhecidos de Clarinha.

A promotora de Justiça Edwirges Dias expediu ofícios para todos os Ministérios Públicos, no sentido de integrarem essa campanha de identificação, apoiada pela também promotora de Justiça Arlinda Maria Barros Monjardim. “Trata-se de uma situação muito ruim, se observarmos que a Clarinha está viva e deve existir uma família em busca de notícias dela”, disse Edwirges.

Doutora Arlinda conta que, recentemente, houve uma família que procurou por uma pessoa com as mesmas características da Clarinha. “Era uma mãe em busca da filha e chegou a identificá-la, talvez pelo afã da busca, pelo desespero da causa. Mas, infelizmente, o exame de DNA comprovou a inexistência de parentesco”, lembrou.

Outras pessoas se disseram conhecidas, mas não se provou a veracidade dessas histórias. “Vamos descobrir algum parente ou conhecido. Não desistiremos dessa luta e sabemos que chegaremos a um final feliz”, disse.

As pessoas que tiverem alguma pista da identidade da Clarinha devem procurar o MP-ES por meio do Promotoria de Justiça localizada no Centro Integrado de Cidadania (Casa do Cidadão) na avenida Maruípe, 2.544, Bloco B, Itararé- ES - Vitória.

Fonte: G1-ES