CIDADE

Prefeitura de Serra vai restaurar as ruínas do Queimado

O investimento é de mais de R$ 1 milhão.

Em 19/09/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Reprodução

A prefeitura de Serra dá mais um passo rumo à restauração do sítio histórico do Queimado, e vai transformar o local em um verdadeiro museu a céu aberto. Nesta quinta-feira (20), será assinado um Acordo de Cooperação Técnica e Financeira entre o município e o Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades), para a obra de restauração das ruínas da Igreja São José do Queimado, no valor de aproximadamente R$ 1,3 milhão.

O prefeito da Serra, Audifax Barcelos, explica que este é um momento de extrema importância para a preservação da história do município, devido à grande representatividade do Queimado. “Palco de uma insurreição de escravos liderada pelos heróis Chico Prego, João da Viúva e Elisiário, em 1849, o local foi tombado pelo Conselho Estadual de Cultura em 1993. Agora, com a restauração das ruínas, queremos transformar Queimado em um museu a céu aberto, onde as pessoas possam conhecer a história de luta do povo serrano”, conta o prefeito. 

A assinatura será às 19h, durante o evento “Memórias de Uma Revolta”, na praça da estátua Chico Prego, em Serra-Sede. A programação terá início às 18h30, com apresentações culturais como congo, relatos históricos, capoeira, hip-hop, entre outras.

Conservação da história

É importante ressaltar que, para garantir a preservação da identidade do patrimônio histórico e cultural, nada será retirado nem construído no local. “Serão feitos ajustes na estrutura, para garantir a sustentação da igreja, permitindo que as pessoas visitem as ruínas em segurança. Queremos que as pessoas sejam orientadas por guias turísticos e conheçam a história do Queimado”, explica o titular da Secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur), Alessandre Motta. O secretário ainda acrescenta a importância de conservar a memória do local. “Queimado conta a história dos primórdios da Serra e deve ser preservado”, completa.  

Prospecção arqueológica

Antes de ser autorizado o início da restauração, foram realizadas atividades de prospecção arqueológica em um raio de 700 metros em torno do que restou do templo.

Entre abril e maio deste ano, especialistas em arqueologia trabalharam com o objetivo de encontrar artefatos da época dos escravos na área, como vasos e quadros, mediante autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que foram enviados ao Museu Histórico da Serra para restauração. O terreno do sítio histórico, que antes era particular, foi doado para a prefeitura da Serra em 2015.

Saiba mais sobre Queimado

Localizado a cerca de 25 quilômetros da capital do Estado, Vitória, o sítio histórico do Queimado foi palco do principal movimento contra a escravidão no Espírito Santo: a Insurreição do Queimado.

Em 19 de março de 1849, escravos da localidade de São José do Queimado, hoje distrito de Queimado, se revoltaram por causa de uma promessa do frei italiano Gregório José Maria de Bene. Se os escravos construíssem a igreja de São José, teriam alforria, mas isso não aconteceu.

Mais de 300 homens, mulheres e até crianças participaram desta rebelião capitaneada por Chico Prego, João da Viúva, Elisiário e muitos outros líderes que articularam seu povo para tomar a liberdade com as próprias mãos.

A insurreição foi um movimento tão forte que para contê-la foram necessárias forças vindas do estado do Rio de Janeiro, além das capixabas.

Os rebelados foram presos e julgados, cinco deles condenados à morte. Um dos líderes da Revolta, Elisiário, escapou da cadeia e refugiou-se nas matas do Morro do Mestre Álvaro e nunca mais foi recapturado. Chico Prego foi capturado e enforcado, em 11 de janeiro de 1850.  Hoje, ele nomeia a Lei de Incentivo Cultural do Município.

Serviço

Assinatura do Termo de Acordo de Cooperação Técnica e Financeira para restauração das ruínas da Igreja de São José do Queimado

Quando: quinta-feira (20), às 18h30, durante o evento Memórias de Uma Revolta

Local: Praça da estátua Chico Prego, Serra-Sede

Confira a programação completa do Memórias de Uma Revolta:

- Congo com religiões de Matriz Africana com grupo Konshaça

- Relato histórico com Rosa do Kisile

- Fábio do Carmo e Teodorico Boamorte (interpretação da música Chico Prego, escrita por Maurício de Oliveira)

- Hip-hop break

- Capoeira com Associação Raízes do Força / Força Negra

- Companhia Cultural Motumbaxé

- Apresentação de banda de Congo local com grupo Konshaça