TEMAS GERAIS

Presos pela morte de Loalwa Braz chegam a presídio em Bangu, no RJ

Trio chegou na noite de sexta (20) na Cadeia José Frederico Marques.

Em 21/01/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Os três suspeitos da morte da cantora Loalwa Braz, encontrada morta carbonizada dentro de um carro em Saquarema, na Região dos Lagos, foram chegaram à Cadeia Pública José Frederico marques, localidade no Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, na noite desta sexta-feira (20). A informação foi confirmada pela assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Eles deixaram a 124ª Delegacia de Polícia, em Saquarema, por volta das 13h de sexta.

De acordo com o delegado que investiga o caso, Leonardo Macharet, titular da 124ª Delegacia de Polícia, o funcionário da pousada de Loalwa Braz Vieira, onde ela também morava, "não demonstrou nenhum tipo de arrependimento" ao confessar participação na morte da cantora de "Chorando se foi". Ainda segundo o delegado, a conduta dele foi "incompatível com a natureza humana".

"Uma pessoa que não demonstrou nenhum tipo de arrependimento pela prática de um crime tão bárbaro. Ele viu que não teria solução, ele não teria como sustentar aquela versão, e isso possibilitou o encerramento do caso", disse o delegado Leonardo Macharet. Segundo o delegado, a motivação do crime foi patrimonial.

O crime
Loalwa foi encontrada carbonizada dentro de um carro em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio nesta quinta-feira (19). Três suspeitos de envolvimento na morte foram presos e autuados pelo crime de latrocínio, cuja pena máxima é de 30 anos. 

A família de Loalwa foi à Delegacia, e um irmão da vítima prestou depoimento. Ele disse, segundo o delegado titular da 124ª DP, que Loalwa já tinha a intenção de dispensar o caseiro por não estar satisfeita com os serviços prestados.

Familiares estiveram na tarde desta sexta no Instituto Médico Legal de Araruama, mas o IML não soube informar o grau de parentesco. Ainda de acordo com o IML, o corpo ainda depende de decisão judicial para a liberação. De acordo com o instituto de Araruama, a coleta de material biológico foi feita. É necessário que a família tenha uma decisão judicial que autorize o exame de DNA para comparar o material com o de um familiar próximo, de acordo com o instituto. Para a retirada do corpo, também é preciso ter determinação judicial. O laudo sobre as causas da morte da cantora segue em aberto, segundo o instituto.

Segundo a polícia, o funcionário confessou que Loalwa ainda estava viva quando o carro foi incendiado.

Segundo o delegado Leonardo Macharet, titular da 124ª Delegacia de Polícia, o funcionário de Loalwa foi levado à delegacia para prestar depoimento porque estava nervoso quando foi abordado na pousada; ele confessou envolvimento no crime, de acordo com a polícia. O homem de 23 anos estava com a camisa rasgada e chegou a dizer à polícia, ainda na pousada, que também havia sido vítima de agressão. O funcionário já tem passagem pela polícia por roubo.

O segundo suspeito, de 21 anos, preso na tarde desta quinta-feira (19); ainda de acordo com a Polícia Civil, foi o mais ativo no caso. O terceiro envolvido, de 18 anos, foi preso no Guarani, em Saquarema.

O crime
A Polícia Civil informou que o trio bateu na mulher com um galho e usou uma faca na abordagem do assalto, dentro da pousada. Como Loalwa gritava muito, eles a levaram para o carro para tirá-la do local. Na fuga, o carro teria apresentado problemas no motor e, por isso, eles decidiram colocar fogo no veículo com ela dentro, de acordo com a Polícia Civil. Dentro do veículo também foi encontrado um botijão de gás.

O delegado Leonardo Macharet disse que foram levados cerca de R$ 15 mil, louças, discos da cantora e porcelana. 

A Polícia Civil informou que um disco da cantora, um HD, um vaso de cerâmica e uma faca foram apreendidos no local.

Ainda de acordo com a polícia, homens invadiram a pousada de Loalwa, de 63 anos, onde ela também morava, e a colocaram no carro onde o corpo foi encontrado, na Estrada da Barreira, no Distrito de Bacaxá. A 124ª Delegacia de Polícia investiga o caso.

De acordo com a investigação, pelo menos dois homens invadiram o local – funcionários chegaram a relatar que teriam sido quatro invasores. Loalwa gritou por socorro e um funcionário foi quem pediu a outro para chamar a polícia. Os dois já foram ouvidos pela polícia.

Logo após a notícia da morte de Loalwa, diversos fãs e amigos prestaram solidariedade nos comentários na última postagem da cantora na rede social.

"Como eu dancei com ela. Deixará saudades. Hoje temos ritmo, mas, infelizmente, não temos letra", disse um deles. Outro fã homenageou a cantora de um dos maiores hits da lambada reverenciando a trajetória da Loalwa. "Que triste, perdemos a rainha da lambada... #ChorandoSeFoi".

Perícia
O trabalho de perícia foi realizado durante a parte da manhã. Um botijão de gás foi identificado no interior do veículo. A pousada também foi incendiada, segundo o Corpo de Bombeiros.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, Leonardo Couri, a equipe foi chamada por volta de 3h40 da madrugada desta quinta para combater um incêndio no  imóvel da cantora. O fogo atingiu o sótão.

Segundo o comandante, enquanto a equipe trabalhava na casa, um novo chamado foi feito. "Era para conter as chamas que consumiam um carro. Dentro do automóvel, a equipe identificou que havia um corpo carbonizado e a perícia foi acionada. Foi tudo muito rápido", afirmou Leonardo Couri. O corpo ainda não chegou ao Instituto Médico Legal de Araruama.

Segundo o comando do 25º BPM, está sendo dado todo o apoio necessário ao trabalho da Polícia Civil para que todos os suspeitos sejam identificados e localizados.

Sucessos da lambada
Loalwa nasceu no Rio de Janeiro e iniciou a carreira aos 13 anos. Cresceu em meio à música: o pai era chefe de uma orquestra popular e a mãe pianista clássica. A artista ficou conhecida como a voz da lambada, ritmo que se consagrou nos anos 80.

Vocalista do grupo Kaoma, Loalwa alcançou o topo das paradas musicais com "Chorando se foi", que foi levada a 116 países ao longo de duas décadas.

Ela permaneceu no grupo de 1989 a 1999. Um dos discos mais famosos foi "Worldbeat" (1989), que, além de "Chorando se foi", trazia a faixa "Dançando lambada".

A cantora teve mais de 25 milhões de discos vendidos e mais de 80 discos de ouro e de platina.

Seu talento garantiu reconhecimento dos maiores da MPB, como Gilberto Gil, Tim Maia, Alcione, Maria Bethania, Emílio Santiago, Gal Costa e Caetano Veloso. Esses cantores chegaram a gravar canções com Loalwa entre 1975 e 1985, ano em que ela passou a morar em Paris, logo após o show "Brésil en Fête", no Palais des Sports.

A cantora se apresentou em templos da música, como Paradis Latin, Méridien (Paris) e Madison Square Garden. Loalwa era membro da Academia Francesa de Artes, Ciência e Letras, pela qual foi condecorada com a medalha de prata (Prix Throlet).