EDUCAÇÃO

Professor brasileiro quer se capacitar e aprender mais, aponta pesquisa

Educadores acham que oportunidades de qualificação aos docentes é eficaz na valorização.

Em 12/10/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Divulgação

O professor brasileiro quer aprender. Com mais de 2,2 milhões de docentes no país, a percepção é que a valorização do profissional da educação não está unicamente em garantir salários mais atrativos e planos de carreira, mas em um conjunto de estratégias que tem como o ponto central o apoio à formação continuada. A pesquisa Profissão Professor –conduzida pelo movimento Todos pela Educaçãocom mais de 2 mil professores brasileiros de educação básica e ensino médio, em junho de 2018 –, aponta que 69% dos educadores defendem que dar mais oportunidades de qualificação aos docentes que estão na ativa é a medida mais eficaz para a valorização da profissão pela sociedade; 67% dos entrevistados destacam o envolver e escutar os educadores nos debates públicos e nas decisões políticas educacionais. Em suma, a qualificação e escuta, na opinião dos professores, podem levar à valorização da atividade; restaurar a autoridade frente aos alunos e pais, e melhorar remuneração aparecem em segunda posição com, respectivamente, 64% e 62%.

Um outro dado mostrado pela pesquisa – que reforça a percepção da importância dada aos temas que envolvem a formação do docente – mostra que 82% valorizam o apoio ao conhecimento sobre didáticas específicas da disciplina; 81% o conhecimento prático sobre como planejar as aulas; 77% conhecimento sobre teorias de aprendizado (como o aluno aprende); e 78% conhecimento sobre gestão de sala de aula. As médias altas mostram que o professor quer aprender. Um dos maiores desafios é criar um ambiente propício para que esse aprendizado aconteça, sobretudo diante da escassez de tempo. No Brasil, os docentes utilizam 12% da carga horária para administrar tarefas operacionais – corrigir exercícios e provas, preencher listas e tabelas, elaborar e revisar planejamento, calcular notas –; 20% é usado para manter a disciplina na sala de aula; e somente 67% é dedicado ao ensino e aprendizagem propriamente dita (OCDE).

Apoio ao aprendizado do professor

Com a experiência de atuar em mais de 5 mil escolas públicas e privadas, a Geekie – empresa que é referência em educação com apoio de inovação no Brasil e no mundo – atua com a certeza de que a tecnologia a serviço da educação se torna mais poderosa quando está nas mãos, também, dos professores. Ao auxiliar o docente a ter informações de forma rápida e eficiente, ele se torna um verdadeiro super-herói que pode melhorar a qualidade da educação no Brasil. “Com avanços tecnológicos exponenciais, o desafio é direcioná-los para levarmos a educação a um novo patamar. E não devemos excluir o professor e a educação continuada desse docente nessa equação. Um computador nas mãos dos professores, por exemplo, elevou a notas dos alunos brasileiros no PISA em 2,7 pontos”, analisa Claudio Sassaki, mestre em Educação pela Universidade de Stanford e cofundador da Geekie.

Na percepção de Sassaki – pesquisador independente de Educação com foco em metodologias ativas no Brasil –, auxiliar o professor nessa busca por aprimoramento profissional extrapola a visão sobre a capacitação para o uso de ferramentas tecnológicas. “Estamos falando na gestão e disseminação de metodologias ativas de aprendizagem; o uso da tecnologia só tem sentido quando está a serviço da intencionalidade pedagógica”, afirma.

No Geekie One – plataforma de educação personalizada que oferece conteúdo integrado a dinâmicas inovadoras e canais multimídia que apoiam uma aprendizagem mais significativa –o uso da tecnologia reflete uma visão amadurecida e diferenciada sobre a personalização da educação. A capacidade de transformar dados em insumos pedagógicos – para a tomada de decisão – passa a servir ao professor. Na prática, entre outros recursos, a plataforma criada pela Geekie oferece uma série de exercícios online, integrados ao conteúdo central. A partir desse estágio, os dados de desempenho de cada aluno são capturados, sistematizados e devolvidos para os educadores de forma que, a partir das informações, seja possível tomar ações pedagógicas mais assertivas e direcionadas ao perfil de cada aluno. Os alunos e professores passam a ter disponíveis todos esses recursos tecnológicos, pedagógicos e metodológicos.

Um novo olhar para o professor

A parceria da Geekie com os professores lança um olhar para o futuro da escola, explorando maneiras de aprofundar o envolvimento do aluno, despertar o desejo de pensar de forma crítica e criativa – e auxiliar o docente nesse processo. Uma das atividades da Geekie voltada para professores – dentro do Geekie One– é o programa de desenvolvimento profissional em metodologias ativas.

A iniciativa oferece suporte para que educadores empreendedores possam construir escolas inovadoras, únicas e diferenciadas alinhadas às necessidades e interesses de cada estudante. Em workshopse acompanhamento para o desenvolvimento profissional de docentes multiplicadores, a equipe da empresa – que tem por pilares o conteúdo significativo e a aprendizagem ativa e direcionada por dados – impulsiona a autorreflexão sobre a estratégia escolar e o uso da tecnologia com intencionalidade pedagógica e a experimentação de metodologias ativas.

 Um exemplo de rotina ativa adotada pela Geekie e passadas para os professores – adaptada a partir do Project Zero, iniciativa fomentada pelo filósofo Nelson Goodman, da Universidade de Harvard – é o “Pensar, Ouvir e Debater”. Nela, o centro está em discussões de temas que costumam gerar posicionamentos bilaterais. A partir de uma pergunta, os alunos são encorajados a pensar, tomar nota dos argumentos mediante uma reflexão individual; o professor pode fornecer textos-base para dar alicerce às opiniões. A segunda etapa, ouvir, é feita depois da reflexão individual; o momento é de criar dois círculos concêntricos na sala de aula, no qual cada um terá um argumento contrário ao outro. Em rodadas de dois minutos, um membro do círculo – de frente para o outro – vai expor os argumentos enquanto o interlocutor somente escutará. Na sequência, troca-se o papel de ouvinte. Em debater, após o processo de escuta na roda, a turma é convidada a se dividir em dois grupos – de acordo com a conclusão individual e agrupando-se em posicionamentos – para falar sobre as conclusões. Membros de cada grupo, eleitos pelos demais, farão a apresentação das conclusões e argumentos para a sala. Finalizado o debate, a turma se reúne para as conclusões.

Uma outra metodologia ativa desenvolvida é a Rotação por Estaçõesque consiste em montar ilhas temáticas de aprendizado, com propostas de atividades que abordam diferentes perspectivas sobre tema da aula. Os professores utilizam um critério com intencionalidade pedagógica para a divisão da sala em grupos, um exemplo comum é o grau de apropriação que o aluno tem sobre determinado assunto. Neste exemplo, a decisão do professor deve ser baseada em dados e evidências sobre esse conhecimento do aluno. Os grupos podem rotacionar e a dinâmica pode acontecer em uma aula ou em uma sequência de várias – dependendo do conteúdo, da intenção escolhida para divisão dos grupos e do nível de aprofundamento dos alunos no tema. A proposta é que, ao final da dinâmica, todos os alunos atinjam o nível de compreensão esperado – e que alguns alunos ainda vão além. A cada abordagem de temas diferentes, os alunos estarão em grupos diferentes. 

Segundo Kamila Drequeceler, professora do Colégio Magister e participante do programa conduzido pela Geekie, é muito importante ter reuniões, palestras e cursos de formação continuada durante o ano; essas atividades fazem com que o professor possa melhorar cada vez mais. “A cultura de aprendizagem ativa e ensino é muito nova para o professor. Os docentes de hoje não foram formados nesse contexto. Quando eu era aluna, por exemplo, o tipo de aula era essencialmente expositiva. Então, atualmente, para dar uma aula com metodologia ativa que fuja do tradicional significa, para o professor, sair da zona de conforto. É um processo valorizado pelo docente”, afirma.

Paula Gonçalves, coordenadora do programa de Desenvolvimento de Metodologias Ativas da Geekie, salienta que os professores brasileiros têm alguns desafios para investir na educação continuada. “Há o desafio do tempo disponível para investir no aprimoramento profissional e, muitas vezes, o custo envolvido. No entanto, há uma série de cursos onlines e e-books gratuitos que auxiliam o educador nessa empreitada”, salienta Paula, que indica alguns sites, que contam com conteúdos de qualidade disponíveis para o professor.