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Profissionais da saúde cobra segurança após médica ser baleada

Médica foi baleada na noite desta quinta, após sair do plantão.

Em 15/09/2017 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Profissionais e estudantes da área da saúde organizaram um protesto contra a insegurança na manhã desta sexta-feira (15), na frente do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em Maruípe, Vitória. A manifestação foi marcada após a médica oncologista Milena Gottardi Tonini Frasson ter sido baleada ao sair do trabalho, na noite desta quinta-feira (14), no estacionamento da instituição.

A fisioterapeuta Michelle Maia, de 42 anos, reclamou da insegurança na hora da equipe sair de madrugada do trabalho no Hucam.

"Falo em nome da equipe de fisioterapia, pois foi orientado pelo nosso Conselho cumprir uma carga de 18 horas e a equipe de fisioterapia intensivista sai daqui 1h da manhã, e é desumano isso. A gente já até protocolou uma ação para tentar mudar essa situação, mas não estamos conseguindo. No horário que a gente sai, não tem ninguém na rua. Quem não tem carro particular, tem que voltar pra casa de Uber, táxi, não tem um transporte do hospital que leve a gente pra casa", disse à rádio CBN Vitória.

O enfermeiro Manoel Ferreira, de 54 anos, contou que foi agredido e sofreu uma tentativa de assalto há poucos meses dentro da área do hospital.

"Busquei todos os meios de atendimento, de socorro, dentro da área do hospital, mas não me deram assistência. Consegui ajuda da Polícia Militar, que prendeu o assaltante, mas na delegacia ele foi liberado. A direção do hospital tem conhecimento desses casos, mas nada foi feito. São coisas que acontecem no nosso dia a dia e que a gente não entende, tem uma guarita que serve só de enfeite. Tenho colegas que já foram assaltados na área do hospital também, nosso efetivo de segurança é muito deficitário", alegou.

CRM

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Espírito Santo, Carlos Magno Pretti Dalapicola, disse ao portal Gazeta Online ficou surpreso ao saber que a médica Milena Gottardi Tonini Frasson havia sido baleada na saída de um plantão no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), em Vitória.

"É uma lástima. Muitos colegas que trabalham em periferias reclamam de agressões verbais e até físicas, como foi o caso do PA de Alto Lage. Mas acho que a gente nunca tinha tido uma experiência tão ruim. A gente lastima muito essa situação. Os cidadãos estão inseguros até nos seus locais de trabalho", disse.

Sindicato dos médicos

O presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, classificou o crime contra a médica Milena Gottardi Tonini Frasson como "tragédia desesperadora".

"Não por falta de aviso. Um colega de profissão sofreu uma violência em seu ambiente de trabalho, um atentado contra sua vida. Em meio a esse caos, a essa desesperadora tragédia, buscamos apoiar a família da profissional de medicina que coloca sua vida em risco diariamente para salvar a vida de seu próximo", afirmou Otto.

O Simes também fez questionamentos aos órgãos públicos sobre a falta de segurança nos hospitais, amplamente denunciada por médicos e também pela entidade.

"Qual a solução para este problema? Até quando um médico terá que colocar, literalmente, sua vida em jogo para cuidar de seu povo? A violência está escancarada, a segurança já não existe e a população ficará desassistida até que as providências sejam tomadas."

Saúde da médica

O estado de saúde da médica Milena Gottardi Tonini Frasson, baleada na cabeça dentro do estacionamento do Hospital das Clínicas (Hucam), é extremamente grave. A informação é da assessoria da Unimed Vitória, atualizada na manhã desta sexta-feira (15).

Por meio de nota, o hospital onde a médica oncologista pediátrica está internada informou que ela passou por uma cirurgia de urgência pela equipe de neurocirurgia, e que após o procedimento, o quadro foi de instabilidade durante toda a madrugada.

Esta está internada em um quarto de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O crime

De acordo com informações iniciais de testemunhas, a médica foi ferida no que seria uma tentativa de assalto. A Polícia Civil está investigando o caso.

Uma funcionária que testemunhou o crime contou à TV Gazeta que as duas saíam juntas do hospital e estavam chegando perto do carro da vítima quando um homem as abordou.

"Depois que batemos o ponto, eu me ofereci para acompanhar ela até o carro, para ela não ir sozinha. Quando passamos, tinha um rapaz parado em pé, com o rosto descoberto, normal, mexendo no celular se não me engano. Ao chegarmos ao carro, ela abriu o porta-malas, jogou a bolsa dentro, e em questão de segundos o rapaz nos abordou. Ele falou 'passa o celular, passa a chave e as duas pra dentro do carro, já'", lembrou a colega.

A funcionária disse que percebeu que o criminoso estava confuso e que disparou os tiros mesmo sem qualquer reação delas.

"Nos viramos para entrar dentro do carro e não falamos nada, apenas obedecemos. Foi nessa hora que ele pegou e deu três disparos. Eu estava de frente pra ele, mas ela estava entrando no carro na hora, então ela caiu de frente. Na mesma hora ele já pegou uma moto e desceu a ladeira a mil. Na hora eu não percebi direito que ela tinha sido baleada, achei que ela tinha se abaixado", disse.

A colega acredita que o criminoso não mirou na médica Milena. "Como ela é mais alta, acho que ela ficou mais exposta. Nós estávamos coladinhas, juntas pra entrar no carro", falou.

A vítima recebeu os primeiros socorros no local e foi levada de ambulância para o hospital particular de Vitória em estado grave, segundo a Polícia Militar. Ainda não há informações sobre os criminosos.

(Foto: Kaique Dias/CBN Vitória)