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Programa de pós em inovação une pesquisa com setor produtivo

O programa destinou aos alunos da Universidade cerca de R$ 2,2 milhões em bolsas.

Em 17/11/2020 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Foto: Reprodução/UNESP

 Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação está capacitando 66 bolsistas da Universidade

O Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação (MAI/DAI) da Unesp, em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), está capacitando 66 estudantes bolsistas da Universidade para a pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e de inovação junto ao setor produtivo.

Nesta semana, o CNPq divulgou o resultado final do Edital (CNPq Nº 12 - 2020) do Programa MAI/DAI e contemplou a Unesp com sete bolsas de doutorado, sete bolsas de mestrado e outras 42 bolsas de Iniciação Tecnológica e Industrial (ITI, nível A), em parceria entre programas de pós-graduação da Unesp e nove empresas parceiras. Os 56 estudantes contemplados neste ano se somam aos dez doutorandos da Unesp contemplados em 2019, no primeiro edital do gênero lançado pelo CNPq.

No total, o programa destinou aos alunos da Universidade cerca de R$ 2,2 milhões em bolsas, nos dois últimos anos, sendo cerca de R$ 1 milhão em 2019 e R$ 1,2 milhão em 2020.

O Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação tem como objetivo fortalecer a pesquisa, o empreendedorismo e a inovação, por meio do envolvimento de estudantes de pós-graduação e também de graduação em projetos de interesse do setor empresarial, mediante parceria com empresas privadas. 

“Para ser credenciada no programa MAI/DAI a empresa deve celebrar um acordo de compartilhamento de propriedade intelectual com a Unesp (celebrado pela Agência Unesp de Inovação), que objetiva a realização de atividades conjuntas de desenvolvimento de tecnologia, produto ou processo” afirma o professor José Alcides Gobbo Junior, assessor da pró-reitoria de pós-graduação da Unesp.

Nesse programa, o bolsista desenvolve sua dissertação ou sua tese com o apoio de um orientador acadêmico, indicado pela Universidade, e de um supervisor relacionado pela empresa parceira. Além disso, parte das atividades da pesquisa deve ser realizada utilizando infraestrutura da própria empresa parceira.

“É o segundo ano que submetemos e nossa proposta é contemplada. É muito importante para a Unesp estar vinculada ao setor produtivo. Por muitos anos, a pós-graduação preparou os alunos apenas para a academia. Essas propostas contempladas são projetos acadêmicos voltados à resolução de demandas reais, das empresas”, afirma a professora Telma Teresinha Berchielli, pró-reitora de pós-graduação da Unesp.

Além de proporcionar boas perspectivas de inserção no mercado de trabalho para os estudantes participantes do programa, a ideia do MAI/DAI é que a parceria com o setor produtivo gere trabalhos acadêmicos de aplicação prática e com transferência de conhecimento para a sociedade, com impactos socioeconômicos palpáveis.

“O programa é a materialização do que chamamos de tripla hélice da inovação: o governo fomentado política de bolsas, a universidade gerando conhecimento e recursos humanos para desafios reais da sociedade e as empresas trazendo suas problemáticas e absorvendo esse conhecimento e esses recursos humanos. Essa relação vai gerar empresas mais competitivas e a universidade vai ganhar aportes de recursos e formar recursos humanos mais preparados para o mercado”, afirma o professor Guilherme Wolff Bueno, da Agência Unesp de Inovação e coordenador do programa na Unesp.

O programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação da Unesp foi construído mediante uma parceria entre a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (Propg), a Pró-Reitoria de Pesquisa (Prope) e a Agência Unesp de Inovação (Auin). “Um dos desafios que temos hoje é ter uma pós-graduação mais próxima do setor produtivo e essa bolsa justamente coloca o aluno dentro de uma empresa, tratando de problemas”, diz o professor Carlos Graeff, pró-reitor de pesquisa da Unesp.

“Outro aspecto relevante é que, uma vez inserido no ambiente da empresa, o aluno tem mais chances de empregabilidade, o que é fundamental para abrir novas perspectivas para a carreira dele”, afirma.

Know-how compartilhado

Orientador na Unesp de uma tese de Doutorado Acadêmico para Inovação (DAI), o professor Giovani Gozzi, do Departamento de Física do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), câmpus de Rio Claro, acredita que o programa agrega dimensões comerciais e industriais às atividades de pesquisa, abrindo novas perspectivas acadêmicas.

“Posso desenvolver uma nova tecnologia cuja matéria-prima não pode ser fornecida na escala necessária para que ela se torne uma tecnologia comercial. É muito difícil solucionar esse tipo de restrição apenas com o conhecimento da academia. A gente precisa fazer uma efetiva troca de conhecimento com a indústria e isso é interessante porque reformula nossas práticas, cria novos requisitos e gera novos conhecimentos. Traz um know-how que está na indústria para dentro da academia, o que auxilia em uma formação para o estudante que participa deste tipo de projeto muito mais próxima com aquela do ambiente de trabalho”, diz o docente. (Por Fabio Mazzitelli - ACI Unesp)