ECONOMIA NACIONAL

Projeções do mercado para o crescimento do PIB de 2018 caíram

Há 1 ano, o mercado projetava um cenário bem mais otimista para o final de 2018.

Em 31/12/2018 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Divulgação

O ano de 2018 foi bem pior para a economia do que o mercado previa há 12 meses. No início de janeiro, os analistas miravam um crescimento próximo a 3%, mas acabaram desviando os palpites para mais perto de 1%, segundo o último boletim Focus do ano, divulgado nesta segunda-feira (31). Por outro lado, eles foram certeiros ao prever que os juros não voltariam a subir e que a inflação ficaria em um patamar confortável.

As projeções de mais de 100 analistas são divulgadas toda semana pelo Boletim Focus, do Banco Central, com uma mediana das previsões para o PIB, juros, inflação, balança comercial e investimento estrageiro direto (IED). Ele serve como uma “bússola” para orientar investidores e empresas sobre o futuro.

Via de regra, as previsões do Focus demoram um pouco para refletir o que está acontecendo com a economia em dado momento, lembra o pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Marcel Balassiano.

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"Por ser uma mediana de muitas instituições do mercado, qualquer mudança de cenário aparece de forma mais lenta. Para o Focus mudar, a mediana de todas as instituições tem que mudar antes", afirma.

Acidentes de percurso levaram os economistas a corrigirem bastante as avaliações positivas ao longo do ano. O mais impactante foi a greve dos caminhoneiros, que provocou uma inesperada crise de desabastecimento e piorou todos os indicadores da economia, em efeito cascata.

Foi também a imprevisibilidade da disputa eleitoral que corrigiu as expectativas no segundo semestre, em meio a temores de que um futuro governo pudesse abandonar a agenda de reformas, vistas como necessárias para sanar o déficit fiscal.

Veja as projeções do mercado para a economia em 2018:

PIB

  • Previsão em janeiro: 2,70%

  • Previsão no fim de 2018: 1,30%

O otimismo que marcou o início de 2018 em relação à economia foi reduzido aos poucos por eventos inesperados e por uma disputa eleitoral cercada de incertezas. Começou com previsões de um crescimento próximo a 3% e terminou do ano prevendo um PIB pouco acima de 1%. O resultado só será divulgado em março de 2019.

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As projeções do mercado para o PIB ficaram estáveis no primeiro trimestre, começaram a piorar a partir de abril, mas a queda repentina veio no final de maio, quando foi deflagrada a greve dos caminhoneiros.

Mas mesmo antes da paralisação que freou a economia, os indicadores econômicos já vinham mostrando uma recuperação bem mais lenta do que se imaginava, aponta Balassiano, da FGV.

Na greve dos caminhoneiros, as projeções para o PIB que já vinham caindo praticamente foram cortadas pela metade. "Apesar de a greve ter tido um efeito pontual na economia, a atividade foi prejudicada no dado agregado do ano”, diz o pesquisador.

Durante as eleições, as estimativas estacionaram e chegaram até a melhorar com a perspectiva de que o próximo governo estaria comprometido com uma agenda reformista. No entanto, o fraco crescimento do PIB no terceiro trimestre fez os economistas voltarem a projetar uma expansão menor para 2018.

Câmbio

  • Previsão em janeiro: R$ 3,34

  • Cotação no fim de 2018: R$ 3,8742

Uma série de eventos desencadeados ao longo de 2018 fez o dólar a terminar bem mais valorizado frente ao real do que se previa 12 meses atrás. Na primeira semana de janeiro, o mercado acreditava que a moeda quase não oscilaria e encerraria o ano a R$ 3,34. Se isso de fato ocorresse, seria uma valorização de apenas 0,90% em 2018.

Mas o que se viu foi uma moeda muito volátil e com forte tendência de alta, que acabou subindo 17% no ano, negociada a R$ 3,8742na última sessão de 2018.

Para o especialista em câmbio da NGO Corretora, Sidney Nehme, o patamar estimado em janeiro era “irrealista” e apontava um otimismo exagerado do mercado.

“Um dólar a R$ 3,34 seria incompatível com a situação atual do país”, afirma Nehme.

O principal motivo para o mercado ter esperado um câmbio tão estável era a expectativa de que a reforma da Previdência (vista como a única saída para reduzir o rombo fiscal) seria aprovada ainda no primeiro semestre – o que não aconteceu.

Além disso, a greve dos caminhoneiros no meio do ano adicionou novas incertezas sobre a recuperação da economia e a guerra comercial entre Estados Unidos e China pressionaram ainda mais a alta do dólar.

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As incertezas da disputa eleitoral, entre agosto e outubro, levaram a moeda norte-americana a fortes oscilações, chegando a quase bater no pico histórico de R$ 4,20. Naquele período, observou-se um movimento especulativo do mercado que não descartava um dólar a R$ 5.

“O mercado errou nesse movimento porque, ao contrário de períodos eleitorais anteriores de grande incerteza, o Brasil hoje tem reservas cambiais suficientes para pagar sua dívida e nenhum risco de uma crise cambial”, afirma Nehme, da NGO.

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O especialista aponta que o patamar atual do dólar, em torno de R$ 3,90, inclui um “prêmio de risco” pelas incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência e como será feita, que podem perdurar no primeiro semestre do próximo ano.

Inflação

  • Previsão em janeiro: 3,95%%

  • Previsão no fim de 2018: 3,69%

A inflação fechada de 2018 será divulgada no dia 11 de janeiro, mas já se sabe que ela deverá vir bem próxima do que previa a média dos economistas um ano atrás. Apesar de as previsões iniciais e finais terem se aproximado, as estimativas para a trajetória dos preços variaram bastante ao longo do ano, impactadas por surpresas inflacionárias.

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Segundo Balassiano, da FGV, alguns eventos pressionaram os preços para cima e para baixo. “A partir de abril, percebeu-se que a inflação estava mais fraca do que se esperava, mas logo a greve dos caminhoneiros desabasteceu a economia e jogou a inflação para cima”, recorda.

Em junho, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) bateu o pico de 1,26%, influenciado pela queda temporária na oferta de produtos e serviços. “Apesar de ser sido um evento pontual, ele teve esse efeito para o dado do ano”, explica Balassiano.

Outro fator que provocou mudanças nas projeções de preços foi a forte volatilidade do câmbio. Um dólar mais forte, graças a fatores externos (tensão comercial) e internos (disputa eleitoral), levou os economistas estimarem uma inflação em torno de 4,5%, no centro da meta.

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Mas logo após as eleições, o câmbio voltou à tendência de baixa e a fraqueza da economia leve efeito nos preços. A inflação voltou a arrefecer e chegou a ser negativa em novembro. “Foi uma surpresa, ela veio maior do que se esperava”, diz Balassiano.

Selic

  • Previsão em janeiro: 6,75%

  • Taxa no fim de 2018: 6,5%

2018 foi ano de Selic quase estável, com previsões bem próximas do cenário no final do ano. O mercado esperava em janeiro que o BC levaria a taxa básica a 6,75% em sua última reunião do ano – mas ela terminou a 6,5%, na sétima manutenção seguida. Há 12 meses, a Selic estava em 7% ao ano.

“Em março foi feito um corte até maior do que se esperava, e então a taxa ficou constante o ano inteiro”, lembra Balassiano, da FGV, citando o fim de um longo ciclo de baixa que começou em outubro de 2016, quando ela estava no patamar de 14,25%.

Entre março e abril, os economistas até chegaram a estimar que os juros seriam cortados a 6,25%, mas os choques do câmbio, motivados por fatores externos (tensão comercial e crise dos emergentes) e internos (em grande parte a greve dos caminhoneiros) seguraram a taxa a 6,5%.

Apesar da forte volatilidade do dólar no segundo semestre, a inflação ficou comportada e deu espaço para o BC manter os juros.

“Existia uma perspectiva de que, caso o resultado das eleições fosse desfavorável no sentido de não saírem as reformas fiscais, os juros poderiam voltar a subir após o segundo turno, mas isso não aconteceu”, diz Balassiano.

Balança comercial

  • Previsão em janeiro: Superávit de US$ 52 bilhões

  • Previsão no fim de 2018: Superávit de US$ 57,1 bilhões

A balança comercial deverá ter um resultado melhor do que se esperava em janeiro passado, ainda assim, o desempenho será inferior aos US$ 63,2 bilhões em 2017.

As exportações brasileiras foram beneficiadas em 2018 por uma mudança de postura do governo brasileiro frente a parcerias comerciais, e também pela tensão entre Estados Unidos e China, destacou o economista e professor de comércio exterior das Faculdades Rio Branco, Carlos Stempniewski.

“De maneira muito sutil, o governo começou a deixar de lado a questão do Mercosul e foi em direção a demandas bilaterais, como a questão da exportação de carne para o Oriente Médio, que teve uma significativa melhora nas exportações”, afirma. As exportações de carne bovina bateram recorde este ano.

Outro ponto que beneficiou o comércio brasileiro foi a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, que passaram a aplicar tarifas sobre produtos importados de ambos países. A imposição de sobretaxas à soja . Os asiáticos, maiores consumidores mundiais de soja, passaram a comprar mais do mercado brasileiro, já que suspenderam as compras de soja americana.

“Um número maior de chineses começou a olhar o agronegócio brasileiro”, diz Stempniewski. Segundo ele, as exportações de milho de qualidade também cresceram substancialmente, beneficiando a balança brasileira.

IED (Investimentos Estrangeiros Direto)

  • Previsão em janeiro: US$ 80 bilhões

  • Previsão no fim de 2018: US$ 75 bilhões

O investimeno estrangeiro no Brasil veio abaixo do que se esperava, mas ainda assim terá um desempenho melhor que em 2017, quando o Brasil teve uma entrada de US$ 62,7 bilhões em recursos de fora.

O ano foi marcado pela entrada maçiça de investimentos chineses no Brasil, sobretudo na área de energia de transmissão e energia eólica, aponta o professor de Comércio Exterior Carlos Stempniewski.

“A China foi fundamental para trazer investimentos ao Brasil e hoje somos muito mais dependentes dela para investimentos do que os EUA”, afirma o professor da Rio Branco.

No primeiro semestre, o país asiático substituiu os EUA como principal destino do investidor estrangeiro com US$ 70 bilhões em ingressos, aumento de 6%, após a reforma tributária de Donald Trump ter feito as empresas abandonarem projetos estrangeiros e repatriarem recursos do exterior.