ESPORTE NACIONAL

Promotor pede extinção de torcidas organizadas após morte em SP.

Homem foi atingido por bala perdida após confronto entre torcidas.

Em 04/04/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Neste domingo, antes do clássico entre Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu, brigas entre torcidas organizadas provocaram uma morte e acabaram com 25 presos. Os conflitos aconteceram em São Miguel Paulista, Guarulhos e na estação de metrô do Brás. Em entrevista ao "Troca de Passes", o promotor Paulo Castilho, do Ministério Público de São Paulo, afirmou que só vê uma solução para o problema da violência das organizadas: a proibição de sua existência.

- Uma coisa que a gente tem certeza de que facilitaria o nosso trabalho seria a implantação da tornozeleira eletrônica, para poder controlar e manter esse torcedor violento longe das praças esportivas. Estudo isso há 12 anos, conheci outros países, outras legislações. A verdade é que o país é muito grande, é uma população de mais de 200 milhões, e esses jovens insistem em se agrupar para o mal. Isso não tem como permitir. Hoje, não consigo vislumbrar outra saída que não seja a extinção, a proibição da existência de torcida organizada. A não ser que eles fossem vinculados ao clube, sócios do clube. A verdade é essa. Quando eles se juntam, se comportam de maneira reprovável, de maneira que desrespeita a lei e todos os cidadãos de bem - disse o promotor.

Paulo Castilho afirmou que as organizadas estão apenas levando terror para comerciantes e para jogadores e comissões técnicas dos clubes.

- Isso é uma violência urbana, um problema social, e você tem que coibir no macro. No micro, individualmente, o Estado sempre faz. O que você tem são verdadeiras organizações criminosas, atuando para levar o terror, a violência, para saquear postos de gasolina, para intimidar comissão técnica, jogadores, as agremiações. Por isso, eu penso que não tem como permitir que essa entidade subsista. Ela tem que ser fechada, tem que ser extinta. Esses jovens não estão se associando para uma causa boa. É um problema complexo.

O promotor comparou as torcidas organizadas com grupos terroristas e afirmou que não há como impedir, em uma grande cidade, que as pessoas se juntem com o objetivo de cometer crimes.

- O Estado está identificando, punindo, processando. Mas não tem como controlar essas pessoas, associadas para praticar crimes, em uma Grande São Paulo, com 15 milhões de pessoas. Como você não consegue evitar que uma pessoa se una para o mal em um atentado terrorista. É o que eles estão fazendo. A exemplo de um homem bomba, eles planejam um atentado, uma emboscada, depredam e se matam. Cabe a você identificar as pessoas e punir. Mas isso não é o suficiente para coibir esse movimento de torcida organizada. Temos feitos isso, e não está sendo suficiente. Eles são muito maiores. Devemos pensar em uma punição, uma extinção, dessa associação. Eles não podem existir como eles estão se organizando. O problema é mais complexo que prender um ou outro e afastar do estádio de futebol.

Paulo Castilho afirmou que, atualmente, as torcidas organizadas estão sendo controladas e investigadas com maior rigor. No entanto, ele reforça a ideia que a melhor solução seria acabar com as organizadas e diz acreditar que o pensamento é compartilhado pela maioria da sociedade.

- Foi criada a delegacia especializada, foi criado o juizado do torcedor. No estado de São Paulo, você conseguiu levar a praticamente zero a violência no entorno e dentro do estádio. Essas torcidas hoje sofrem uma repressão muito maior. Elas têm sido processadas, afastadas do estádio, torcedores são presos. Eles estão testando o sistema. Se eles estão praticando esses atos de violência de maneira coordenada, você tem que pensar na própria subsistência dessas entidades. Muito tem sido feito, muitas investigações estão em andamento, temos inquéritos em sigilo. Você tem uma demanda represada que precisa ser revista, a sociedade precisa ver se quer ou não essa torcida organizada. Eu tenho certeza de que, em uma eventual consulta em um plebiscito, a esmagadora maioria diria que não quer mais torcida organizada - considerou.

Em campo, o Palmeiras venceu o Corinthians por 1 a 0, com gol de Dudu, aos 32 minutos do segundo tempo, e assumiu a liderança do Grupo B, com 21 pontos. A derrota não mudou a posição do Timão, que lidera o Grupo D com 32. Os dois voltam a jogar quarta-feira, às 21h45, pela Libertadores. O Corinthians encara o Santa Fe, na Colômbia, enquanto os alviverdes visitam o Rosario Central, na Argentina.

Fonte: SPORTV