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Protesto contra imigrantes tumultua homenagem às vítimas em Bruxelas.

Polícia belga cercou grupo e o afastou das flores deixadas em praça belga.

Em 27/03/2016 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

Manifestantes de direita perturbaram o clima de luto que cercava o memorial em homenagem às vítimas dos atentados, na Place de La Bourse, em Bruxelas, na Bélgica, na manhã deste domingo (27). Saudações nazistas foram vistas no local e um grupo cantou slogans contra a imigração, de acordo com a CNN.

A polícia, com homens enfileirados e carregando escudos, cercou os manifestantes e os afastou das velas e flores que foram deixadas no na praça. O clima ficou bastante tenso. Os manifestantes foram empurrados aos poucos para uma rua onde os caminhões com canhões de água estavam. Os jatos foram acionados e eles se dispersaram.

Neste domingo, os belgas continuavam a prestar homenagens em silêncio às vítimas nesta manhã tranquilamente, sob os olhares atentos da polícia, até a chegada do grupo de manifestantes. Intimidadas, muitas pessoas se afastaram da praça e, só após a ação policial, eles conseguiram voltar a se aproximar do memorial.

Os belgas foram convencidos pelas autoridades a suspendar "marcha contra o medo", programada para este domingo de Páscoa, em razão da ainda elevada ameaça terrorista.

O primeiro-ministro belga, Charles Michel, condenou o protesto. "É altamente inapropriado que os manifestantes interromperam a reflexão pacífica que acontece no Bourse (a bolsa de valores). Condeno veementemente esses distúrbios", disse ele, segundo a agência de notícias Belga, segundo a Reuters.

O prefeito de Bruxelas, Yvan Mayeur, atacou os manifestantes e disse que eles chegaram a Bruxelas de outras cidades, em particular da Antuérpia. "Estou chocado com o que aconteceu, em ver que esses canalhas vêm aqui para provocar as pessoas no seu local de homenagem", disse.

Caça aos terroristas
Neste domingo, a polícia dava continuidade às operações antiterroristas em Bruxelas e outras cidades, como Mechelen e uma em Duffel. Nove pressoas foram detidas, mas apenas quatro permaneceram presas, de acordo com a Associated Press.

Investigações
Paralelamente, as investigadores ainda tentam confirmar se o suspeito indiciado em conexão direta com os ataques jihadistas de terça-feira (22), Faisal Cheffou, é, como acreditam, "o homem de chapéu" que plantou uma bomba no aeroporto de Bruxelas-Zaventem ao lado de dois homens-bomba, Ibrahim El Bakraoui e Najim Laachraoui.

Esses dois homens, bem como o suicida do metrô de Bruxelas, Khalid El Bakraoui, estão intimamente relacionados com os autores dos ataques de Paris em 13 de novembro.

Uma prisão na Itália e uma nova acusação na Bélgica ilustraram, mais uma vez, a estreita ligação entre as redes jihadistas francesa e belga, que veio à tona com os ataques que mataram 130 pessoas em 13 de novembro em Paris e em Bruxelas na terça.

Um argelino de 40 anos, Jamal Eddin Wali, foi preso no sábado na Itália, a pedido dos tribunais belgas. Ele é suspeito, segundo a imprensa italiana, de envolvimento na falsificação de documentos usados por membros dos comandos de Paris e Bruxelas.

Novo caso franco-belga
Enquanto isso, um segundo suspeito foi acusado na Bélgica no âmbito de uma outra investigação, sobre o plano frustrado de ataque na França, segundo informou neste domingo a procuradoria federal belga.

O indiciamento de Abderamane A. por "participação num grupo terrorista", soma-se, neste novo caso franco-belga, ao de Rabah N.

Preso na quinta-feira perto de Paris, o principal suspeito deste plano de ataque, o ex-ladrão francês Reda Kriket, de 34 anos, segue em prisão preventiva na França. Armas e explosivos foram encontrados em um apartamento nos subúrbios de Paris depois de sua prisão.

Contra a parede'
A medida que a difícil tarefa de identificação das vítimas progride, o perfil dos mortos começa a ser esboçado. Jovens belgas, como o estudante de marketing Bart Migom, de 21 anos, que visitaria sua namorada nos Estados Unidos, ou Leopold Hecht, de 20 anos, cuja família doou seus órgãos na esperança de que possa "salvar uma vida".

Mas também, nesta cidade cosmopolita, expatriados, como os americanos Justin e Stephanie Shults, um jovem casal de 30 anos que se estabeleceu na capital europeia, assim como a italiana Patricia Rizzo, de 48 anos, que trabalhava em uma agência do Conselho Europeu de investigação.

Também há entre as vítimas passageiros em trânsito, como Elita Weah, de 41 anos, uma refugiada da Libéria que adquiriu a nacionalidade do seu país de adoção, a Holanda, onde era voluntária em um lar de idosos, e que ia para o funeral de seu padrasto nos Estados Unidos.

"É uma dor que não se pode descrever. Eu compartilho com todas as famílias das vítimas em Paris, Túnis e em outros lugares", declarou o jornalista belga Michel Visart, que perdeu sua filha Lauriane na explosão no metrô, à televisão RTBF para a qual trabalha.

"Eu acredito que a construção de muros, a exclusão ou o ódio significam ir contra a parede", declarou, lançando um apelo ao "respeito", à "tolerância" e ao "amor".

Fonte:G1