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Qualidade do ar no Rio e em São Paulo está nos níveis de 2004

A pesquisa constatou que as duas cidades têm níveis muito semelhantes.

Em 09/01/2015 Referência CORREIO CAPIXABA - Redação Multimídia

O Projeto Fontes, coordenado pela  Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, apurou que os números registrados  no ano passado de material  particulado fino - fração da poluição mais nociva à saúde humana - foram iguais aos verificados  em 2004. Participaram  também do levantamento equipes do Centro de Pesquisas da Petrobras, dos institutos de Física e de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da  Universidade de São Paulo (USP) e  do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

A pesquisa constatou que as duas cidades têm níveis muito semelhantes de material particulado fino, o que desmente a tese que uma é mais poluída que a outra. O diretor do Departamento de Química da PUC-RJ, professor José Marcus Godoy, avaliou hoje (9), em entrevista à Agência Brasil, que o resultado foi positivo. “Você teve fatores positivos e negativos que se anularam. Teve um aumento muito grande da frota [de carros] nos últimos anos nas cidades, com os financiamentos a perder de vista, mas, por outro lado, essa frota é mais moderna e a qualidade do combustível também melhorou”.

No Rio de Janeiro, foi avaliado o material coletado na Praça Saens Peña, na Tijuca, zona norte da cidade; no Recreio dos Bandeirantes e em Jacarepaguá, zona oeste; e no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em São Paulo, o material foi coletado nas estações de amostragem localizadas na USP, na Escola de Saúde Pública, em Congonhas e no Parque do Ibirapuera.

De acordo com os resultados obtidos, as capitais dos dois estados atendem ao limite de material particulado fino definido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é 20  microgramas por metro cúbico (µg/m3). “As cidades e os estados têm como objetivo, no longo prazo, atingir o limite da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é 10  microgramas  por metro cúbico. Não se está muito longe (disso)”, ponderou Godoy.

Essa meta, insistiu, é perfeitamente factível, pois “ela está sendo atingida de cara, e acho até que alguma ambição a mais não faria mal”.  Alcançar a meta depende de atuação maior dos órgãos fiscalizadores, apontou. “O problema é que essa  fiscalização, na realidade, é muito falha. É só a gente andar na rua  e ver que há muito carro velho que os caras nem param, porque  o custo de levar para o depósito é maior do que o preço do carro. Você vê ônibus, caminhão, van mal regulados, soltando aquela fumaça preta. Se houver uma fiscalização efetiva nesses casos, rapidamente se atinge esses valores. Não se está longe. É só uma questão de correr um pouco atrás”, ressaltou.

O projeto teve patrocínio da Petrobras, no valor de R$ 4 milhões, e a estatal estim que há “boas perspectivas de se alcançar o limite de 10 microgramas por metro cúbico daqui a nove anos”. O diretor da PUC-RJ acredita, entretanto, que isso poderá ser alcançado antes desse prazo. “Depende de o estado e o município tomarem para si essa tarefa, ainda mais o Rio, como cidade olímpica”. Sugeriu, inclusive, que a prefeitura carioca aproveite os Jogos Olímpicos na cidade, em 2016, para promover campanha de conscientização  do cidadão, para que não saia à rua com carros que poluem, mal regulados, “e que os guardas de trânsito sejam orientados a efetivamente pararem esses carros”, recomenda.

Godoy insistiu que “o mote das Olimpíadas é boa oportunidade para uma campanha de conscientização. É só uma questão de vontade política”, reforçou.  Segundo ele, nada impede que o projeto seja expandido para outras regiões metropolitanas do país. Os equipamentos estão disponíveis. O que falta para tornar isso realidade é patrocínio, além de parceiros locais.

A redução de enxofre no diesel (desde 2011) e na gasolina (a partir deste mês), aliada à modernização da frota, que diminui a cada ano a emissão de gases poluentes, contribuem para manter a qualidade do ar similar à de 2004, mostra o estudo.

Fonte: Agência Brasil